Ana Drago ESMAGA o partido André Ventura em 2 minutos

Passar, em 4 anos, de “vamos acabar com a Educação pública” para querer devolver a totalidade do tempo de serviço aos professores ilustra na perfeição a fraude que é o partido André Ventura. Ana Drago bem a sublinhar o logro e a deixar o alerta aos jornalistas que vivem deslumbrados com a sua unipessoal. Não lhes vai correr bem.

Olha para o que eu digo….

É um clássico ver políticos dos dois principais partidos a declarar o seu amor à escola pública colocando os seus filhos no ensino privado…

Rankings escolares do Terceiro Mundo

Chegamos àquela altura do ano em que se anunciam os rankings escolares, como sempre dominados por colégios privados, a maior parte dos quais habitualmente apanhados a inflaccionar artificialmente as notas, sobretudo de educação física, ou não fossem os seus alunos, mais do que o futuro deste país, o futuro do Comité Olímpico Português. Em Portugal, mérito é ter dinheiro. E com esta cultura de mérito, o nosso lugar no Terceiro Mundo da Europa está garantido.

Operações stop aos autocarros que transportam professores para a grande manifestação

Imagem retirada do Instagram.

Há relatos de professores multados por trazerem mochilas ao colo ou por estarem a comer dentro do autocarro. Há autocarros que pararam em mais do que uma operação stop.

Eu, que tantas vezes andei de autocarro, nunca vi uma única operação stop a autocarros que saíssem de Lisboa para o Porto, nem do Porto para Lisboa. Já vale de tudo para tentar melindrar quem, há anos, luta por melhores condições e reivindica a justiça para a sua profissão. Quando, em Brasília, se fala do alinhamento dos militares com os vândalos, não se espera que em Portugal a GNR e a PSP se aliem também aos vândalos para tentar destruir a democracia: neste caso, os vândalos são o Governo português, a direita à direita do PS e a extrema-direita.

Os Governos do PS sempre tão lestos na tentativa de criminalizar as greves e os grevistas, têm o desplante de se dizerem de esquerda, terem socialista no nome, enganando incautos, terem liberalizado a economia portuguesa e privatizado anéis e dedos, desde 2019 que querem macronizar a política portuguesa; e ainda se ofendem muito quando alguém de esquerda lhes diz, com propriedade, que de esquerda é que o PS não é. São iguais aos liberais e dão combustível aos proto-fascistas.

Votaram nisto? Agora aguentem, lidem com isso e tentem não se deixar enganar da próxima vez. A única esquerda está à esquerda do PS (mesmo que neste caso, os sindicatos afectos ao PCP mostrem conhecer o dono e entrem na estratégia de tentar sectarizar uma luta de todos os profissionais da educação, dando combustível a este des-governo que dá combustível à extrema-direita).

Vocês são todos muito inteligentes.

É de pequenino que se corrompe o menino

Na capa do Expresso da semana passada, nada de novo: há colégios privados que continuam a corromper o sistema e a vender médias elevadas para quem as pode e quer pagar.

Seja génio ou mandrião, qualquer filho ou filha de pais ricos pode corromper o sistema educativo e comprar as notas que pretende para o curso que quiser. É um modelo de negócio de décadas, e eu ainda sou do tempo em que alunos do meu liceu, na Trofa, iam para colégios no Porto “subir a média”.

Igualmente grave é a afirmação na primeira página do Expresso:

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Custo por aluno e os sonhos húmidos dos liberais

O Ministro da Educação comunicou ao país que, de acordo com cálculos do Ministério, o custo por aluno na escolas públicas teve um “brutal aumento”. Ainda acrescentou que isso se devia ao facto de haver mais funcionários e mais docentes (o que estará muito longe da verdade) e de ter havido descongelamento de carreiras, levando a que mais professores tenham chegado ao topo de carreira. Passados alguns dias, o Ministério ainda explicou que o custo por aluno foi alcançado graças a uma conta muito simples (simplista, diria eu): divide-se o orçamento do Ministério pelo número de alunos.

