Sebastião Bugalho, a negação do mérito e o festival de memes que aí vem

Sebastião Bugalho, um jovem de 28 anos cujo percurso profissional e de vida se resume a ter andado na escola e ao comentário político que faz nas TVs e jornais, foi o escolhido por Luís Montenegro para liderar a lista da AD às Europeias.

Representa a total negação do mérito, numa lista repleta de laureados pela lealdade ao líder.

É a rendição total de Montenegro ao mediatismo e à política do espectáculo.

E é mais uma cedência à extrema-direita, colocando-se à AD disponível para esgrimir arremessos de lama na arena do espalhafato populista.

Vai correr muito mal.

Que lhes sirva de lição.

Fiscalmente em choque

Com que então, o choque fiscal do governo Montenegro no IRS são os 1327 milhões do sOcIaLiSmO mais uns trocos. O Sá Carneiro e o Humberto Delgado vão ser pequenos para os charters de jovens emigrados a fazer fila para regressar a Portugal. Agora é que este país vai para a frente.

Optimismo revisto em baixa

Apesar do excedente orçamental que Montenegro vai herdar, o maior na história da democracia portuguesa, o discurso da máquina de propaganda da AD começou a mudar no dia a seguir as eleições. Já o cenário económico, nacional e internacional, continua o mesmo. Exactamente o mesmo.
Onde até dia 9 havia optimismo desmesurado, crescimento económico perto de 4% e soluções para os trabalhadores da Educação, da Saúde, da Justiça e da Administração Pública, em geral, a par de espaço para descidas significativas nos impostos, existe agora uma revisão em baixa das promessas eleitorais. Sem que nada, rigorosamente nada, tenha mudado.
Parece-me, por isso, uma questão de tempo até percebermos que pouco ou nada vai mudar. Talvez se satisfaçam as exigências dos polícias, mais para conter André Ventura do que para responder às necessidades dos agentes de autoridade, mas é possível que só a elite económica e os avençados do novo regime sintam os efeitos da almofada socialista. Resta-nos a ironia.

O “líder da oposição” e a Carochinha

A linguagem é feita de uma espécie de automatismos, expressões fixas que são repetidas até à vacuidade, mesmo que pareçam cheias de significado.

A expressão “líder da oposição” é uma delas. Trata-se de uma espécie de cargo para o qual não há uma eleição, apenas uma nomeação. Normalmente, essa nomeação é feita pela própria pessoa que ocupa o alegado cargo, a fazer lembrar um elogio em boca própria, que é, como se sabe, vitupério.

É certo que a nomeação para o cargo está associada ao facto de se ser o líder do segundo partido mais votado nas eleições. Mesmo assim, nunca se percebe muito bem como é que isso implica liderar a oposição, já que esta pode ser constituída por vários partidos de diferentes ideologias que nunca obedeceriam ao dito líder da oposição, que poderá, então, ser da oposição, mas não líder.

Neste momento, o aparente cargo está a ser disputado por Pedro Nuno Santos e por André Ventura, enquanto Luís Montenegro está à janela, sabendo bem o que a Carochinha acabou viúva devido ao excesso de apetite do João Ratão.

A propósito, e em homenagem a um recente aniversariante, aqui fica um vídeo.

Que passou-se, Montenegro?

O facto mais extraordinário desta eleição foi a vitória de pirro de Luís Montenegro. Esteve dois anos em campanha e, ainda assim, foi incapaz de capitalizar com os problemas estruturais no SNS, na Educação, na Justiça e na generalidade da Administração Pública. Não foi além de uma vitória tangencial, apesar dos casos e casinhos que enfraqueceram o PS. E permitiu que o CH ocupasse parte do seu território natural. Quando se exigia uma vitória expressiva, não foi além dos 30%. Como diria o amigo de Ventura, “que passou-se”?

Legislativas 2024 – Sosseguem: isto ainda pode piorar

Nada ficará decidido hoje.

E será interessante perceber o que farão os protagonistas nos próximos dias.

