agora fazei o favor de ler o artigo do Henrique Burnay, no Expresso. Totalmente grátis.
Somos todos gauleses

Por norma queremos que a França perca sempre, porque temos um passado de gato-sapato aos mãos dos tipos, excepção feita ao Euro 2016. Mas hoje, meu querido Portugal, somos todos uma irredutível aldeia de gauleses, porque querer a vitória da Argentina é uma afronta ao nosso Deus e a Igreja Universal do Reino de CR7, n’est pas?
A escolha fácil entre Macron e Marine Le Putin

A vitória de Macron era expectável, mas não estávamos livres de uma desagradável surpresa. Felizmente, a extrema-direita fez aquilo que sabe fazer melhor: não passar. E não passou.
Se Macron seria o meu candidato, fosse eu francês? Seguramente que não.
Se eu votaria nele na segunda volta?
Sem pestanejar.
Quando as escolhas são todas más, opta-se sempre pelo mal menor. E Macron, na pior das hipóteses, era o mal menor. Infinitamente menor que a emissária de Putin no centro da Europa.
No Kremlin, as garrafas de champanhe voltaram para o frigorífico. Havia esperança, proporcional ao medo do lado de cá, mas Putin acabou por ser o grande derrotado da noite. Putin, Salvini, Orbán, Farage, Gauland, Wilders, Abascal, o coiso e todos os novos fascistas que sonham com uma Europa dividida, à mercê do Kremlin. Como diria o grande Diego Armando Maradona, “que la chupen y sigan chupando”.
P.S: Para aqueles que continuam a normalizar o CH, a começar pelo PSD de Rui Rio, notem que Ventura e Putin estiveram no mesmo coro de apoio a Le Pen. Porque, no fundo, jogam todos na mesma equipa, diga o CH o que disser no Parlamento. Querem sentir o pulso à extrema-direita portuguesa? Ide ler a carta de amor de Maria Vieira ao regime russo.
Eleições em França: Ler os sinais

Le Pen ganhou no eleitorado dos 18 aos 50. Só a partir daí Macron conseguiu vencer. É só perceber os sinais. Ou mudam as políticas ou os franceses vão acabar a entregar o poder ao lado negro da história.
Depois não culpem o eleitorado…
Marine Le Pen e o terramoto que poderá virar o jogo a favor de Putin
Mentiria se dissesse que não estou preocupado. É claro que estou preocupado. Como deve estar preocupado qualquer um que acredita no nosso modo de vida, no projecto europeu e na democracia liberal. E na nossa segurança colectiva. A possibilidade de Marine Le Pen chegar ao Eliseu equivale a escancarar os corredores mais restritos da UE e da NATO a Vladimir Putin, altera a balança de poder no conselho de segurança da ONU e coloca um dos exércitos mais poderosos do mundo, com capacidade nuclear, sob tutela de alguém que moderou a linguagem para ganhar as eleições, mas que foi a mesma pessoa que, a propósito de Putin, afirmou o seguinte:
The Daily Show: Macron vs Le Pen

Fotografia retirada de opendemocracy.net
Ela (Marine Le Pen) revê-se em Putin? Quer dizer, sendo justo, perguntaram-lhe sobre Putin em 2017, e na altura ele só adulterava eleições e envenenava pessoas. Era demasiado cedo para estar contra Putin. Fora de brincadeiras, foram visões como esta que levaram a que Le Pen não vencesse as eleições presidenciais francesas em 2012 e em 2017. Mas, tal como um Terminator, Le Pen fica mais esperta a cada sequela e é isso que a torna realmente perigosa. Depois das últimas eleições, Le Pen começou a reformular-se, agora como uma ‘afável e gentil’ racista. Sim… ‘será que o posso levar de volta para a sua terra, cavalheiro?’… E a forma como o fez foi simplesmente deixar de falar tanto sobre esses assuntos, sem nunca abandonar as visões fascistas. Basicamente, é como quando estamos numa reunião no Zoom e o enquadramento só mostra aquele canto muito arrumadinho do nosso apartamento; mas isso não apaga o facto de continuar a haver uma família de doninhas a comer restos de comida chinesa no nosso sofá. Percebem o que digo? É o mesmo mundo. E Le Pen não começou a ‘moderar’ apenas as suas palavras, mas também renovou a sua imagem para cultivar uma imagem mais ‘amável’ dela própria. E é aqui que se encontra a França, a caminho das eleições do próximo Domingo: um candidato à reeleição, um moderado que com fraca aprovação por parte do povo, espera derrotar uma aliada de Putin, xenófoba, que regressa para uma última tentativa de eleição. É por isto que gosto tanto da política francesa: é tão diferente da dos EUA…
Trevor Noah no seu The Daily Show.
Quanto a ligações e/ou adorações a Putin, não nos esqueçamos (apesar desta panóplia de batedores no PCP): do VOX de Espanha a André Ventura e ao seu CHEGA em Portugal; de Marine Le Pen na França a Viktor Orbán na Hungria, passando por Trump, nos EUA, sabemos quem depende, directa ou indirectamente, do proto-czarista russo, por mais ou menos maquilhagem que coloquem – nada vos tapará a real face.
Le Pen, uma bomba-relógio
A crónica de Daniel Oliveira na TSF é um excelente exercício que merece ser lido ou ouvido. Não estamos imunes a igual desfecho.
Putin e Ventura, a mesma luta