O mundo liberal português, imediatamente, veio logo gritar pelas virtudes do privado, onde o custo será inferior. Pelo meio, lá reapareceram os mitos do cheque-ensino e da liberdade de escolha (como se os colégios obcecados pelos rankings deixassem entrar qualquer aluno, independentemente da quantia). Noutros tempos, coube a Carlos Guimarães Pinto fazer figuras tristes. Desta vez, foi Rui Rocha (mais um da madrassa Insurgente) a disparatar.

Vamos, por momentos, imaginar que o aluno da escola pública fica mais caro que o de qualquer escola privada. Esse dado, só por si, não chega e permitir-nos-ia dizer disparates de natureza contrária ao dos liberais, como, por exemplo, que, por vezes, é preciso gastar mais dinheiro para que um produto tenha mais qualidade. Também poderíamos dizer que o barato sai caro (se nos lembrarmos de que alguns colégios preparam os alunos para exames, sem se preocuparem com a formação integral de cidadãos, a crítica até faz sentido).

Nada de novo ou de especialmente importante, mas as seitas, de vez em quando, fazem prova de vida e, normalmente, fazem-no insistindo em disparates.

“Ser queer e lutar contra o conservadorismo”: Uma reflexão sobre os encarregados de educação que não deixam os seus educandos evoluir

Miguel Máximo

Ser queer é uma luta constante, uma luta que só as pessoas da comunidade vivem intensamente, um sentimento único que nos empodera e, no seu sentido mais lato, uma palavra que agrega uma ampla comunidade de identidades não-cisheteronormativas e uma palavra que nós tentamos reescrever o seu sentido outrora pejorativo e discriminatório.

Atualmente, queer é uma palavra inclusiva e não exclui, não ofende, não desrespeita, não violenta nem mata quem faz parte da comunidade, mas há quem fora dela tente constantemente relembrar o seu passado e tentar alterar o seu futuro.

Viver num país de desinformação e de preconceito (dois aspetos que ainda vivem intrínsecos nas vidas de uma grande porção da população em Portugal, mas não na sua totalidade) em volta da questão queer é criar o caos e impulsionar o desrespeito, a violência e a discriminação desmedidos.

O respeito, a compaixão e a coexistência entre indivíduos de diferentes sexualidades e diferentes expressões e identidades de género tem de ser ensinados em casa e em espaço escolar desde o início e não podemos dar-nos ao luxo de continuar a ignorar a questão e a fugir sempre que o assunto vem à tona. [Read more…]

XII Convenção do Bloco de Esquerda: Justiça na Resposta à Crise

Fotografia: LUSA

Realizou-se este fim-de-semana, em Matosinhos, a XII Convenção do Bloco de Esquerda.

Depois de quatro anos de “geringonça” e de acordos firmados à Esquerda com o Governo do Partido Socialista e depois de mais quase quatro anos de oposição a um Governo teimosa e prepotentemente minoritário do mesmo partido, o Bloco de Esquerda reuniu-se a Norte para aferir o pulso aos seus militantes e à sua direccção. Catarina Martins, apesar de algo contestada interiormente, venceu e parte assim para pelo menos mais dois anos à frente do partido.

Mas vamos ao fundo da questão. Depois de quatro anos em que o objectivo foi, em conjunto com o PCP e com o PS a governar, reverter a maioria das medidas da Troika, o PS partiu para as eleições de 2019 a apostar em dois trunfos: um, o primeiro, o da maioria absoluta; esperança acalentada até ao fim, tratada como tabu publicamente, mas objectivo premente nas hostes internas; o outro, menos significante para António Costa e Cª, a da continuação dos acordos à Esquerda. Contudo, findado o acto eleitoral de 2019, decidiu o PS governar sozinho, minoritariamente, julgando que podia ceder à Esquerda e à Direita quando melhor lhe conviesse, arregimentando, assim, votos de um lado e do outro, e secando a oposição. Podemos dizer, ainda assim, e tendo por base as sondagens que têm vindo a público, que a estratégia do Partido Socialista não tem saído, de todo, furada – mas, neste ponto em concreto, teríamos base para outro texto.

