Genocídio à vista no gueto de Gaza?

Conhecendo Israel como qualquer político americano conhece, Joe Biden deixou um recado, após declarar total apoio à ofensiva.

Recordou que a guerra tem regras. Mesmo quando estamos muito zangados.

E não foi o único a dar ênfase ao direito internacional.

E porque o fez?

Porque Israel comete crimes de guerra há décadas, por questões menores, pese embora raramente se lhe aplique qualquer tipo de consequência.

Ter o tio Sam como padrinho tem as suas vantagens. [Read more…]

Censura má, censura boa

Decorre este mês, em Vila Nova de Gaia, a Bienal Internacional de Arte.

Entre os vários artistas que ali expõem o seu trabalho está o cartunista Onofre Varela. Até aqui, tudo normal.

Acontece que o mesmo, depois de várias pressões por parte dos curadores da exposição e das críticas que a Comunidade Israelita de Lisboa lhe endereçou, decidiu retirar um dos seus cartoons em exposição. E que cartoon é este? Trata-se de uma obra que retrata o ditador nazi, Adolf Hitler, de suástica no braço e estrela de Davi ao peito, com o seguinte texto a acompanhar: “ISRAEL TRATA OS PALESTINOS COM O MESMO DESRESPEITO COM QUE HITLER TRATAVA OS JUDEUS.” (cartoon em baixo)

Primeiro, urge perguntar: por que é que uma comunidade de Lisboa se insurge contra uma obra exposta em V.N. de Gaia?

Segundo: percebe-se que a obra possa chocar; mas não é essa, também, um dos objectivos da arte, especialmente da arte de intervenção política e social?

Em terceiro lugar, mas mais importante: as críticas são perceptíveis – a verdade costuma aleijar. Não creio que o artista Onofre Varela tenha tido por objectivo “desvalorizar o nazismo” mas, por contrário, deixar a nu a brutalidade do regime neo-fascista de Israel e, consequentemente, chamar a atenção para a limpeza étnica levada a cabo pelo extremismo sionista e para o apartheid imposto aos palestinianos.

À censura imposta pela Bienal a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa, a Câmara Municipal de Gaia diz não se rever em práticas censórias, mas aplaude a retirada do cartoon [sic].

A cartada do Holocausto, tão usada para justificar as atrocidades que o Estado israelita pratica nos Territórios Palestinianos Ocupados, já não cola (a não ser nos indefectíveis sionistas e nos incautos que acreditam que ter sofrido com o nazismo justifica práticas nazis por parte de quem sofreu com o nazismo).

Em suma, censurar tal obra, por contraditório que possa ser, coloca os censores mais perto dos nazis. E isso é um desrespeito para com os milhões de judeus espalhados pelo mundo.

A obra de Onofre Varela foi mandada retirar da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Gaia, a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa – aqui fica, para provar que atitudes censórias têm, por norma, o efeito contrário ao pretendido.

Um Musk, um Zuckerberg e um Bezos entram num bar

Mensagem do Facebook.

A partir do dia 1 de Dezembro, não poderás dizer, no teu perfil pessoal no Facebook, se és social-democrata, comunista ou liberal, nem se és agnóstico, ateu ou crente.

Em alternativa, podes juntar-te a uma força de segurança, criar vários grupos só para polícias e/ou militares e podes ser racista, xenófobo e homofóbico à vontade.

O que nos vale é que a Esquerda controla a Comunicação Social e as redes sociais e, por conseguinte, a opinião pública… assim, está tudo bem e está tudo explicado. O bizarro Elon Musk decidiu que ser bilionário estava uma seca e vai daí decide acabar com o Twitter; o lunático Jeff Bezos, decidiu que não estava a ganhar dinheiro suficiente, vai daí e despede 10.000 trabalhadores. Entra o Mark Zuckerberg, pede um copo de leite e diz que “política e religião não se discutem!”.

O mundo novo cheira a velho.

