Os dias do fim do PSD: o caso do cartoon

Há dias, quando estourou a polémica em torno do cartaz em que António Costa era representado com feições de porco e lápis espetados nos olhos, os partidos de direita desvalorizaram o sucedido.

O maior partido da oposição, porém, não se limitou a desvalorizar. Pela voz do deputado António Cunha, o PSD fez um exercício de whataboutism e relembrou que, no passado, também Passos Coelho foi alvo de representações pouco simpáticas, como aquela em que era retratado como um coelho enforcado. E rematou: “não é justo que se tome a parte pelo todo”, aludindo à minoria de professores que carregou tais cartazes.

Um mês depois, um novo caso com cartoons emerge. E consigo traz um novo PSD. Um PSD que, desta vez, opta por não desvalorizar um simples cartoon. Um cartoon que, desta feita, “atenta de forma evidente e infeliz contra a imagem e o bom nome” das instituições policiais.

Reparem que, na óptica do PSD, passou a ser justo tomar a parte pelo todo. O cartoon critica o racismo no seio das forças policiais, um problema conhecido que se sabe afectar apenas uma parte destas instituições, mas que, para efeitos propagandísticos, o PSD decidiu transformar num ataque a todos e a cada um dos polícias.

É pena que o PSD tenha escolhido o caminho da submissão à extrema-direita.

Será o seu fim.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    Parece que muito recentemente, nos Países Baixos, também um político da direita moderada escolheu o caminho da submissão à extrema-direita, e foi o seu fim.
    O seu nome: Mark Rutte.

    • Paulo Marques says:

      Parece que muito recentemente, em França, um político da direita “moderada” escolheu o caminho da capitulação na cedência do poder à polícia, e só ganhou apoios.

  2. JgMenos says:

    Desde que a esquerdalhada promove a ideia de serem a segurança e a autoridade que a garante, atributos da extrma-direita, é certo que esta virá.

    • POIS! says:

      Pois virá!

      Seja lá o que “esta” for.

      Numa manhã de nevoeiro, cuidadosamente embrulhada em prints de tuítes do Venturoso Quarto Pastorinho.

      Os vendedores de castanhas é que terão um sério contratempo. Vão ter de descobrir material para embrulhar as dúzias noutro lado.

    • Paulo Marques says:

      Garante, a quem e onde? O que garante é a violência contra indesejáveis, com sorte alinhados, com azar a protegerem-se de escrutínio político e legal, como explicitamente assumido na missiva pública. É que depois pode ser uma chatice se partilhares o condomínio ou quiseres o divórcio e só te puderes queixar aos colegas, é pena que não aconteça contigo.

    • Copacabana says:

      Oi ?