Fazendo jogo duplo, julgou o PS que, chegada a hora da votação do Orçamento de Estado, tudo se decidiria sem sobressalto. Enganou-se. Para o OE’21, o Bloco de Esquerda insistiu num x número de medidas – que, diga-se de passagem, nem eram todas quantas o partido idealizaria -, entre as quais o reforço do SNS (através da contratação de mais profissionais, sejam médicos, auxiliares ou enfermeiros), a reversão das medidas do Governo PSD/CDS, impostas pela Troika, no que diz respeito à Lei Laboral, e um aumento da rede de protecção social, para prevenir o desemprego e ser possível responder ao aumento anunciado do mesmo, face à situação pandémica. A nenhuma destas propostas atendeu o PS, preferindo, todavia, ceder noutras matérias propostas pelo PCP e contar com a abstenção dos comunistas (e do PAN). Teve azar, o Partido Socialista, pois no Bloco de Esquerda nunca nos contentamos com pouco. Mesmo quando o contexto é mais apertado e complicado, sabemos é que é possível ir mais além e conceder mais a quem trabalha. Ao contrário do PS, não está o Bloco de Esquerda, (bem ou mal, dependendo do espectro político e dos valores ideológicos de cada um) preso às imposições neo-liberais da Comunidade Internacional, encabeçadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América. Está, isso sim, interessado o BE em dar mais condições a quem trabalha, a quem está à margem, a quem não vê reconhecidos os seus direitos nas áreas do trabalho, da educação, da saúde ou da segurança social. E isso basta-nos para sabermos dizer “não” às pretensões do PS de colonizar a Esquerda. [Read more…]

Deixem as crianças em paz

V

Recorte: Visão, via Uma Página Numa Rede Social

Depois de meses (anos?) de furiosa perseguição de uma certa direita a qualquer tipo de iniciativa relacionada com igualdade de género nos recintos escolares, que, asseguram, estão tomados pelo marxismo cultural – o que me leva a crer que esta nova direita vive fechada numa bolha na capital, sem nunca ter colocado os pés numa escola do norte do pais, privada ou pública, onde a ligação com a igreja, directa e indirecta, é a regra, não a excepção – eis que nos deparamos com um episódio peculiar.

Uma reportagem da jornalista Teresa Campos, publicada ontem na revista Visão, conta-nos a história de Sónia Alves, mãe de uma criança de seis anos que frequenta uma escola pública no concelho do Seixal, onde as visitas de um padre, para falar com os alunos, durante o período lectivo, são normais. Numa dessas visitas, o referido padre terá dito aos alunos, crianças de seis anos de idade, que quem não frequenta a cataquese irá para o Inferno quando morrer. [Read more…]

“O padre insiste em entrar na sala de aula do meu filho e é o miúdo que tem de sair”

ou então é marxismo cultural.

Chega de moradas falsas

CMF

Fotografia via Chega de Moradas Falsas

Quando me deparei com esta tarja, achei estar perante um protesto contra aqueles indivíduos que, na condição de servidores públicos, que decidem sobre o destino da nação, declaram residência num concelho longínquo, do qual já nem se lembram e de onde apenas vão recebendo uma notícia, de longe a longe, nas cartas que lhes chegam dos caciques que ficaram na terrinha. [Read more…]

O maravilhoso mundo do ensino publico…

Um aluno imbecil deste calibre merecia uma bofetada do professor, porque a mesma não seria agressão, mas legítima defesa. E obviamente processo disciplinar, seguido de expulsão do estabelecimento de ensino e consequente reprovação do ano lectivo, que seria obrigado a repetir no próximo, noutro estabelecimento.
Não me venham com conversas da treta sobre perigo de exclusão social, alunos problemáticos e outras teorias que acreditam no homem novo ou amanhãs que cantam. Não pode haver tolerância com rufias ou arruaceiros. De uma vez por todas, ou se encaram de frente estes problemas, ou se abrem portas a extremistas e populistas, porque a população está farta do estado de bandalheira a que chegámos…

P.S. – Link colocado às 19h00.

