Covidiotas “pela verdade”

Um tipo saudável, na casa dos 40/50 anos, que pratica exercício e corre a ocasional maratona, teve covid. A doença, que uma cambada de idiotas afirma não existir, destruiu-lhe os dois pulmões. Fui sujeito a um duplo transplante pulmonar. Safou-se. Outros não tiveram igual sorte. E outros, muitos outros, lutam contra as sequelas, como aquela jovem nadadora de 15 anos, que vi ontem no telejornal, e que nunca mais voltou à piscina, onde passava três horas por dia. Mas a cambada de idiotas, presumidos cientistas e especialistas em porra nenhuma, viram um vídeo no YouTube, feito por outro idiota de igual calibre, e descobriram a conspiração do século. Raispartam os covidiotas.

Importa clarificar que um idiota negacionista e um indivíduo normal que tem uma visão diferente sobre a forma como as medidas e o confinamento foram aplicados não são a mesma coisa. Com o segundo é possível ter um debate sério, com argumentos legítimos e estruturados, é possível divergir civilizadamente e encontrar pontos de convergência. Com o primeiro é inútil discutir, por se tratar de alguém que recusa arrogantemente a evidência científica, e que come qualquer merda fedorenta que os mujahedines pela verdade arrotam nas redes. Debater com idiotas, regra geral, é perda de tempo. Com idiotas destes, dispostos a colocar em risco a vida dos outros para fazer valer o seu patético pseudo-argumento chanfrado, ainda mais. Fazia falta uma vacina contra esta gente.

Comments

  1. helena paula vicente ramos says:

    É que uma das sequelas é o afetar do cérebro!!!!

  2. Filipe Bastos says:

    Sabe o que mais fomenta aquilo a que chama covidiotas, João Mendes, ou teorias da conspiração em geral? Antes de mais, o termo ‘negacionista’. Sempre que o ouço tenho vontade de filiar-me na Sociedade da Terra Plana.

    O zelo covideiro deste post também não ajuda. Ora repare. Fala de um homem de 40 anos e uma jovem de 15 anos. Mas quantos em Portugal tiveram covid? Oficialmente quase um milhão, na verdade muitos mais. E quantos tiveram questões tão graves? Quantos foram sequer hospitalizados?

    Para os casos graves e as suas famílias, claro que as estatísticas são indiferentes; a tragédia deles não é menor. Mas se pensarmos em talvez dois milhões de infectados, são números ínfimos. Nada de comparável a uma gripe como a de 1918-20.

    Poucos negam que o covid existe e que pode ser grave, Mendes. O que irrita muita gente, eu incluído, é o unanimismo: ou se come toda a versão oficial ou se é ‘negacionista’. Os governos mentem, os cientistas são falíveis ou compráveis, só os tolos têm certezas.

    • Paulo Marques says:

      E quantos morreram, e morrem, em países que estouraram a capacidade de resposta, e qual o impacto do mesmo em 1918?
      Dizer que é quase uma gripe é ser negacionista da realidade, ponto, porque faça-se o que se fizer, está mal. E deixa de haver discussão sobre o que, de facto, se fez mal, e não foi pouco.

    • Filipe Bastos says:

      A gripe de 1918-1920 matou pelo menos 50 milhões de 500 milhões de infectados. Uma mortalidade de 10%. Isto num mundo com 1.800 milhões de pessoas.

      Esta gripe matou até agora 4 milhões entre 200 milhões de infectados. As mortes por covid devem estar empoladas e as infecções (muito) subestimadas; mesmo assim, mortalidade de 2%. Isto num mundo com 8.000 milhões.

      Depois as vítimas: jovens e fortes em 1918, velhos e doentes agora. Sob qualquer perspectiva, o covid não é mais que uma gripe bera. A de 1918 foi cinquenta vezes pior.

      O “estourar a capacidade de resposta” é discutível: o que se viu foi cancelar consultas, operações e tratamentos a torto e a direito, mesmo sem a capacidade esgotada.

      Alguns hospitais, serviços, médicos, enfermeiros passaram realmente tempos difíceis; muitos outros levaram meses de vidinha tranquila. Tudo se sacrificou em nome da histeria covideira. Em nome duma gripe bera.

      • POIS! says:

        Pois é!

        Um chuleco é, para sempre, um chuleco. Um mamão fica sempre mamão. Não há meios-chulecos, nem meios-mamões! Não é concebível.