União Europeia?

Orbán fala sobre “raças puras” e não quer que húngaros pertençam a uma raça mestiça.

O IV Reich passa por Estocolmo

O regime russo deu mais um passo em direcção a demência colectiva, lançando uma campanha de demonização da Suécia e do seu povo, que classifica, sem surpresas, de nazi.

Este grau de imbecilidade não surpreende, ou não vivesse eu num país onde alguma esquerda acusa toda a direita de filiação fascista, tal como um significativo sector da direita acusa toda a esquerda de estalinista, para não falar no anedótico PSD, que por estes dias acusou Costa de liderar um regime totalitário. Tolinhos ou aldrabões manipuladores, são todos a mesma merda, cagada no mesmo esgoto propagandístico.

A diferença, claro, é que as declarações russas tendem a preceder “operações militares especiais”, também conhecidas por “desculpa esfarrapada para justificar invasões motivadas pelo controle geopolítico e de recursos naturais”. Depois temos que aturar os líricos a falar sobre a paz, como se fosse possível negociar coisa que se parecesse com um fascista, financiador de outros fascistas, que acusa tudo o que mexe à sua volta de nazi. E ainda há quem se admire com a intenção da Suécia e da Finlândia de abandonar a neutralidade e aderir à NATO. Contra um pulha como Putin, mais vale prevenir – com armamento até aos dentes – do que remediar.

Resolução ONU 2016

EUA votam contra resolução das Nações Unidas a condenar nazismo

Há uns dias relembraram-me disto. Foi em 2016 e lembro-me de ninguém ter abordado o assunto. Não houve indignação, ninguém se revoltou e ninguém se molhou.

Mas sim, é verdade. Em 2016, a ONU apresentou uma resolução de condenação ao nazismo. Os Estados Unidos da América, a Ucrânia e o Palau votaram contra a resolução de condenação do nazismo. Em 2018, nova resolução foi apresentada pela ONU e desta vez apenas os EUA e a Ucrânia votaram contra. Em 2020, nova resolução, que visava “combater a glorificação do nazismo”. Novamente, apenas os EUA e a Ucrânia votaram contra.

E Portugal? Portugal absteve-se… nas três resoluções.

Notícia na íntegra aqui.

Uber Eats neo-nazi

foi como RAP resumiu o passeio de Mário Machado à Ucrânia. E foi perfeito.

Mário Machado, o privilegiado

A extrema-direita, querendo apresentar-se como antissistema, teima em ser o seu pior reflexo. Basta ver o caso de André Ventura, que passa a vida com o sistema na boca, mas também no bolso. Ou no bolso dele, do sistema. Do SL Benfica à CMTV, passando pela elite de milionários com quem se reúne e junto da qual obtém financiamento para o seu partido, não esquecendo as origens políticas do outrora afilhado de Pedro Passos Coelho, que nunca deixou Ventura cair, mesmo quando o próprio CDS se afastou da sua candidatura à autarquia de Loures, nas Autárquicas de 2017. O cheiro a racismo era já demasiadamente nauseabundo para tolerar. E quando abandonou o PSD, um dos partidos que é em si mesmo o sistema, o líder da extrema-direita não veio sozinho. Trouxe e continua a atrair inúmeras figura da casta de privilegiados da São Caetano à Lapa. E do que resta do Caldas.

[Read more…]

Alemanha VS Rússia: incidente diplomático na África do Sul

Não, não é montagem. A embaixada russa na África do Sul fez mesmo um tweet em que agradece o apoio de “um grande número” – e que grande número este é – de indivíduos e organizações sul-africanas, na sua luta contra o “nazismo” na Ucrânia. E a embaixada alemã no país respondeu mesmo com outro tweet, acusando os russos de cinismo e de chacinar crianças, mulheres e homens em proveito próprio, sob o falso pretexto de lutar contra o nazismo. O tom continua a subir e esta Alemanha não parece, de todo, a Alemanha a que nos habituamos nos últimos anos. Agora que já “não precisa” do gás russo, agora que já nem o Schalke 04 precisa do petro-rublos da Gazprom, os tempos de vassalagem ao Kremlin serão apenas uma recordação do passado. Por enquanto…

Já agora, “combater o nazismo na Ucrânia” é tradução directa para russo do americanismo “armas de destruição maciça no Iraque”. As ideologias mudam, mas o modus operandi é o mesmo.