Num momento particularmente delicado para a extrema-direita ocidental, a passagem de Marine Le Pen à segunda volta das presidenciais francesas é uma lufada de ar fresco e o renovar da velha esperança de destruir a UE, destruir a NATO, destruir todo o multilateralismo e, sobretudo, destruir as instituições democráticas e trazer de volta os autoritarismos que nos mergulharam na Segunda Guerra Mundial.
Ventura e o seu grupo parlamentar já se puseram em bicos de pés para saudar o resultado do partido-irmão, alegria partilhada por um dos principais apoiantes e financiadores dos neofascistas franceses, Vladimir Putin. E se Putin é o alvo a abater, Le Pen, Trump, Salvini ou Ventura são inimigos das democracias liberais, alinhados política e ideologicamente com o Adolfo de São Petersburgo, que devem ser combatidos, sem contemplações. E não nos deixemos enganar por declarações de circunstância. Ao mínimo deslize ou sinal de fraqueza da União, os novos fascistas assumirão aquilo que sempre foram: peões do Kremlin.
França: Macron lidera, à boca das urnas

A margem é curta, mas nem por isso insignificante. Le Pen volta a falhar no primeiro round do assalto ao Eliseu, apesar de seguir para a segunda volta, como de resto era expectável.
Mais curta ainda é a diferença entre Le Pen e Jean-Luc Mélenchon, que completa o pódio com 20,3%, e que terá uma palavra a dizer no realinhamento de forças para a segunda volta.
De notar ainda a consolidação do desaparecimento dos partidos tradicionais franceses, com Anne Hidalgo a registar uns desastrosos 2% para o PS, e Valérie Pécresse, do Les Republicans, herdeiro da UMP de Chirac, a não ir além dos 4,8%.
Daqui por duas semanas saberemos, se continuaremos a ter Paris. Putin estará atento.
E se não tivermos sempre Paris?

A possibilidade real de Marine Le Pen ser a próxima presidente francesa é uma ameaça séria ao projecto europeu mas, sobretudo, uma enorme ameaça à segurança do mundo Ocidental. Ter esta mulher como líder da única potência nuclear da UE, cuja ascensão foi em larga medida patrocinada e financiada pelo Kremlin, mais ainda num momento como o que vivemos, devia fazer soar todos os alarmes. Ter uma emissária de Putin com poder em Bruxelas, na NATO e no próprio Conselho de Segurança da ONU, alterando a balança do poder em favor do eixo Moscovo-Pequim, pode ser o fim da história como a conhecemos. Não estarmos todos alarmados com esta possibilidade alarma-me ainda mais. Não sei se a Eurasia de Medvedev chegará algum dia de Vladivostok a Lisboa, mas está a aproximar-se perigosamente de Paris.
França: As sondagens valem o que valem….
…. mas esta é assustadora.
Os “coletes amarelos” andaram meses a protestar em França. Uma boa parte da sociedade civil francesa radicalizou-se politicamente (basta somar as intenções de voto nos candidatos das extremas). Os chamados “partidos do centro” definham. E a Le Pen vai subindo de eleição para eleição. O Putin pode até nem ganhar a guerra na Ucrânia mas os filhos de putin estão a crescer a olhos vistos em quase todos os países europeus.
O mundo está a ficar perigoso.
Os velhos colaboracionistas franceses voltaram….
A Renault, a exemplo da Nestlé*, a manter uma velha tradição nacional colaboracionista. Anda Macron pelos palcos internacionais a bradar contra Putin e no segredo dos gabinetes do capitalismo selvagem business as usual…. hipócritas do caralho.