        Há é meias-pandemias. Temos que relativizar, porque há coisas muito piores. Têm visto algum dinossauro a passear em Monsanto? Ou em Serralves? Ora aí está!


  3. Já que o João é o campeão das certezas e ataca uns que chama negacionistas, deixem ver se percebi.
    – Estamos perante uma doença grave e ninguém fala em tratamentos? Porquê? Os que negam haver tratamentos já não são negacionistas?
    – Estamos no auge da vacinação e das medidas de protecção e, mesmo assim, os números em vez de descerem, sobem de modo constante. Aqui a narrativa está muito mal contada. Quem são os negacionistas?
    – A AEM divulgou alguns números: 15.000 mortos pelas vacinas, 500.000 com doenças graves devido às ditas, só na Europa. Alguém discutiu isso? Quem são os negacionistas?
    – Todas as grandes fabricantes ocidentais de vacinas já foram condenadas judicialmente pela prática de diversas actividades criminosas, tendo a Pfizer o recorde da maior multa já aplicada ao sector. Isso não se discute porquê? Quem são os negacionistas?
    – Se as vacinas não impedem a propagação nem evitam a doença, então para que servem?
    Ah…tá bem. O negacionista sou eu. Compreendi-te!!!!!

    • Luís Lavoura says:

      Estamos no auge da vacinação e das medidas de protecção e, mesmo assim, os números em vez de descerem, sobem de modo constante.

      É simples (embora os governos nos procurem fazer crer o contrário): a vacinação protege contra a doença covid-19, mas não impede a infeção pelo vírus sars-cov-2. Uma pessoa vacinada pode ser infetada, mas dificilmente ficará doente (de forma grave).

    • Elvimonte says:

      “Estamos perante uma doença grave e ninguém fala em tratamentos? Porquê? Os que negam haver tratamentos já não são negacionistas?”

      Se fosse reconhecida a existência de tratamentos as vacinas não poderiam receber autorização para uso de emergência nos EUA. Simples. Na UE não estou por dentro da legislação, mas penso que deve ser semelhante à dos EUA.

      Em todo o caso, tanto nos EUA como na UE, as vacinas não foram aprovadas, tendo apenas sido autorizadas condicionalmente para uso de emergência. Os ensaios clínicos (de longo termo) terminam apenas em 2023. E os fabricantes das vacinas foram isentados por alguns governos – desconheço se todos – de qualquer tipo de responsabilidade (civil e criminal) pelos efeitos adversos que elas possam provocar.

    • Paulo Marques says:

      Claro que se discutem tratamentos, mas não há tratamentos para todos, nem sequer camas. E não estamos no auge, a contrário de Israel e estados do EU, isso é simplesmente parvo. E lá vê-se bem a diferença entre quem foi e não foi, e no quanto o negaciosmo põe agora as crianças em perigo.
      Sim, as farmacêuticas são más, por isso tudo para o hospital onde elas não entram? Ou nacionalizar a coisa? Na…
      Quanto às vacinas, as estatísticas estão aí; pode só ler o que quer, como outro qualquer.

      • Elvimonte says:

        Não, omitem-se e diabolizam-se tratamentos e nalguns países criminalizam-se mesmo – pelo menos os médicos arriscam-se a perder as licenças profissionais.

        Houve até um ensaio clínico (Recovery Trial) relativo a uma substância, que nem é a mais eficaz, onde se administraram doses muito para além do limiar de toxicidade – a dose diária recomendada é de 200 mg. Citação do artigo científico: “… in a loading dose of four tablets (total dose, 800 mg) at baseline and at 6 hours, which was followed by two tablets (total dose, 400 mg) starting at 12 hours after the initial dose and then every 12 hours for the next 9 days or until discharge, …”. Ora a diferença entre o medicamento e o veneno é a dose – princípio de Paracelso. Tire as suas conclusões.

        Relativamente a outra substância, com eficácias a rondar os 85% na terapêutica precoce e na profilaxia, números estes provenientes de meta-análises e de ensaios clínicos disponíveis em artigos científicos, temos até “experiências naturais” que corroboram os seus efeitos: estados de Goa e de Utar Pradesh, na Índia, em comparação com outros estados, e na cidade do México, por exemplo. É só olhar-se para os números e para as datas em que a substância começou a ser administrada e comparar com com os outros estados e locais desses países onde não foi aprovada/administrada.