Educação, novo ano, velhos problemas…

À medida que se aproxima o início do ano lectivo, muitos encarregados de educação procuram conseguir o melhor para os seus filhos, o que sendo totalmente legítimo e compreensível, deixa de o ser pelo recurso a estratagemas para conseguir matricular os filhos na melhor escola pública que conseguirem. O problema é mesmo esse, se tivéssemos um ensino maioritariamente privado, seria uma questão de escolha, preços definidos numa lógica de oferta e procura e nada haveria a dizer. Mas o sistema seria contestado, porque ainda que existissem algumas bolsas de estudo nas melhores instituições, ou cheque-ensino para alunos economicamente menos favorecidos, não deixaria de beneficiar maioritariamente as famílias de maiores rendimentos, porque mais facilmente pagariam o acesso às melhores escolas. [Read more…]

O argumento falacioso de RMD

Lê-se aquilo e talvez se pense que faz sentido. Até que se repara nos pressupostos.

Não sou professor, logo a mensagem não me é dirigida, mas permito-me imiscuir-me. Afinal de contas, se RMD está qualificado para mandar bitaites sobre educação, porque não o hei-de fazer também, até porque todos tivemos aulas – logo somos especialistas em educação.

No textículo de RMD comparam-se escolas secundárias com universidades. O argumento é que as segundas são óptimas, apesar de públicas, enquanto que as primeiras são uma porcaria, excepto se forem privadas. Logo, os professores do secundário só podem ser fraquinhos, acrescento eu.

A questão é que a comparação é inválida por várias razões.
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Falta liberdade de escolha na escola…

Todos querem o seu problema resolvido sem atacar questões de fundo ou colocar dogmas em causa, em particular o politicamente correcto. Quem reside junto de uma boa escola tende a reivindicar o direito de proximidade para matricular os filhos perto de casa. Quem tem perto uma escola de reputação duvidosa, argumenta com o direito de matricular filhos onde quer. Se necessário, uns e outros recorrem a vários expedientes, da cunha ao suborno tudo vale para conseguir levar por diante as suas pretensões. [Read more…]

O caso dramático do Liceu José Falcão em Coimbra

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Crateras na parede, fileiras de moisaco partido, fios eléctricos descarnados saídos das paredes da escola, vidros partidos, humidade por todo o lado, o piso do ginásio com falhas perigosas que podem provocar lesões aos jovens no decorrer das aulas de educação física, baldes em todos os cantos para recolher a água da chuva, em todos os cantos, inclusive nas salas de aulas, onde os alunos já são obrigados a levar mantas para se poderem aquecer. Este poderia ser o exemplo de uma escola num país de terceiro mundo ou a passar por uma guerra, mas não, é a realidade de uma escola quase bicentenária situada em pleno coração da cidade de Coimbra, onde estudaram personalidades ilustres da história deste país como Teófilo Braga, Almada Negreiros, Eça de Queirós, António Almeida Santos, Jaime Cortesão, Zeca Afonso, Eugénio de Castro, Carlos Da Mota Pinto, Bissaya Barreto, Vitorino Nemésio, Miguel Torga ou Rómulo de Carvalho.

Uma autêntica vergonha, escondida pelo Parque Escolar, com todas as suas virtudes e fracassos, que ameaça seriamente o ensino público na cidade de Coimbra e que não é mais do que, possivelmente, um pretexto para se fechar de uma vez por todas a escola e obrigar os cidadãos a procurar a vasta oferta privada que existe na cidade.