Choninhas soberanos baixam as calças ao “imperialismo de bem”

Corre por aí uma tese: tens de apoiar um lado. Sim, tens de apoiar um lado mesmo que ambos os lados sejam péssimos! Nazis ou fascistas? Escolhe rápido!

“Aqueles também são filhos da puta, mas são os meus filhos da puta”, dizem por aí.

Os choninhas portugueses, soberanos, fazem sempre a mesma escolha: dar o cu a quem o quiser. Assim é, também, neste caso.

Deixem-se de merdas; não tens de escolher um lado entre EUA/NATO e Rússia coisa nenhuma. Se num cenário como este, o que te dão a escolher é entre o vómito e a diarreia, foge. O lado que tens de escolher é: PAZ ou GUERRA?

Por tal, Portugal agora tem uma missão. A saber:

Revogar os vistos gold dos oligarcas russos (1), acolher os refugiados ucranianos que fogem da guerra (2) e apoiar as várias sanções à Rússia (3).

Por fim, ficar bem longe das intenções de resposta de instituições nazis como a NATO (4) que só perpetuam a guerra. Escolher a paz.

Processo de normalização do nazismo em curso

No Brasil, a ascensão de Bolsonaro, e subsequente normalização da narrativa da extrema-direita, deu palco a extremistas como o YouTuber Monark, que, por estes dias, se tem batido pela reabilitação do nazismo, como se de uma questão de liberdade de expressão se tratasse.

Em Portugal, os neo-nazis do NOS, grupo entretanto extinto, que tinha nas suas fileiras inúmeros criminosos condenados por crimes violentos, como Mário Machado, seu fundador, foram literalmente absorvidos pelo CH, ocupando hoje em cargos de direcção do partido. Não se iludam: é uma questão de tempo, até que tenhamos esta gente a romantizar Adolf Hitler.

[Read more…]

O riso de Louçã e o histrionismo da direita

Na sua rubrica semanal da Sic Notícias, Francisco Louçã troçou de Aline Hall de Beuvink, a propósito de umas declarações proferidas quando era deputada à Assembleia Municipal de Lisboa, em 2019. Na ocasião, Aline Hall relacionou o mito de que os comunistas comem criancinhas com o Holodomor, o que é, no mínimo, discutível.

Francisco Louçã esteve muito mal ao transformar este episódio numa afirmação de que o canibalismo infantil dos comunistas era uma realidade: Aline Hall foi muito clara ao classificar isso como um “mito”. Louçã terá querido ridicularizar uma pessoa de direita, mas foi, no mínimo, descortês, distorceu, de modo desonesto, um enunciado claro e portou-se como outros que quiseram transformar a metáfora de Mamadou Ba num discurso de ódio. Ficaria bem a Louçã pedir desculpa, mas temo (e lamento) que isso nem lhe passe pela cabeça.

A direita, no entanto, incluindo a pessoa visada, quis transformar a troça de Louçã numa ridicularização ou mesmo negação do Holodomor, o que não corresponde à verdade. Há, contudo, para isso, razões que a razão desconhece: o ódio cego à esquerda que provoca descargas de adrenalina e de consequente tresleitura ou a mais absoluta desonestidade, aliados a um forte desejo de criar falsas equivalências entre ideologias com base na prática. Histrionismo – palhaçada, para os amigos.

