Lindo, lindo, lindo! Grandiosa a força cívica de sair à rua em solidariedade, em prol de direitos. Em Espanha, mais de 5,3 milhões, mais de 120 manifestações. Que, para além de lindo, tenha o efeito profundo que almejamos, companheiras e companheiros! Foto e notícia TSF
Guterres, Crato e as suas sombras
Santana Castilho*
Num artigo publicado no Observador, Nuno Crato arguiu contra uma afirmação de António Guterres, feita a propósito do seu recente doutoramento honoris causa (“o que hoje fundamentalmente interessa no sistema educativo não é o tipo de coisas que se aprendem, mas a possibilidade de aí se aprender a aprender”), concluindo que “aprender a aprender, em vez de aprender, é o caminho direto para nada aprender, nem sequer aprender a aprender”.
Esta decantada polémica, na qual se projectam sombras negras de Guterres e Crato, é responsável por um erro de décadas, que tem partido ao meio o que só unido pode dar certo. Com efeito, as alterações que o sistema de ensino tem sofrido caracterizam-se ciclicamente por uma divisão de natureza bipolar: ora se hipervalorizam as ciências da Educação, com desprezo pelo valor intrínseco do conhecimento, ora se hipervaloriza o conhecimento puro, com ignorância daquelas. Ora se centra tudo no declarative knowledge (conhecimento “declarativo“, teórico, baseado no estudo dos factos) ora apenas se considera o procedural knowledge (conhecimento “processual“, prático, mesmo que o actor o não saiba explicar, mas tenha “competências”).
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A tal ponte concessionada, mas só na parte de recolher receita
É preciso considerável lata para um jornal dar voz a uma notícia plantada como esta. As pontes sobre o Tejo estão concessionadas à empresa dirigida pelo Ferreira Amaral, o ex-governante que foi para empresa que tutelou (sim, passado algum tempo, e então?). Mas parece que as PPP em causa só servem para recolher receitas, já que, para as obras de manutenção, é ao Estado que se apontam baterias.
Escreve o Público, em artigo não assinado, que o “caso foi detectado há três anos, revela ainda a Visão, que diz ainda que a empresa Infraestruturas de Portugal têm vindo a pedir, há pelo menos dois anos, uma intervenção, devido às fissuras graves na estrutura analisadas pelos técnicos“. Afinal o Estado, via a empresa responsável, tem feito alguma coisa. Falta saber se a IP pediu a quem de direito, à empresa que explora as duas pontes.
Claro que sacudir a água do capote e fazer pressão pública sobre o Estado é mais cómodo do que entrar com os 20 milhões necessários para as obras. Vamos ver se temos um governo à altura ou se, por outro lado, se vai posicionar como passador de cheques.
3.9 mil milhões de euros em cima de outros 3.9 mil milhões de euros
7.8 mil milhões será o montante injectado no Novo Banco quando o Estado português colocar mais 3.9 mil milhões de euros neste banco para cobrir as imparidades, aos quais se fala de ainda virem a ser precisos outros 400 milhõese para cenas e coisas. Esta injecção de dinheiro resulta do acordo com a Comissão Europeia para capitalizar o buraco Novo Banco, criado com a jura de nenhum português lá precisar de colocar um cêntimo.
É oportuno recordar as palavras do Governador do Banco de Portugal, do ex-primeiro-ministro Passos Coelho e de toda a tropa de comentadores da direita, David Dinis e Raúl Vaz incluídos, que lançaram louvores à decisão ímpar, segundo eles, de o Governador e o Governo de então terem tido a coragem de enfrentar Ricardo Salgado, tese repetida ad nauseum, quando da retirada de Passos Coelho do Parlamento, através da qual os soldadinhos de chumbo procuraram lançar o spin de ainda se estar para ver a dimensão do grande líder tecnoformado.
Mas esta já se vê, com efeito. Aí estão os quase dez mil milhões de euros para pagar uma solução que o Banco de Portugal achava ser a melhor e que obteve a concordância do governo Passos Coelho / Paulo Portas / Assunção Cristas, a tal que assinou de cruz na praia. Mas, como disse recentemente o ex-grande líder laranja, a reforma que ficou por fazer foi a do código do trabalho. Prioridades.
Aproxima-se outro candidato a buraco tapado pelos contribuintes: o Montepio Geral. Abram os olhos, portugueses. Ou então, caso contrário, prepararem-se para abrir a carteira.

Uma “convulsãozita”. Com facas
Foi assim que Rui Rio se referiu à novela mexicana no interior do grupo parlamentar do PSD, protagonizada por Fernando Negrão e por uma rebelião de deputados, munidos de catanas afiadas, que humilharam o ainda assim eleito novo presidente da bancada parlamentar do partido. Que acusaram Rio de traição e Negrão de comportamento “autoritário e fascizante”. Que aceitaram integrar a lista de Fernando Negrão para a bancada parlamentar, apesar de não lhe terem dado o seu voto. Que acusaram a nova direcção do partido de “desrespeito institucional grave”. Ainda bem que Negrão não cumpriu a promessa. Seria uma “convulsãozita” interessante de se ver. A capa d’O Inimigo Público diz tudo. Não terá sido à toa que o novo líder do PSD esperou quase três semanas para se reunir pela primeira vez com o grupo parlamentar.
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