Rankings escolares do Terceiro Mundo

Chegamos àquela altura do ano em que se anunciam os rankings escolares, como sempre dominados por colégios privados, a maior parte dos quais habitualmente apanhados a inflaccionar artificialmente as notas, sobretudo de educação física, ou não fossem os seus alunos, mais do que o futuro deste país, o futuro do Comité Olímpico Português. Em Portugal, mérito é ter dinheiro. E com esta cultura de mérito, o nosso lugar no Terceiro Mundo da Europa está garantido.

Comments

  1. Salgueiros says:

    O Yankee Boy, reclama de um sistema que é uma réplica dos seus queridos americanos

  2. Luís Lavoura says:

    Segundo julgo, a inflação de notas nada tem a ver com os rankings, uma vez que os rankings são feitos com as notas dos exames nacionais, e não com as notas dadas pelas escolas.

    • Tuga says:

      O Sr Lavoura sempre em defesa dos mesmos.
      Nos os liberocas somos fieis aos nossos

      • Paulo Marques says:

        Mas tem razão, os problemas não vêm daí, e sim de quem é que faz onde e porquê.
        Exceptuando os casos de completa falta de ética humana de que fala o Santiago abaixo.

    • POIS! says:

      Claro, não conta para os rankings, mas então…

      A inflação de notas não servirá para nada?

      Ah! Já sei! Serve só para determinar a cilindrada da mota que o colegial menino ou menina leva de presente no fim do ciclo! Cada valor é mais um cavalinho!

      Como é que a gente nunca tinha pensado nisso!

  3. Santiago says:

    Este ranking serve, única e exclusivamente, para vender o privado. É um estudo inquinado desde o início. Os colégios privados são uma ilha de impunidade e se há alguém a dizer que “ah e tal, o ranking baseia-se nos exames nacionais”, é bom lembrar que em colégios como o Ribadouro, D. Duarte e Santa Clara no Porto, as respostas dos exames são colocadas no quadro e geridas pelos professores para que as notas não sejam todas iguais.

    O privado é um supermercado de notas

    • Carlos Almeida says:

      “Este ranking serve, única e exclusivamente, para vender o privado”

      Claro e evidente. Afinal o rei vai nu e ninguem reparou.
      Tanta conversa, tanta treta.

      É isso Santiago. O Rei vai nu

  4. JgMenos says:

    A cambada sempre se vê como vitimada!
    Se lhes falam em exigência, em reprovações, em ‘se não estudas vais trabalhar’, rasgam as veste e dizem-se ameaçados na sua irrepreensível dignidade de grunhos.
    No meu tempo, no privado, havia turmas para calinos e desinteressados e turmas para quem tinha melhor hipótese de estudar e progredir.
    No público se faziam os exames e começavam na 3ª classe, na admissão ao liceu no ano seguinte, e mais; sempre era claro que não se tratava de preencher estatísticas mas de qualificar quem nisso se empenhasse.
    Agora misturar para produzir a mediocridade é o objectivo, que alimenta o ideal de tudo igual ainda que na merda!

    • Copacabana says:

      Oi ?

    • Paulo Marques says:

      O que é a vitimização perante a vitimização de terceiros por não terem de passar pelo que de mais parvo e contraproducente que a falta de aplicação científica era capaz de produzir? Devíamos continuar a leste do mundo na jangada de pedra, isso é que eram tempos!

    • POIS! says:

      Pois tá bem…

      Ficamos então a saber que, no tempo em que o Oliveira da Cerejeira falava (também conhecido pela saudosa Era de Menos) a divisa “se não estudas, vais trabalhar” só se aplicava aos de “cá de baixo” que, obviamente, andavam no ensino público.

      Sim, porque quem tinha um paizinho rico ia para as tais turmas de “calinos e desinteressados” que havia no privado, para se ir entretendo.

      Bem tenta o escriba dar a entender que todos tinham as mesmas oportunidades, e que bastaria ter vontade para singrar até aos mais altos níveis de ensino, desde que fosse saltando os obstáculos chamados exames, tipo concurso de hipismo mas sem cavalos.

      Citando Menos:

      “No público se faziam os exames e começavam na 3ª classe, na admissão ao liceu no ano seguinte, e mais”;

      Ora bem, aqui é que começava o problema. Os exames da 3ª classe não eram feitos por todos. Inicialmente destinavam-se até…às raparigas, que ficavam por aí e iam logo trabalhar…

      Havia outras razões (eu até fiz tal exame, porque andei numa escola privada que, descobriram mais tarde os pais pagantes, funcionava ilegalmente e tivemos todos de fazer o chamado “1º grau” para não perdermos o ano…), mas a regra era essa.

      E depois, não vinha automaticamente a “admissão ao liceu”! Nada disso! Aí começava o “funil social” que se ia estreitando até ao ensino superior.

      Só fazia a admissão ao liceu quem fosse proposto por um professor primário ou regente escolar. E estes eram penalizados se os alunos reprovassem, pelo que só propunham aqueles que lhes davam garantias (ou então os cujos paizinhos eram influentes lá no sítio…).

      Os outros faziam, na melhor das hipóteses, a admissão às escolas técnicas e, a esmagadora maioria, apenas a 4ª classe, ou segundo grau. Está claro que o grau de dificuldade e o caráter seletivo desses exames era muito mais alto na chamada admissão ao liceu, menor na das escolas técnicas e “praticamente dado” na 4ª classe…

      Note-se que o acesso ás escolas técnicas permitia outras vias, o que não acontecia com o ensino liceal que se manteve, até ao início dos anos 70, como um ensino destinado às elites.

      Este regime só começou a ser alterado com a ação que veio a culminar na chamada Reforma de Veiga Simão.

      E depois com a Revolução! É claro!