As bandeiras que a alt-right portuguesa não tem coragem de assumir

Alt right

Existe, em Portugal, uma direita “alternativa” e intelectualmente desonesta, que gosta de pregar aos seus crentes fanáticos que o nazismo é uma ideologia de esquerda e que Hitler foi um ditador de esquerda. O que essa direita é incapaz de explicar é o porque de ser nas agremiações e manifestações de extrema-direita, ou nos partidos que a albergam, de forma oficial (Chega) ou envergonhada (CDS-PP, através da tendência TEM), que surgem as ideias discriminatórias e persecutórias, o racismo, a xenofobia e as bandeiras nazis. Ou porque é que a malta da extrema-direita tatua suásticas no braço e no focinho. Ou porque é que extrema-direita cita e plagia discursos de altos oficiais do nazismo, como aconteceu com aquele ministro de Bolsonaro. [Read more…]

História? Verdade? Não são importantes

Uns pândegos, estes gajos do PCP. Bem, pândegos, é capaz de ser pouco. São, mais, uns trafulhas nojentos. Para quem a verdade é um conceito tão plástico que pode ser, interesseira e cobardemente, moldada de maneira a servir o que se quer demonstrar.

[Read more…]

Nazis no Chega?

o polígrafo diz que sim.

O Bolsonaro foi convidado?

Em princípio foi. A não ser que o Bibi ainda não tenha perdoado o episódio anti-semita (que não surpreende, vindo do governo que vem) do Goebbels da Cultura.

Assembleia (in)útil

[Francisco Salvador Figueiredo]

 

Na última semana, na Assembleia da República, foi rejeitado o voto de congratulação da Iniciativa Liberal pela aprovação, no Parlamento Europeu, da Resolução que condena de igual forma os regimes totalitários do fascismo e do comunismo. Não vale a pena declarar a minha opinião, pois ela é óbvia. A partir do momento que é totalitário e retira a liberdade às pessoas é igualmente mau. E aqui não importa se o comunismo matou mais ou os nazis mataram assim e assim. O que importa é a atitude e a motivação. Não se trata de um número, mas sim de uma forma de pensar. Se eu entrar numa confeitaria e roubar 5 pães, mas outro roubar 7 pães, isso não faz de mim melhor ou pior. A atitude de ambos está errada.

Agora vamos falar do assunto tendo em conta os nossos interesses como país. A Iniciativa Liberal entrou muito bem, com uma ótima proposta e que se revelará na vida dos portugueses. Seguem-se 3 pontos das vantagens desta proposta:

[Read more…]

A vida humana

Conheci a história do infame Dr. Petiot através de uma obra do historiador David King, que tem explorado de forma mais ou menos ligeira casos reais da Europa das décadas de 1930-1950. Marcel Petiot foi um médico que, durante a II Guerra Mundial, assassinou cerca de 60 pessoas, em Paris. Um assassino em série cujo número exacto de vítimas nunca foi estabelecido e que confessou não saber ao certo quantos tinham sido.

Com o nome de código de “Dr. Eugéne”, prometia ajudar a fugir de Paris todos os perseguidos pela Gestapo e pelo governo de Vichy, fazendo-os chegar até Espanha, daí a Portugal e, finalmente, de barco até à Argentina. Na realidade, recebia os honorários por este serviço e assassinava os seus clientes, desfazendo-se depois dos corpos num poço de cal, esquartejando-os e queimando os restos numa salamandra. Como as vítimas sabiam que não regressariam a Paris, levavam consigo na bagagem (e até escondidos no forro das roupas) maços de nota, jóias, todos os valores que podiam transportar. Em pouco anos, Petiot acumulou uma fortuna. [Read more…]

A Coreia do Norte é uma democracia, Bolsonaro dixit

bb.png

A designação oficial da Coreia do Norte é República Popular Democrática da Coreia. Lamentavelmente, tal nomenclatura nunca garantiu grande popularidade, fora ou dentro de portas, com a excepção da pequena cúpula do poder que dirige o regime com mão de ferro. Muito menos se trata de uma democracia. É, aliás, a sua antítese. [Read more…]

Lucie enfrenta o nazi

Imagem captada pelo fotógrafo Vladimír Čičmanec, que retrata uma jovem escuteira firme contra um grunho nazi, numa manifestação da extrema-direita checa em Brno, República Checa. Haja esperança!

via Distractify

Gente sinistra

kn

Este indivíduo sinistro é Kay Nerstheimer, membro do partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland – AfD), recentemente eleito para o parlamento de Berlim, nas regionais alemãs.