*Sim, erro meu, a Nestlé não é francesa. De todo o modo, aqui ficam outras empresas (palmado ao nosso Carlos Osório) que, tal como a Renault, continuam na Rússia: Leroy Merlin, Danone, Auchan ou Decathlon.
O perigoso trilho da personificação do mal
É indubitável que Vladimir Putin é um déspota, sem escrúpulos. E a questão essencial não é se há outros ou não. Até porque sabemos que há.
A questão essencial é se só agora ele se revelou como tal.
Obviamente que não. E, no entanto, todo o chamado “Mundo Ocidental”, do qual fazemos parte, hoje chocado e revoltado com a sua ofensiva bélica sobre a Ucrânia, num conflito armado que dizima vidas inocentes, não se inibiu de fazer negócios, de engrossar fortunas, e até, ficar na sua dependência.
Já se sabia quem era Vladimir Putin quando a Europa – leia-se França e Alemanha -, aceitou ficar em grande parte dependente do gás russo. Ou quando Portugal foi à Rússia vender vistos gold. Ou quando a OTAN começou a expandir-se para o outrora Bloco de Leste, rumo à fronteira com a Rússia, em violação do compromisso por si assumido de não fazer tal.
Tudo isto foi acontecendo enquanto jornalistas, activistas e opositores a Putin, eram assassinados; enquanto os envenenamentos se tornavam uma espécie de instrumento de política internacional russa, etc.
Da mesma forma que o “Mundo Ocidental” sabe bem quem é e que é Xi Jiping e a China. E se a China resolver invadir a Ilha Formosa, ou Taiwan, ou que se lhe quiser chamar, o mesmo “Mundo Ocidental” que deslocou para a China a sua indústria, e que se tornou dependente dos seus fornecimentos de bens e capitais, vai bradar “Sacanas dos chineses! Maldito Xi Jiping!”. [Read more…]
Quando li «sabia que contrato poderia ser cancelado»,
pensei imediatamente no contrato do anfíbio de Gaia: afinal, era o dos submarinos actualmente em voga.
Foto: © DR
Quantas voltas mais se quer dar a um tratado anacrónico antes de o atirar pela borda fora? Ou: defendam o Planeta, acima do negócio
É a sexta ronda de negociações sobre a modernização do Tratado da Carta da Energia que está a decorrer de 6 a 9 de Julho.
Há mais de um ano que a UE anda, supostamente, a tentar compatibilizar este tratado da última década do século passado, que protege os combustíveis fósseis, com o acordo de Paris. Em vão. São 55 membros e alterações substanciais exigem unanimidade. Informações “vazadas” sobre a anterior ronda de negociações realizada de 1 a 4 de Junho passado, mostram que não há “avanços substanciais“ quanto à eliminação da protecção aos combustíveis fósseis. Países cuja economia depende em grande medida dos mesmos, como o Cazaquistão, rejeitam liminarmente passos para a eliminação da protecção especial (ISDS) a esses combustíveis, largamente responsáveis por emissões com efeito de estufa.
Perante este impasse, a Comissão Europeia parece estar com vontade de “flexibilizar” a sua posição para procurar “possíveis compromissos”, agarrando-se a um tratado obsoleto, que está a bloquear a tomada de medidas dos governos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, através de tribunais privados exclusivos nos quais as multinacionais exigem indemnizações milionárias, a pagar pelos cidadãos (ISDS). Foi o caso dos Países Baixos, que estão a enfrentar processos de milhares de milhões por terem decidido eliminar progressivamente o carvão para a produção de energia até 2030. [Read more…]
Sons do Aventar – Como não amar Armand?
ای روز برا که ذره ها رقص کنند
آن کس که از او چرخ و هوا رقص کنند
جانها ز خوشی بی سر و پا رقص کنند
در گوش تو گویم که کجا رقص کنند
هر ذره که در هوا یا در هامون است
نیکو نگرش که…
Ó Dia, desperta! que os átomos já dançam
E todo o universo dança graças a eles
As almas dançam possuídas pelo êxtase
Te sussurrando ao ouvido para onde lhes leva a dança
Todos os átomos no ar e no deserto estão possuídos
Cada átomo feliz e triste está encantado pelo sol
Nada mais a dizer
Nada mais