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Números duros, políticas moles

Santana Castilho*

Há dias, foi tornado público que, durante o ano lectivo de 2015/2016, se registaram 5.051 ocorrências do foro criminal nas escolas portuguesas, isto é, 500 por mês, em média. No ano anterior haviam sido registadas 3.930. Sublinho que não se trata de incidentes disciplinares. Foram ocorrências que caem sob a alçada do Código Penal. Cumulativamente, a PSP teve ainda que intervir em mais 2.001 situações de outro tipo. Estes números são preocupantes e apelam à reflexão.
Aquando de casos mais graves de violência em meio escolar, verifica-se, por parte das autoridades respectivas, uma propensão para dissimular os acontecimentos. Mas se por um lado sabemos que a tendência para iludir o óbvio foi classificada por Freud como a primeira paixão da humanidade, por outro também sabemos que ignorar a realidade nunca nos salva. Aceitemos, então, que a indisciplina é hoje um dos maiores, senão o maior, problema do sistema de ensino e que há uma evidente crise de autoridade na Escola. Quando a estudamos, são esmagadoras duas situações responsáveis: do ponto de vista interno, a falta de coragem para adoptar políticas adequadas à solução dos problemas, materializada pela manutenção de uma lei inadequada, que introduziu no processo disciplinar o método processual penal, com um cortejo de prazos, audições e garantias pedagogicamente desadequadas, tudo permitindo a proliferação de pequenos marginais; do ponto de vista externo, a crescente demissão dos pais para imporem disciplina aos filhos.
A maioria dos pais de filhos indisciplinados não gostaria de ter filhos indisciplinados. Mas não sabe ou não pode discipliná-los. Os restantes são negligentes, que não se interessam pelos filhos e são, eles próprios, quantas vezes, marginais. [Read more…]

Pela Escola Pública, estamos juntos?

cores
Continua…

Manifestação pela escola pública: a estranha cobertura do Público

O Público, numa reportagem de Clara Viana, anunciou que a manifestação a favor da escola pública começou com duas mil pessoas. Nada mau, se tivermos em conta que uma manifestação pode começar com uma pessoa. No entanto, espera-se que a reportagem seja objectiva, pelo que o artigo é algo estranho, como se pode constatar, por exemplo, pela necessidade de corrigir o título da notícia. Com efeito, o título inicial “Manifestação pela escola pública começa em Lisboa com cerca de duas mil pessoas” foi entretanto mudado para “Manifestação pela escola pública junta alguns milhares de pessoas em Lisboa”.

O título inicial da notícia pode ser encontrado no Twitter e no Facebook, já que estas redes não actualizam as suas publicações quando a origem muda.

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Vamos imaginar que é tudo mentira

EB23

Que os 26 colégios privados do Grupo GPS, totalmente dependentes de financiamento estatal, não receberam mais de 52 milhões de euros entre 2010 e 2011. Que não receberam mais de 20 milhões de euros no ano passado.

Vamos imaginar que muitos dos colégios deste grupo não foram construídos apesar de haver oferta suficiente nessas áreas para integrar todos os alunos na escola pública. Que ao lado destas parcerias público-privadas não existem excelentes escolas a meio gás, com dezenas de professores em horário zero.  Que o facto do Grupo GPS ter à cabeça António Calvete, ex-deputado do PS que integrou a comissão parlamentar de Educação no mandato de António Guterres, não tem qualquer relação com a facilidade com que o seu império se expande. [Read more…]

É isto o que há a dizer quanto à escola privada vs. escola pública

(…) 3. É curiosa, surreal, a ideia da direita de que o tratamento dado pelo Estado à escola pública seria ilegítimo porque as privilegiaria face às escolas privadas. Os neoliberais defendem que a escola pública seja tratada em pé de igualdade com as escolas privadas (ou seja: que os impostos de todos nós alimentem as empresas privadas proprietárias de escolas). O que acontece, por muito que isso aborreça os neoliberais de serviço – e eles têm estado diligentemente de serviço –  é que o Estado democrático possui um estatuto diferente das empresas privadas não só porque lhe cabe defender o interesse público de todos os cidadãos sem excepção mas porque emana de uma vontade colectiva democraticamente definida, que decide os valores que a sociedade quer ver promovidos.