Entre os seus contributos para um melhor entendimento dos tempos que vivemos, Nerstheimer apresenta-se como um orgulhoso defensor da herança nazi, alinhando em teses alucinadas que procuram transformar Adolf Hitler numa vítima da Segunda Guerra Mundial, atribuindo culpas à Polónia.

É nestes momentos que sinto alguma pena de certas individualidades académicas e das suas comparações entre trogloditas como este e outros anormais, como Trump ou Viktor Orbán, e governantes da nova esquerda europeia como Alexis Tsipras. Como se extrema-direita, racista, xenófoba e apologista da violência, tivesse paralelo com qualquer governo de esquerda na Europa. Como se o elogio nazi fosse comparável à luta contra o radicalismo neoliberal.

Foto@The Telegraph

Angela Merkel baralha e torna a dar

Stupid Merkel

Depois do Presidente da República alemão se mostrar favorável à discussão de uma possível indemnização à Grécia, decorrente de reparações pendentes por empréstimos forçados e danos provocados pelo regime nazi, Angela Merkel surpreende ao afirmar:

Não se deve traçar um risco por cima da História. Nós podemos ver isso no debate que existe na Grécia e noutros países europeus. Nós, os alemães, temos a responsabilidade acrescida de estar alerta, sensíveis e conscientes do que fizemos durante a era nazi e dos danos causados a outros países. Tenho uma tremenda simpatia por isso

[Read more…]

Que a Alemanha reembolse a Grécia já!

Kai Littmann

Bundesarchiv_Bild_101I-164-0389-23A,_Athen,_Hissen_der_Hakenkreuzflagge
© Bundesarchiv via Wikimedia Commons

[Nos anos 1980, o alemão Kai Littmann passou um ano na ilha grega de Creta, numa aldeia recôndita onde não havia electricidade. Um dia, um velhote grego mostrou-lhe um cemitério onde haviam sido enterrados 150 resistentes gregos, fuzilados pelos nazis durante a Segunda Grande Guerra, e explicou-lhe alguns factos da História. As gerações alemãs (mas nem só) nascidas depois da Grande Guerra ignoram muita coisa que aconteceu, incluíndo os crimes de guerra perpetrados pelos nazis na Grécia, que não figuram nos manuais escolares de História. Não admira por isso que ninguém perceba muito bem do que falam os gregos quando agora, pela mão do Governo recentemente eleito, reclamam o pagamento de uma dívida que os alemães têm para com eles. Uma dívida que, ao contrário do que tem sido sugerido pelos media que chegam a Portugal, não corresponde a reparações de guerra. S.A.]

Para perceber de que dívida se trata (essa mesma cuja urgente liquidação o actual Governo grego reclama) é preciso saber que em 1942 os nazis obrigaram o Banco da Grécia a acordar-lhes um “crédito” de valor equivalente a 476 milhões de marcos da época, o que hoje, acrescido de juros de mora, soma algo que pode ascender aos 70 mil milhões de euros. Uma dívida que a Alemanha afirma ter honrado em 1960, quando transferiu para os cofres do Tesouro grego a quantia de 115 milhões de marcos. Sucede que esse valor foi na verdade pago a título de indemnizações às vítimas do nazismo na Grécia, que foram muitas, e não tem nenhuma relação com a dívida de que aqui é questão. [Read more…]

Hitler descobre que manuais escolares dizem que comunismo e nazismo são a mesma coisa

Chegou aos manuais, nem por isso às novas metas educativas do 9º ano, nem é por isso que se justifica este vídeo:

mas porque realmente virou moda, a partir de uma taxonomia das ditaduras que mede mais o horror e menos a natureza social, e económica, misturar uma ideologia que nasceu para combater a outra fazê-la igual à que a derrotou, coisa tão tola como esquecer que a Rússia em geral tem uma certa experiência nas vitórias contra a Alemanha, e esqueceram-se agora mesmo muito em Berlim.

