Regionalização sim, mas só com um elevado nível de monitorização dos tiranetes autárquicos

Já fui um regionalista convicto, hoje tenho algumas dúvidas, nomeadamente no que diz respeito ao poder excessivo que a governação autárquica acumularia. A regionalização, para acontecer, terá que ir além de uma descentralização cega, onde Lisboa transfere quantidades significativas de poder para uma realidade onde abunda o compadrio, a fraude, o tráfico de influência e a corrupção. E, regra geral, onde o escrutínio é praticamente inexistente, dada a natureza quase monárquica e autoritária que reina de forma absoluta em algumas autarquias.

Não obstante, o Carlos Araújo Alves tocou num aspecto muito pertinente, que diz respeito à gestão da pandemia e ao efeito nefasto que, no continente, alguns concelhos, actualmente concentrados na Área Metropolitana de Lisboa, têm nos concelhos onde a situação está, pelo menos neste momento, controlada. Deixo o link para o texto do Carlos está na hiperligação em cima, mas tomei a liberdade de lhe roubar a imagem que o ilustra. A região espanhola da Andaluzia, para onde Ferro Rodrigues, do alto do seu elitismo parolo, instou os portugueses a rumar, é uma das piores a nível europeu. O J. Mário Teixeira pegou no tema  e fica a sugestão para passarem por lá.

Regionalização sim, mas só com um elevado nível de monitorização por parte de instituições intermédias, ou de um sistema de checks and balances que impeça o reforço e a legitimação dos pequenos tiranetes locais. De outra forma, será, apenas e só, mais do mesmo. E, ao invés de uma qualquer aristocracia instalada na capital, estaremos nas mãos de uma oligarquia concelhia e da sua rede parasitária de caciques e crime organizado. A léguas do escrutínio que, apesar de tudo, ainda existe em Lisboa.

Comments


  1. Este é que vai a Sevilha…
    https://ibb.co/GtMdWbM