O PS não quer acordos com o CH.

Montenegro disse que “não é não”.

Ventura já se fez à AD e até avisou, há dias, que tinha amigos no PSD. Apesar de se referir ao partido como “prostituta”.

Problema: se PS e AD se entenderem, a oposição fica entregue ao CH. E isso fará com que o CH cresça ainda mais.

Outro problema: se a AD fizer um acordo com o CH, perde a face e será penalizado no futuro.

Terceiro problema: o PS até pode ganhar, mas não tem ninguém com quem se entender.

Tenho o pressentimento que teremos novas eleições em breve.

Por isso sosseguem: isto ainda pode piorar.

Vá lá que o ADN não elegeu um chalupa. Mas faltou pouco.

 

PSD: O Fraco Rei….

Oito anos de governo PS. Um governo PS com maioria absoluta que não conseguiu terminar a legislatura. Uma coligação com o CDS (coisa que não fizeram nas anteriores e que teria evitado a maioria absoluta). Um PS em frangalhos. Melhor cenário era impossível. No mínimo exigia-se uma vitória robusta e, com alguma sorte, uma maioria absoluta.
A esta hora ou dá empate ou uma vitória de pirro. Pior era quase impossível. A clubite da militância dos partidos acrescida de lideranças que vivem numa bolha dão nisto. Já dizia o outro: fraco Rei faz fraca a forte gente….

Padronizados e Pobres

Standard & Poor`s sobe `rating` de Portugal que alcança nível `A` em todas as principais agências

Bem sei que esta coisa dos ratings não passa de velhos e novos-ricos, muito bem engravatados, a medirem pilinhas, mas estou a estranhar que quem tanto admira ratings ou rankings não esteja a festejar peremptoriamente esta tão magnífica vitória económica para Portugal.

Sei lá, se era para trazer os Passos, as Assunções e os Durões, ao menos que mantivessem a mesma tesão por números que mostravam ter quando governavam o país. Nem precisavam de inventar novos discursos; bastava dizerem, por exemplo, o que já disseram: as pessoas não estão bem, mas o país está melhor.

Como perder um debate no primeiro minuto

Luís Montenegro perdeu o debate na primeira pergunta.

Sobre a manifestação dos polícias à porta do Capitólio – oh, the resemblance – Pedro Nuno Santos afirmou estar disponível para resolver o problema, para dialogar com os representantes das forças de segurança, mas sublinhou algo que é basilar em democracia: não negoceia sob coação.

Já Luís Montenegro fugiu à questão, divagou, viajou na maionese. Para o eleitorado à direita, apreciador da autoridade do Estado, poderá ter sido fatal.

Pedro Nuno Santos ganhou o debate, parece-me evidente, mas não foi o único vencedor da noite. Porque André Ventura, perante a frouxidão do líder do PSD, ganhou ainda mais terreno à frágil AD.

E Luís Montenegro, que teve boas prestações durante as duas semanas de debates, sobretudo contra Ventura, desapareceu em combate. Perdem-se eleições por muito menos.

O dia em que Ventura cuspiu no prato que Passos Coelho lhe serviu

No debate com Luís Montenegro, André Ventura teve a cara de pau de arremessar o memorando da Troika contra o seu adversário.

Tal como Montenegro, Ventura era militante do PSD quando o governo Passos Coelho aplicou cortes nas pensões. E não se lhe conhece uma palavra contra a decisão.

Aliás, o PSD que aplicou esses cortes foi o mesmo que apoiou a sua candidatura a Loures. E que não deixou cair Ventura quando o recital de racismo e xenofobia começou.

Ventura fala muito de vergonha, mas não tem nenhuma na cara. Maquiavélico, no pior sentido da palavra, não olha a meios para atingir os seus objectivos pessoais. E o PSD, se tem amor-próprio, nunca, em tempo algum, aceitará acordos com um demagogo que cospe desta forma no prato que comeu. Será o seu fim.