Texto (não concordando com tudo, é um bom todo) do Bruno Carvalho.

O nome certo é nazismo

Equivalências segundo Vítor Cunha:

noite de cristalsocas

Entra a Alemanha na dança e a densidade do azeite comprova uma velha lei da física. É a sua música.

O mundo em que Vasco Pulido Valente entrou

Vasco Pulido Valente, todos o conhecem, não fala de si próprio. Mas agora que completou 71 anos (quarta-feira) deu-lhe para, com alguma “perversidade”, pensar no mundo em que entrou.

Gosto desta expressão “o mundo em que entrei“. Ora Pulido Valente nasceu a 21 de Novembro de 1941, quando “Hitler ocupava a Áustria, a Eslováquia, a República Checa, a Polónia, a Dinamarca, a Noruega (…)” e Portugal «neutro», numa neutralidade “arriscada e mais do que duvidosa”.

Gosto desta frase também: “O mundo não servia para se começar a vida“.

Ainda as suas palavras, para terminar a crónica dos «71 anos»: “É triste, ao fim de tanto tempo, chegar ao desespero a que nós chegámos. Mas, depois de 71 anos, talvez seja melhor do que nascer com a sombra de Hitler a 60 quilómetros de Moscovo. Portugal precisa de sair do seu isolamento e da sua complacência. E, agora, por uma vez, não tem outro remédio.” [Read more…]

Salvo por uma paixão

Morreu o «fotógrafo de Auschwitz», Wilhelm Brasse (1917-2012), o antigo prisioneiro que foi obrigado a fotografar os milhares de novos prisioneiros que chegavam àquele campo de concentração.

O polaco cedo se apaixonou pelos segredos da fotografia, “sem nunca imaginar que este seria o seu passaporte de sobrevivência no campo de extermínio nazi”: um certo dia, corria o ano de 1941, o comandante do campo incumbiu-o de fotografar os prisioneiros, já que ele era o único fotógrafo profissional da unidade. Os alemães precisaram dele e isso permitiu-lhe sobreviver!

O Museu Auschwitz-Birkenau conta com mais de 39 mil fotografias de Brasse…

Banhos de água fria

Sem mudar de assunto… Parece que ultimamente tudo vai dar ao mesmo…

Etty Hillesum –  uma judia holandesa que morreu em Auschwitz em Novembro de 1943 e que escreveu um diário entre 1941-1943 – viu-se privada de muita coisa pelo regime nazi, apesar de ter sido, como dizia muitas vezes, afortunada comparativamente a outros.

Os decretos contra os judeus sucederam-se:  era precisa uma autorização para comprar pasta de dentes, deixaram de poder ir aos lugares de hortaliças, tiveram que entregar as bicicletas,  andar de eléctrico foi proibido e foram obrigados recolher a partir das oito, etc.

Neste momento, estamos, também nós, cada vez mais condicionados e pobres e revoltados e impotentes e desesperados face às medidas levadas a cabo pelos políticos que nos saiem na rifa.

Transcrevo, então, uma passagem, escrita a 4 de julho de 1942):

Cada camisa lavada que vestes é ainda uma espécie de festa. E cada vez que te lavas com um sabonete bem cheiroso numa casa de banho, que é só para ti durante meia hora, também.

