Aproveitamento vs assédio…

Uma aspirante a diva em Hollywood em busca de carreira ou actriz procurando um papel que a imortalize e lhe dê fama à escala planetária, está longe de ser vítima, as vozes que de repente denunciaram sabiam muito bem ao que iam e o quanto poderiam ganhar em troca de favores de cama ou sofá, que na altura, não tiveram grande pudor em prestar…

Cansa ver agora tantos rostos angelicais, arrependidas por não terem falado mais cedo, convém no entanto ter presente que são actrizes, sabem representar, desempenhar um papel, para algumas este escândalo permitiu saírem do esquecimento, outras talvez tenham contas a ajustar, existindo ainda a velha questão salarial da diferença entre actores e actrizes no cinema, discussão que pouco interessa ao grande público, mas que voltou à agenda mediática nos últimos meses.
Mesmo sabendo que algumas pessoas progrediram e basearam toda a vida numa troca de favores, prática que sendo condenável não é ilícita, porque livre vontade entre partes, o verdadeiro assédio sexual é crime, importa combateê-lo, existe no dia a dia e não envolve pessoas mediáticas, mas cidadãos anónimos. No masculino e no feminino, porque os comportamentos censuráveis não têm exclusivo de género, mas andam associados ao abuso de poder. E são difíceis de provar, porque normalmente praticados longe de testemunhas. As suas terríveis consequências porém podem durar anos, destruir pessoas e carreiras.

Comments

  1. Concordo em absoluto consigo, António de Almeida, penso exactamente assim e não saberia expô-lo tão bem !

  2. Rui Naldinho says:

    Sim, António. Eu conheço essa velha máxima, “da mulher que não se coibiu em meter-se debaixo do diretor”, do patrão, ou qualquer outro senhor do dinheiro, para alcançar o tão desejado estrelato, seja no cinema, no teatro, na música, ou mesmo o almejado emprego, remunerado acima da média, que há muito estava nos seus sonhos.
    Engraçado é nós acharmos que tudo isso pode ser mais uma manipulação grosseira de algumas mulheres, sobre as fragilidades masculinas, esse espécime que tem o condão de ter “dois cérebros”, daí a “dupla personalidade do bicho homem”, uma coisa rara nos outros seres vivos, talvez por serem irracionais, achando que assediadas mesmo só são as “sopeiras ou as pataqueiras”, essas coitadas que procuram sustentar os filhos a qualquer preço, esmagadas pela opressão e exploração do capitalismo.
    Ao longo dos séculos, a construção do nosso tecido social assentou sempre em dois planos distintos e complementares. A supremacia do masculino sobre o feminino, e o das maiorias sobre as minorias. E isto serve para raças, etnias ou religiões. Como será natural, quem está na situação de subalternidade usa as armas que tem para se livrar do jugo do dominador. Sempre foi assim e assim será nas próximas décadas. Só uma mudança cultural pode pôr cobro a este cenário, do qual a violência doméstica é o seu expoente máximo.
    Não sei se algum dia alcançaremos esse patamar da racionalidade, mas admito que seja possível. Só depende de nós.

  3. Paulo Marques says:

    É uma tristeza, dantes um gajo metia a mão onde queria quando queria e batia quando o 0lb perdia, agora tem que pensar nas fêmeas como iguais. O que vale é que os tribunais portugueses ainda estão dois séculos fora do tempo.

  4. Luís Lavoura says:

    Exceelnte post.

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