Luís Montenegro não quer honrar a palavra dada

Luís Montenegro, como todos os líderes partidários com assento na AR, aceitou o convite e as regras dos debates.

Agora, recusa-se a debater com Rui Tavares e Paulo Raimundo.

Ou seja: palavra dada não foi palavra honrada.

E sem surpresas, claro. Não é a primeira vez que acontece.

Mas isto levanta outra questão: se não podemos confiar na palavra de Montenegro em algo tão secundário como um debate que não decide nada, será que podemos confiar no que toca a acordos pós-eleitorais?

Não sabemos.

Mas o risco de termos uma desilusão no dia 11 de Março é elevado.

E não seria, de novo, a primeira vez.

 

O possível ministro da Educação da AD ou Mudam as moscas

Vídeo roubado à Missão Escola Pública. Alexandre Homem Cristo é, pelos vistos, um especialista em Educação, estatuto que parece ser atingido sobretudo por gente que procura soluções para enfraquecer o poder reivindicativo dos professores.

O especialista em Educação nem sequer esconde que a concessão de maior poder aos directores das escolas serve para retirar poder aos sindicatos, como se esse poder fosse incomensurável e correspondesse a um problema. É um problema para quem gosta pouco dessas manias da democracia e dos direitos dos trabalhadores. Educação é outra coisa.

PSD: diz que é uma espécie de meritocracia

O PSD que promoveu este vulto da política nacional, que ainda há menos de um mês tecia rasgados elogios a Luís Montenegro, é o mesmo que afastou das listas André Coelho Lima, um dos melhores deputados do partido no hemiciclo. Diz que é uma espécie de meritocracia.

Uma peça em dois actos

Acto I.

 

Acto II.

O monte está negro. 

OFICIAL

Luís Montenegro em formato André Ventura

Para Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos é “convicto defensor” de uma visão “comunista, socialista e bloquista”. O equivalente, no fundo, à narrativa “toda a direita é fascista”. André Ventura não teria dito melhor.

Congresso PSD: O discurso de Montenegro

“O Governo caiu de podre” disse Montenegro no discurso de abertura do Congresso do PSD e quem estava a ouvir também estava a cair. Não de podre mas de sono.

O PSD, hoje, com esta liderança e olhando para aquela “bancada” onde se senta Luís Montenegro no congresso, não consegue empolgar ninguém. Fala na “onda laranja” que “está imparável” e só se vê gente a bocejar. Quando o país vê um PS em eleições internas, com um PM em roda livre contra o Presidente da República e este ainda mais solto a conspirar contra aquele, com a saúde perigosamente num caos, a educação numa crise sem paralelo, a justiça em bolandas, os portugueses sem acesso a habitação condigna, os proprietários de AL em fúria contra este governo, os sindicatos na rua, os jovens em fuga e o Galamba a “continuar a andar por aí”, mesmo perante tal cenário adverso o PSD de Montenegro continua a não excitar, sem um golpe de asa, nada. Um longo bocejo. Uma nulidade.

Boa sorte, Portugal.

Renovação à vista no PSD?

Maria Luís Albuquerque, Aguiar Branco, Poiares Maduro, Teresa Morais e Castro Almeida deram à costa no montenegrismo. E parece que o dr. Arnaut, da ANA, também lá vai. Cheirará a poder? Ou a privatizações?

Montenegro em bicos de pés

Autor Convidado: Rui Naldinho

Ao contrário da maioria dos seus antecessores, Luís Montenegro deslocou-se no pretérito domingo à Madeira, para festejar a hipotética maioria absoluta do PSD/CDS naquele arquipélago, numa clara tentativa de dar uma leitura nacional a uma eleição regional, cuja especificidade, está mais próxima das autárquicas do que de qualquer outra eleição de âmbito mais abrangente.