        E não, há muito que se sabe que as crianças não estão em risco. Isso é um completo disparate. Veja o site oficial português “ponto da situação” e outros com estatísticas desagregadas por faixas etárias. Veja também o artigo científico “Infection fatality rate of COVID-19 inferred from seroprevalence data”, publicado no Bulletin of the World Health Organization, onde se afirma que «In people <70 years, infection fatality rates ranged from 0.00% to 0.31% with crude and corrected medians of 0.05%.» e «If one could sample equally from all locations globally, the median infection fatality rate might be even substantially lower than the 0.23% observed in my analysis.», valor este corrigido para 0,15% em Abril último.

        E quanto às vacinas, comece por ver o referido no artigo científico “Outcome Reporting Bias in COVID-19 mRNA Vaccine Clinical Trials”, onde se dá conta que «Unreported absolute risk reduction measures of 0.7% and 1.1% for the Pfzier/BioNTech and Moderna vaccines, respectively, …». E isto significa que a redução de risco de contrair a doença entre vacinados e não vacinados é de apenas 0,7% e 1,1%.

        Veja também os seguintes artigos científicos:

        “The BNT162b2 mRNA vaccine against SARS-CoV-2 reprograms both adaptive and innate immune responses”

        “SARS-CoV-2 Spike Protein Elicits Cell Signaling in Human Host Cells: Implications for Possible Consequences of COVID-19 Vaccines”

        “SARS-CoV-2 Spike Protein Impairs Endothelial Function via Downregulation of ACE 2”

        A terminar, não deixe de ler dois relatórios do governo inglês cujos links lhe posso fornecer em comentário posterior se estiver interessado. No primeiro afirma-se:

        «32. The resurgence in both hospitalisations and deaths is dominated by those that have received two doses of the vaccine, comprising around 60% and 70% of the wave respectively. This can be attributed to the high levels of uptake in the most at-risk age groups, such that immunisation failures account for more serious illness than unvaccinated individuals. This is discussed further in paragraphs 55 and 56.»

        No segundo, lá para a página 40 mostra-se uma tabela de onde se pode concluir que a variante delta, percentualmente, é responsável por 6 vezes mais mortes entre os vacinados em relação aos não vacinados.

        Faça também uma pesquisa por “antibodies-dependent enhancement” (ADE), para completar o quadro.

        • POIS! says:

          Pois, e para reforço, acrescento mais uma citação:

          “Por favor sentem-se. O último a entrar feche a porta, por favor. Está aqui uma corrente de ar insuportável”.

          (Ricardo Jorge, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, 3/11/1899).

          Vem a propósito porque também foi vacinado e já morreu.

  4. Fernando Rodrigues says:

    Um ex-colega meu, que levava uma vida extremamente regrada, e só comia cozidos e grelhados, morreu de cancro no estômago.

    Serve isto para explicar ao troll Mendes uma coisa básica, que qualquer adulto deveria saber: Para morrer basta estar vivo.

    Tentar usar o exemplo citado para justificar a gravidade da Covid é simplesmente estúpido (vindo de onde vem, não me admira).

    É um caso isolado, e falta saber todo o enquadramento. Mas seja como for, e xomo dizem os “bifes”: “Shit happens”.


    • Há casos em que alguém salta de um avião e o paraquedas falha.
      Também há casos em que alguém salta de um avião a grande altitude sem paraquedas e sobrevive.
      Portanto a conclusão que tiraria é que os paraquedas são inúteis ou até perigosos.

    • Paulo Marques says:

      E morrer por falta de garrafas de oxigénio, é normal. Pois.

  5. Elvimonte says:

    O JM, como é seu timbre, prefere os “covidiotas pela mentira” aos “covidiotas pela verdade”, a demonstrar à saciedade que o emprenharam, pelo menos, pelos ouvidos, fazendo assim jus à sua manifesta heterofobia.

    Razão tinha José Saramago quando dizia: “Antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda.”

    • Paulo Marques says:

      Pois dizia, de esquerdistas que achavam que se devia colaborar com o capital invés de o controlar, como, sei lá, as farmacêuticas a ganhar com vacinas, com medicamentos, ou com as UCIs. O sr prefere ficar só com o último, aos que tiverem lugar.

    • POIS! says:

      Pois, mas há uma variante da citação do Saramago.

      As últimas duas palavras passam a ser “o Elvimonte”. Em homenagem a V. Exa a que todos nos associamos. Tenho a certeza.