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Escola Pública: Faça a sua parte, assine!

Há momentos em que tudo se torna mais simples e, ainda que a vida seja feita de muitos tons, a verdade é que há situações em que a realidade nos apresenta duas partes. De um lado os amarelos, do outro, os defensores da Escola Pública. Já fez a sua opção? Assine!

E se uma escola pública recebesse o mesmo que uma privada com contrato de associação?

O Director do Agrupamento de Escolas de Figueira de Castelo Rodrigo declara que, em 2015, lhe teriam sobrado 469 817 €. E esta, hein?

“Eu é que escolho”. E quem é que paga?

No princípio do verão de 1987, o meu pai chegou a casa com uma indicação de agenda, para uma tarde na Associação da Moita do Boi. Constava que deixaria de haver transporte para a escola da Guia,  transformada em C+S depois do 25 de Abril, antigo externato privado. Além disso, estava a nascer no Louriçal “um colégio novo” – que oferecia transporte, claro – e um dos sócios dispusera-se a explicar, detalhadamente, a cada família, o projecto no seu todo. Lá fomos. Nunca me esquecerei da imagem de António Calvete, à época rapaz de sub-30, camisa e calça de ganga, sapatilhas, óculos redondos e olhar certeiro. Estava sentado sozinho, numa mesa ao cimo daquele salão de baile. Falava pausadamente, discurso estudado e fluente, abusava da bengala de linguagem “no fundo”, e no fundo eu sabia que de pouco adiantava dizer ao meu pai que não queria estudar no Louriçal, que ninguém queria passar os dias na vila, que vivia há anos na sombra do foral manuelino e do convento, mais o mercado ao domingo. Estava escrito nas estrelas, e lá fui, meses depois, para o primeiro 9º ano da vida do Instituto D. João V: 300 pessoas ao todo, entre alunos, funcionários e professores. 50 professores. A nata da nata que havia em Pombal e Figueira da Foz.
Naqueles primeiros tempos da escola fomos todos muito felizes. [Read more…]

Saúde vs. educação…

Sabendo que saúde e educação são bandeiras dos socialistas e compagnons de route na geringonça, alguém me explica porque razão um utente vai passar a escolher livremente um hospital público mas não a escola pública onde matricular o seu filho?

Marcelo, o coerente

Se há personagem lusa que sempre mostrou ao que vinha, essa pessoa foi Marcelo.

Diz o candidato-que-faz-de-conta-que-está-morto: “Privilegiar a Escola Pública é um erro.”

Acrescenta ainda a suprema inteligência do candidato-que-faz-de-conta-que-está-morto que a FENPROF manda no MEC.

Diz que a Liberdade de Escolha é fundamental e subscreveu a aposta de Nuno Crato no ensino Privado.

Agora quer ser Presidente da República. martelo

Ora, não podia ser mais coerente. Há quem o acuse de ser incoerente. Eu discordo. Este senhor é a coerência em pessoa, com direito a foto e tudo, no dicionário ilustrado, algures ali pela letra c.

Ele defende que o dinheiro do povo seja colocado nas escolas privadas. Eu defendo que o dinheiro seja usado para valorizar a Escola Pública.

Ele defende que a Escola Pública, estando maior, está pior. Eu escrevo que a Escola Pública, atendendo à forma como o PSD a tratou, até está muito bem.