Ao contrário das expectativas criadas pelas empresas de sondagem, não acertam uma, Luís Montenegro também parece que não, o PSD local perdeu a maioria absoluta, tendo agora que negociar com o PAN ou com a IL. Mas Montenegro cavalgou um garrano em vez de um cavalo lusitano, com esta ida à Madeira. [Read more…]

Luís «porque não precisamos» Montenegro

Luís Montenegro teve um momento de festejo precoce, indo colar-se ridiculamente à perda da maioria absoluta de uma aliança entre PSD e CDS na Madeira, tentando reclamar para si um golo que Miguel Albuquerque quase falhou.

Acontece, mesmo aos mais experientes: uma pessoa entusiasma-se, o ambiente aquece, a excitação descontrola-se e o clímax surge sem se contar. Que atire a primeira pedra aquele que nunca se descontrolou.

Entre as declarações de Luís Montenegro, no entanto, avulta a frase: «Não iremos fazer alianças com o Chega, porque não precisamos.»

Montenegro é um marxista da facção Groucho e poderia dizer «Estes são os meus princípios. Se não gostar deles… tenho outros.» Não será por uma questão de princípios que Montenegro não se aliará ao Chega – quando precisar, isso acontecerá, mesmo que tenha de recorrer a falsas equivalências. O que esperar do autor da frase «A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor.»?

Montenegro não acerta uma

Luís Montenegro precisava desesperadamente de uma vitória.

Por isso, decidiu quebrar com décadas de protocolo implícito e ir à Madeira na noite eleitoral, para aparecer ao lado de um vencedor anunciado.

Azar do líder do PSD, escolheu a eleição em que o partido, coligado com o CDS, falhou o objectivo de revalidar a maioria absoluta, abrindo caminho a uma crise que resultou exclusivamente de uma promessa arrogante de Miguel Albuquerque, que garantiu que se demitiria, caso tal cenário se verificasse. [Read more…]

Escavacar um monte negro de costa a costa para construir a casa do coelho

O sacro-santo Cavaco Silva falou. Mais uma vez. Sempre que Cavaco fala, especialmente depois de findado o seu tempo enquanto figura activa e parte integrante da política portuguesa, tem um condão: o condão de unir a esquerda.

Cavaco Silva falou e disse. Deixando de parte a baixeza de certas partes do seu discurso, apontou a este governo os traços da incompetência, da desfaçatez, dos números de circo. Não está errado, isso é certo. Teria toda a razão de ser, se tais críticas não fossem feitas por… Cavaco.

Cavaco Silva, o mesmo que agora aponta tantos epítetos negativos ao governo, é o mesmo Cavaco Silva que, no seu segundo mandato enquanto primeiro-ministro (PM), acumulava “casos e casinhos” semana sim, semana não. O mesmo Cavaco que agora enumera os truques deste governo e descreve a bandalheira em que se encontra o Estado de Direito Democrático da República, era o mesmo que, nos seus dias enquanto chefe de governo, via passar-lhe por debaixo do nariz os Dias Loureiro, os Duarte Lima, os Oliveira e Costa, à boleia dos BPNs da vida. Este Cavaco é o mesmo que, enquanto Presidente da República, usava e abusava da comunicação institucional da Presidência para se defender e desmentir acusações de que era alvo. É certo que vivemos hoje na época dos cliques, das vinte e quatro horas ininterruptas de serviço informativo; nos anos 90, tínhamos de esperar pelo fim‑de‑semana, todas as semanas, para sabermos qual era o novo caso em que estava mergulhado o governo de Cavaco. Agora, aparentemente, é o Cavaco dos ataques e das acusações tendo como alvo o Partido Socialista. A memória afecta toda a gente, é um facto, mas não devia afectar Cavaco Silva que, para todos os efeitos, apresenta lucidez quando fala, dentro de casa, da casa dos outros. [Read more…]

Volte sempre, Cavaco Silva!

Sempre que Cavaco abandona o seu retiro presidencial para fazer política, interrompendo a luxuosa transumância entre o Convento do Sacramento e a propriedade na Herdade da Coelha, permutada com o impoluto amigo Fernando Fantasia, três coisas acontecem.