    • Carlos Almeida says:

      Carissimo JgMenos

      “o ideal de tudo igual”

      Com todos os erros que um sistema democrático tenha e ninguém que não seja fanático os nega, é sempre bem melhor que o regime da DITADURA em que só os ricos ou os que na altura se chamava de “remediados” tinham hipótese de estudar.
      Isto nas zonas urbanas porque nas aldeias era bem pior, primeiro porque a concentração de pobres era muito maior, mas também porque as crianças faziam falta para trabalhar na agricultura de subsistência da família e porque as escolas eram longe e não havia transportes.
      Havia algumas excepções quando por sorte a família tinha alguma madrinha rica que pagava os estudos de uma criança. Só que as criança na altura eram muitas.
      Costumo dar o exemplo que acontecia numa aldeia do Alto Ceira, freguesia do Fajão, concelho da Pampilhosa da Serra..
      Essa aldeia chamava-se e chama-se Covanca e as crianças que lá nasciam tinham 3 destinos possíveis:
      1 – Tinham uma madrinha rica – Iam estudar para o seminário do Fundão-, seguindo depois pela via eclesiástica ou outra depois dos estudos primários.

      2 – Não tinham madrinha rica, mas tinham coragem e sorte para todos os dias subirem e descerem 10 Km na encosta do Monte Cebola até à minas da Panasqueira e la trabalhar

      3- Ficavam na aldeia a cuidar da agricultura da família

      Era essa a vida dos pobres no tempo da ditadura de Salazar. Nada tem a ver com os romances ideológicos que o Sr JgMenos tem na cabeça e que não correspondem a nenhuma realidade passada.

      A Bem da Nação

      Carlos Almeida


  5. Este post e os comentários ao mesmo são o melhor exemplo de que, mesmo quando têm razão (é evidente que estes “rankings” não permitem comparações entre público e privado, pois quem tem alunos de escalões sócio-económicos mais elevados das principais cidades, e despacha aqueles mais “problemáticos”, vai ter sempre melhores notas do que quem leva, cada vez mais, só com os pobres, os provincianos e os “problemáticos”) a esquerdalhada acaba por perdê-la, com afirmações sem cabimento (notas de educação física?), obtusas (as notas dos exames nacionais são dadas pelas escolas?) ou pura e simplesmente “terraplanistas” (os privados têm notas melhores porque escrevem as respostas no quadro). Mas percebe-se porquê: é que de outro modo teriam de explicar porque é que uma classe média que, em grande parte, estudou no público e está nas lonas, se endivida para meter os miúdos no privado.

    • Paulo Marques says:

      Não tem muito para explicar, tal como o resto, precisa de investimento contínuo, incentivos materiais a quem quer trabalhar não vivendo no carro, e condições laborais para não se comprar o material com o próprio dinheiro. Isso e fica bem no currículo, bem como o networking com as famílias de bem.
      Mas também peca por defeito, não escolhem só quem entra, escolhem quem tem direito a fazer exame a contar para a sua nota, e haverá, certamente mais batota do que a que é apanhada.


      • Já perguntei, mas sei que jamais terei a resposta: com base nos dados que tirei da Pordata, no ensino público português, nos últimos 40 anos, nunca houve tantos professores para tão poucos alunos. Então porque é que a solução é sempre contratar mais gente? Eu sugiro outra: pagar mais aos que lá estão e trabalham (e não são poucos), e meter no olho da rua os não fazem nada ou fazem mal (e também não são poucos). Mas isto é anátema, porque distinguir os bons dos maus e tratar a cada um conforme o seu mérito é coisa de ultra-liberal.

        • Paulo Marques says:

          Porque as recomendações são para ~20 alunos por aula, e entende-se que os recursos com deficiências ou dificuldades sociais não são nem subhumanos, nem para desperdiçar. Wokices.
          Não sei se são precisos mais ou menos, sei que destruir carreiras, manter subcontractados por anos, e ter buracos que não compensam preencher são obscenidades para um país que se quer manter desenvolvido.
          Sei é que não é por médias do marranço que se avalia a validade do financiamento à educação na vida individual das pessoas; não faltam desastres por esse mundo fora, e, surpresa, as pessoas não são mercadoria. Apesar disso, os resultados do PISA dizem o que dizem sobre os experimentalismos.

        • Tuga says:

          JPT

          ” pagar mais aos que lá estão e trabalham (e não são poucos), e meter no olho da rua os não fazem nada ou fazem mal”

          Peço desculpa por não colocar a sua citação em itálico, mas isso são apenas previlégios dos donos do Aventar

          Mas voltando á resposta ao seu post:
          E que tal, por os professores a fazer aquilo que sabem ou deviam saber e não os sobrecarregar com preenchimento de papeis e outra burocracia, que é o que fazem com prejuízo de ensinar.

          Mas isso obrigava a contratar pessoal administrativo para fazer esse trabalho, um pouco como os policias que em vez de andarem na rua, estão nos gabinetes a fazer o trabalho de funcionários administrativos e dizem as má línguas a jogar as cartas.

          Pois é, sol na eira e chuva no nabal, não é possível

        • Douriense says:

          ” porque distinguir os bons dos maus e tratar a cada um conforme o seu mérito é coisa de ultra-liberal.”

          Não é ultra liberal porque é apenas uma mentira do marketing da fraude, que a realidade mostra todos os dias nas grandes empresas privadas

    • Tuga says:

      “os privados têm notas melhores porque escrevem as respostas no quadro)”

      É óbvio não é !!!!

      • Paulo Marques says:

        Uma pessoa não diz, aponta que aconteceu, e passa como se tivesse a acusar o capital todo. Filho, isso é a tua consciência a dizer-te para dares mais atenção ao que vês.