Censura má, censura boa

Decorre este mês, em Vila Nova de Gaia, a Bienal Internacional de Arte.

Entre os vários artistas que ali expõem o seu trabalho está o cartunista Onofre Varela. Até aqui, tudo normal.

Acontece que o mesmo, depois de várias pressões por parte dos curadores da exposição e das críticas que a Comunidade Israelita de Lisboa lhe endereçou, decidiu retirar um dos seus cartoons em exposição. E que cartoon é este? Trata-se de uma obra que retrata o ditador nazi, Adolf Hitler, de suástica no braço e estrela de Davi ao peito, com o seguinte texto a acompanhar: “ISRAEL TRATA OS PALESTINOS COM O MESMO DESRESPEITO COM QUE HITLER TRATAVA OS JUDEUS.” (cartoon em baixo)

Primeiro, urge perguntar: por que é que uma comunidade de Lisboa se insurge contra uma obra exposta em V.N. de Gaia?

Segundo: percebe-se que a obra possa chocar; mas não é essa, também, um dos objectivos da arte, especialmente da arte de intervenção política e social?

Em terceiro lugar, mas mais importante: as críticas são perceptíveis – a verdade costuma aleijar. Não creio que o artista Onofre Varela tenha tido por objectivo “desvalorizar o nazismo” mas, por contrário, deixar a nu a brutalidade do regime neo-fascista de Israel e, consequentemente, chamar a atenção para a limpeza étnica levada a cabo pelo extremismo sionista e para o apartheid imposto aos palestinianos.

À censura imposta pela Bienal a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa, a Câmara Municipal de Gaia diz não se rever em práticas censórias, mas aplaude a retirada do cartoon [sic].

A cartada do Holocausto, tão usada para justificar as atrocidades que o Estado israelita pratica nos Territórios Palestinianos Ocupados, já não cola (a não ser nos indefectíveis sionistas e nos incautos que acreditam que ter sofrido com o nazismo justifica práticas nazis por parte de quem sofreu com o nazismo).

Em suma, censurar tal obra, por contraditório que possa ser, coloca os censores mais perto dos nazis. E isso é um desrespeito para com os milhões de judeus espalhados pelo mundo.

A obra de Onofre Varela foi mandada retirar da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Gaia, a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa – aqui fica, para provar que atitudes censórias têm, por norma, o efeito contrário ao pretendido.

Comments


  1. O artista acordou de cú pró ar e pariu uma bouitade, que mais que mal compara, de facto calunia e mente.
    Mas ouve quem se incomodasse com isso e o artista, porque aceitou retirar, retirou.
    Mas logo a cambada chama censura ao retirar a calúnia e a mentira, porque ambas, se dirigidas a seu gosto, não podem ser canceladas, como tantas verdades.

    • João L. Maio says:

      O cu carece de assento. Só não leva acento. E que os há… mas com “h”.

    • Nortenho says:

      Estimado JgMenos

      Salazarento tudo bem, mas apoiante dos crimes sionistas é de mais mesmo para um facho como tu

    • Paulo Marques says:

      De facto, é verdade. Os nazis sempre eram honestos, e a solução favorita era que outros ficassem com eles.
      Já os sionistas…

  2. Luís Lavoura says:

    De facto, a Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) faria bem em não meter o nariz onde não é chamada.
    Que a embaixada de Israel proteste, acho muito natural, porque o cartune diz respeito ao Estado que ela representa. Agora, a CIL não tem nada a ver com o caso.


  3. Acho um exagero chamar “desrespeito” a organizar e executar um plano que concretizou o extermínio de 6 milhões de homens, mulheres e crianças. Acho que foi mais uma desconsideração.

    • Anonimo says:

      Esta é censura má, caso contrário não estaria aqui noticiada.
      As pessoas são susceptíveis, convém manter afastado o material potencialmente perigoso e tóxico.

      Todes de acorde.

      • Paulo Marques says:

        Na realidade, também não é censura. Ao contrário de Ernest Moret, Pablo González ou Julian Assange, sobre os quais quase ninguém escreve, tais como os 14 jornalistas detidos na Lituânia, sem esquecer as cada vez mais vazias prateleiras de escolas e bibliotecas de alguns estados do mais maior grande farol de liberdade do mundo.
        Avante, que depois do pinkwashing, do greenwashing, o wokewashing é, com certeza, uma enorme ameaça.

    • Paulo Marques says:

      Ah, bom, só 6 milhões, convém não falar nos outros para não se perceber bem esta coisa do fascismo.

  4. Tuga says:

    Delicioso o capachinho sionista na cabeça do “mosca”

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.