A primeira é o cerrar de fileiras dos partidos à esquerda. Não que se vão entender todos para ressuscitar a Geringonça, mas parece-me evidente que Cavaco tem o poder de, aparecendo, recordar muita gente daquilo que foi o cavaquismo. Que teve todos os defeitos do Costismo e de outros ismos mais.

A segunda é a menorização da liderança do PSD. Montenegro, o primeiro político da história deste país que se propôs a estar 5 anos em campanha para umas Legislativas, tem sido uma desilusão. Não consegue impor-se, apesar da sucessão de casos em São Bento, não consegue travar a ascensão do CH, que se faz, sobretudo, à custa de antigos eleitores do PSD, não se liberta, ele próprio, dos casos e casinhos que o ensombram, entre ajustes directos, ligações opacas em Espinho e uma mansão não declarada, e não descola nas sondagens, pese embora o valor relativo dos estudos de opinião. Teve que vir Cavaco para provocar a agitação que Montenegro é incapaz de causar. [Read more…]

O espectro do socialismo que paira sobre o PSD

Pinto Balsemão afirmou, na intervenção que fez na cerimónia dos 49 anos do partido, que defende um PSD de centro-esquerda, à imagem daquilo que sempre defendeu Francisco Sá Carneiro. Imagino a ovação. E o ar perplexo dos doutores de Castelo de Vide, que acham que o Sá Carneiro era um feroz neoliberal e o PSD um partido nascido para combater o socialismo.

Oito sanitas às direitas

Montenegro não declarou ao Tribunal Constitucional o valor de casa com seis pisos: tem 800 m2, um elevador e oito casas de banho

Tendo em conta que Luís Montenegro sempre foi adepto da política de casa-de-banho, não é de estranhar que tenha uma casa com oito sanitas.

Resta saber, uma vez que, ontem, os líderes do PPD e do IL reuniram, se as mesmas dispõem de bidé ou não; é que se houver bidés, a coligação com os liberais cairá por terra. Uma parvoíce, digo eu, porque todos precisamos de usar o bidé de vez em quando, para evitarmos o selo. Para já, está a correr bem: o presidente dos laranjas não declarou uma mansão, o que vai de encontro às boas práticas dos queques que guincham.

Um queque de laranja que guincha “António Costa, vai para o caralho”. (imagem retirada do site da SIC Notícias)

Montenegro refém do populismo

Luís Montenegro continua a ignorar o alerta de Marcelo. Ficará para a história como mais um líder falhado do PSD, que desistiu do eleitorado moderado ao centro para se dedicar ao populismo de direita e perder para André Ventura.

Luís Montenegro: a cópia, o original e o comunismo

Marcelo avisou, aquando das lamentáveis declarações sobre a imigração, mas Montenegro fez orelhas moucas. Talvez seja parte de uma estratégia de curto prazo para atrair eleitorado do CH, mas, no longo prazo, a lição do presidente da República será implacável: entre o original e a cópia, o original leva sempre a melhor. Sempre. E isso terá um custo enorme para o maior partido da oposição.

Não contente, o líder do PSD continua na senda da radicalização. Nos últimos dias, o discurso de Luís Montenegro vem a apostar num delírio populista, que assenta na ideia de um PS comunista. Nada o distingue, a este respeito, daquela que é a narrativa do CH. Mas nem o PS é comunista, nem o governo tem políticas comunistas. É uma absoluta falsidade com a agravante de ser deliberada. [Read more…]

Sofia Vala Rocha: diz que é uma espécie de sketch dos Gato Fedorento

Segundo Sofia Vala Rocha, política de carreira do PSD, com múltiplos cargos ocupados na CM de Lisboa, que vão da assessoria à vereação, o problema da habitação, em Portugal, decorre sobretudo de uma narrativa criada propositadamente para o efeito. E acrescenta que, comprar uma casa na Avenida da Liberdade custará milhões, mas que, em Carnide, assegura, é possível comprar uma “excelente casa” por 150 mil euros.