Espero que não cheguemos a este ponto. Que não sejamos enviados para uma espécie de campo de concentração…

Comecemos desde já a dar valor a estas «insignificâncias» como uma roupa lavada ou um banho de água quente (que nos aquecem por dentro também) antes que delas sejamos privados…

A 25ª Hora

THE 25TH HOUR DVD ANTHONY QUINN VIRNA LISI MICHAEL REDGRAVE HENRI VERNEUIL R2 25Vinte anos depois da sua morte, reencontro A 25ª Hora (1949), a mais conhecida obra de C. Virgil Gheorghiu (1916-1992) e provavelmente indisponível nas livrarias…

O jornal The New York Times escreveu:  “who denounced Nazism and Communism in a best-selling novel, “The 25th Hour”.

Transcrevo algumas frases da edição que tenho da Difel, traduzida por Vitorino Nemésio e cujo prefácio é dedicado a Aldous Huxley!:

– Não haverá homem livre à superfície do Globo – disse Traian.

– Definharemos então, sem culpa, nas prisões? -perguntou o delegado.

(…)

Mas não aceito que outros, a não ser eu, me indiquem a maneira como devo viver – e que julgam melhor – e me obriguem a conformar-me com ela. A minha vida é minha. A minha vida não pertence nem ao kolkhose, nem à comunidade, nem ao comissário político. Portanto, tenho o direito de a viver do modo que eu próprio houver escolhido. (…) E recuso-me a viver esta vida à moda soviética. Aqui está porque me mato.

Nora pôs-se a chorar. Traian continuava a atar a corda. Nora segurava com firmeza a outra ponta. (…) A melhor ocasião para nos evadirmos há-se ser quando as sentinelas russas renderem as americanas. (…)

Às seis horas da tarde mandaram sair Traian e Nora da sua cela e meteram-nos num camião americano com outros detidos.

(…)

Em 1967 foi adaptado ao cinema por Carlo Ponti  e com a participação de Anthony Quinn e Serge Reggiani (no papel de Traian).

Os livros não são caros

Os livros não são caros.

Os livros são-nos caros, excedem em muito o valor real, são-nos queridos. Estimamos os livros: «Cuidado com o livro», «não rasgues», «não risques os livros», «não escrevas no meu livro», «não empresto a ninguém», etc.

Pegar num livro, abrir um livro e lê-lo com atenção, é um acto de magia e um “acto de amor” como escreveu, Manuel A. Pina. Entrar no livro, dar a mão ao seu autor ou à sua autora deixando-nos guiar, é qualquer coisa. Não há dinheiro que pague essa magia, esse tempo «perdido», esse tempo que dispendemos a ouvir alguém, a sua alma. Alguém que já não está entre nós, muitas vezes e que se torna imortal através dessa «coisa» que é o livro…

Digo isto a propósito do livro que comecei a ler ontem à noite. Duma assentada, li sessenta páginas.

Há tempos fiz referência ao Diário 1941-1943 de Etty Hilesum, uma escritora holandesa de família judia que morreu em Auschwitz em Novembro de 1943 com apenas 29 anos. Comprei-o ontem de manhã. Esperei por ele vários dias. Finalmente chegou o e-mail da livraria: «pode vir buscá-lo». Peguei nele, sopesei-o, cheirei-o. À noite, comecei a lê-lo, «enfim sós»:

(…) querem o nosso extermínio. (…) Não vou incomodar outros com os meus medos (…) e acho a vida prenhe de sentido, cheia de sentido apesar de tudo, embora já não me atrava a dizer uma coisa destas em grupo. (…) tenho de viver a minha vida tão bem e tão completa e convincentemente quanto possível até ao meu derradeiro suspiro, para que o que vem a seguir a mim não precise de começar de novo nem tenha as mesmas dificuldades.

Estas palavras estão escritas numa página apenas de um volume com mais de 300 páginas. Valem ouro, quanto a mim.

A descobrir. Da Assírio & Alvim (colecção Teofanias), com prefácio do padre Tolentino Mendonça.