Coerências à parte, quando eu for candidato a Presidente irei continuar a defender a Escola Pública. Ele, sendo um não-candidato, mantém a coerência e defende quem o financia.

Por isso, caro leitor, já sabe: se defende o desinvestimento na Escola Pública, seja coerente, vote Marcelo

De como se confunde a opinião pública

Santana Castilho*

Depois dos finlandeses terem decidido substituir nas suas escolas papel e lápis por teclado de computador, para as crianças aprenderem as primeiras letras, foi anunciado novo contributo insólito: o governo do Reino Unido quereria que educadores de infância e professores identificassem crianças potencialmente terroristas. Nem os bebés escapariam a tão estranha teorização pedagógico-securitária. Os educadores, que lá como cá já são tudo e mais alguma coisa, passariam agora a espiões dos espíritos dos recém-nascidos e das circunvoluções, eventualmente radicais, dos seus cérebros em formação. A confirmar-se esta aberração, estaria mais que justificado o título do Público de 4.1.15:

Governo britânico quer infantários a detectar crianças em risco de se tornarem terroristas”. Ou o do I, de 9.1.15:

Creio que em Portugal não se aprovaria tal idiotice”.    [Read more…]

Alunos da Escola Pública

Três alunos portugueses ganharam duas medalhas de ouro e uma de bronze nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática.

Novos cortes: “É na Educação

que é feita a maior poupança.” Bem digo que as palavras da política não prestam para nada.

Carta de uma professora aos governantes

Encontrei a referência no Paulo Guinote e resolvi deixar aqui uma tradução da carta que a professora Judy Willner enviou ao governador Tom Corbett e ao mayor Michael Nutter. Qualquer um deles poderia integrar o governo português, pois ambos se dedicam também à destruição da escola pública.

Caros governador Corbett e mayor Nutter

Por favor, venham visitar a sala do meu terceiro ano e explicar-me como ensinar 32 alunos, 24 dos quais são rapazes. Por favor, expliquem-me como lidar com crianças malcriadas e desrespeitadoras e manter, ainda assim, o controlo da minha aula. Por favor, expliquem-me como poderei criar grupos de leitura ou fazer planos de aula que possam melhorar a educação destas crianças. Por favor, expliquem-me como devo manter a calma, quando tenho crianças a correr pelos corredores e à volta da sala, incomodando os colegas. Por favor, expliquem-me como é possível ensinar um programa de Matemática sem livros e sem papel. Por favor, venham explicar-me como posso planear o meu dia de trabalho de modo a que não me limite a disciplinar as crianças. Por favor, ajudem-me a ajudar aqueles que querem aprender. Por favor, venham explicar-me como poderei ajudar todas estas crianças, quando sou apenas uma pessoa.

Salvo erro, cada um dos senhores tem pessoal que vos ajuda a dirigir a cidade e o Estado. Corrijam-me se estiver enganada, mas tenho a certeza de que ninguém grita convosco, ninguém vos ignora, ninguém vos insulta, ninguém foge do gabinete enquanto vos atira com alguma coisa. Corrijam-me se estiver enganada, mas penso que têm o material de que precisam para que os vossos gabinetes funcionem. Corrijam-me, ainda, se estiver enganada – alguém está a tirar-vos parte do salário e dizer-vos que é vossa obrigação pessoal “resolver o problema do orçamento”?

Não me venham dizer que outras regiões têm os mesmos problemas e que também terei de suportar tudo isto até ao fim do ano. Não se atrevam a dizer-me que não me preocupe com aqueles que não querem aprender e que me concentre naqueles que querem. Não me digam que estão a trabalhar para melhorar a situação de Filadélfia. Finalmente, nunca, nunca culpem os professores pelos problemas que afectam a nossa região.

Assim, façam o favor de me contactar quando estiverem dispostos a tomar conta dos meus alunos durante uma hora. Tenho a certeza de que não aguentarão dez minutos.