A vergonha alheia evidente nos olhos e nas expressões dos seus companheiros de partido, a começar por Luís Montenegro, diz tudo sobre o delírio ideológico de Sofia Vala Rocha. Podia ser um sketch dos Gato Fedorento. Só que não. É o PSD em 2023.

Monte negro e Moedas pretas

Temos que escolher pessoas mais compatíveis com o nosso modo de vida. Procurar pelo mundo comunidades que melhor possam interagir com os portugueses

Esta frase, ao contrário do que possa parecer, não foi dita pelo líder da extrema-direita portuguesa. Foi dita pelo proto-líder da oposição, o presidente do PPD sem SD, Luís Montenegro, aos microfones abertos de alguns jornalistas, quando questionado sobre o incêndio que vitimou duas pessoas imigrantes na Mouraria.

Traduzindo, diz o líder dos laranjas que imigrantes em Portugal só se forem da nossa cor, partilhem da mesma cultura e tenham muitos euros na conta (numa offshore suíça, de preferência). A maçonaria fez muito mal a Luís Montenegro (e o legado de Passos Coelho, também).

O PPD vive este dilema (e não é se assume, ou não, a herança de Pedro Passos Coelho – essa herança passeiam-na com bastante orgulho): se se afasta do CHEGA para conquistar eleitorado ao centro (e, por conseguinte, ao Partido – quase nada – Socialista) ou se se cola à extrema-direita para ir buscar eleitores que, descontentes, votaram nos proto-fascistas portugueses. Nuns dias, aparece-nos como moderado, dizendo que quer voltar a ocupar o centrão e a pôr de parte o papão da extrema-direita; noutros, decide imbuir-se do espírito populista e demagogo que André Ventura e a sua máfia destilam por esse Portugal afora. Mas terá de se decidir rapidamente. Ou quer ser o partido do centro e tirar o lugar ao PS, ou quer ocupar a direita inteira, fazendo também o papel dos populistas. O Montenegro só cá quer montes brancos. 

Se Luís Montenegro não se galvanizar e não for galvanizado, Carlos Moedas, hoje presidente da Câmara Municipal de Lisboa, estará à coca para lhe ocupar o lugar. Mas, infelizmente para os portugueses, Moedas decidiu, também, abrir a bocarra para nos fazer sentir o seu bafo de onça.

Imigrantes em Portugal só se tiverem contrato de trabalho

A tradução: imigrantes em Portugal só endinheirados e montados num unicórnio colorido que vomite muitos euros. Moedas não quer cá moedas pretas.

Portanto, talvez seja ainda pior a emenda do que o soneto. E se é este tipo de posições políticas e este tipo de políticos que o PPD tem para oferecer, a bem que se juntem ao CDS e se enterrem na mesma campa, porque para lá caminham. Um partido que está refém da extrema-direita, pois sabe que não chegará ao poder sem a ajuda do ex-militante André Ventura (um prodígio, convém lembrar, lançado por Passos Coelho), é um partido que não pode, em condições algumas, governar Portugal.

Lia por aqui sobre os dilemas do PPD na assunção da herança de Passos. Não há qualquer dilema: o PPD juntar-se-á à extrema-direita, que foi uma criação do ex-Primeiro-ministro, e tem todo o orgulho em fazê-lo, por muito que o esconda para não parecer mal (e Miguel Pinto Luz – e, imagine-se, Miguel Relvas – já não o esconde). Pedro Passos Coelho baixou as calças do PPD e mostrou o olho a André Ventura, que se lambuzou todo e está, desde 2017, a sodomizar o partido de Sá Carneiro.

André Ventura enfiou o braço todo no PSD. Bem até lá ao fundo. E eles estão a adorar. É um amor de perdição.

Mais vale tarde….

…que nunca:

Depois de lhe ter feito, aqui no Aventar, uma critica sobre a questão PSD/Chega não me custa nada publicar esta sua intervenção que contraria os meus piores receios. Antes assim.