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André Ventura e Marine Le Pen, ou a arte de se afirmar defensor dos portugueses de bem e promover quem os persegue e ameaça de morte
Historicamente, França tem sido o principal ponto de chegada para centenas de milhares de emigrantes portugueses, desde a década de 60, quando fugiam da miséria imposta pelo regime salazarista. Estima-se que vivam no país cerca de meio milhão de portugueses e luso-descendentes, a maioria dos quais perfeitamente integrada, sem historial relevante de associação a problemas sociais ou criminalidade, que, não raras vezes, diz “presente” quando se trata de desempenhar as funções que os franceses não querem fazer, das limpezas à construção civil.
Estes portugueses, tão portugueses como qualquer português que habite em solo nacional, são, apesar das vicissitudes, portugueses orgulhosos e patriotas, que investem em Portugal, que constroem casa em Portugal, onde regressam após se reformarem, que geram milhões para o sector do turismo, do Algarve ao Alto Minho, e que transferem milhões de divisas para o seu pé de meia, num qualquer banco português. Apenas para dar alguns exemplos. [Read more…]
Acabaram os Eders gordos!
Finalmente, acabou o tempo em que jogávamos à grande e à francesa e voltamos a jogar à “quase que era” e à portuguesa. Confesso, tinha saudades!
Combater o vírus da evasão fiscal para salvar a União Europeia
Imagem via Pressenza
Dinamarca, Polónia e França tomaram uma decisão muito sensata e corajosa, ao excluir todas as empresas sediadas em paraísos fiscais de qualquer apoio estatal, no âmbito do combate às consequências económicas da pandemia. O meu aplauso e votos de que o governo português tenha a mesma coragem e sensatez. Que este seja o primeiro passo para um boicote total da UE à evasão fiscal, e que todos os membros lhes sigam o exemplo. E que o segundo seja um projecto de harmonização fiscal no seio da União, para acabar com as práticas desleais e contrárias ao espírito que está na base da sua constituição, das quais países como a Holanda, o Luxemburgo e a Irlanda não querem abdicar. Se queremos sobreviver e sair desta crise com uma União Europeia mais coesa, mais justa e mais solidária, ao invés de ficarmos sentados a assistir ao seu colapso, o momento de agir é agora.
A vida humana
Conheci a história do infame Dr. Petiot através de uma obra do historiador David King, que tem explorado de forma mais ou menos ligeira casos reais da Europa das décadas de 1930-1950. Marcel Petiot foi um médico que, durante a II Guerra Mundial, assassinou cerca de 60 pessoas, em Paris. Um assassino em série cujo número exacto de vítimas nunca foi estabelecido e que confessou não saber ao certo quantos tinham sido.
Com o nome de código de “Dr. Eugéne”, prometia ajudar a fugir de Paris todos os perseguidos pela Gestapo e pelo governo de Vichy, fazendo-os chegar até Espanha, daí a Portugal e, finalmente, de barco até à Argentina. Na realidade, recebia os honorários por este serviço e assassinava os seus clientes, desfazendo-se depois dos corpos num poço de cal, esquartejando-os e queimando os restos numa salamandra. Como as vítimas sabiam que não regressariam a Paris, levavam consigo na bagagem (e até escondidos no forro das roupas) maços de nota, jóias, todos os valores que podiam transportar. Em pouco anos, Petiot acumulou uma fortuna. [Read more…]
Resta saber se serve…
O Conselho Constitucional francês validou a primeira lei europeia especificamente contra a manipulação da informação on-line em período eleitoral (a aplicar nos 3 meses anteriores ao primeiro dia do mês das eleições), salientando que apenas devem poder ser eliminadas das plataformas de distribuição:
1) As informações manifestamente falsas ou enganadoras (e não as paródias, as informações parcialmente inexactas ou simplesmente exageradas);
2) relativas a factos (não abrangendo, portanto, as opiniões);
3) que possam condicionar, de forma manifesta e objectivamente demonstrável, a sinceridade da eleição; e
4) que sejam distribuídas de modo automático, massivo e deliberado.
A eliminação é requerida judicialmente através de processo sumário, devendo o juiz decidir no prazo de 48 horas.
A lei requer aos operadores de plataformas on-line cuja actividade exceda, em França, um certo número de conexões, que forneçam aos utilizadores informações leais, claras e transparentes sobre 1) a identidade das pessoas singulares ou colectivas que pagam à plataforma para a promoção de conteúdos informativos relacionados com um debate de interesse geral (isto é, com o acto eleitoral a realizar), 2) o montante de tais remunerações, se for superior a um determinado limiar fixado por decreto, e 3) o uso que é feito, como parte desta promoção, dos dados pessoais dos utilizadores. Esta informação é agregada num registo disponibilizado ao público e actualizado regularmente durante o período em questão. O incumprimento destas regras pode dar lugar a um ano de prisão e a uma multa de 75.000 euros.
A lei prevê ainda o estabelecimento, pelos operadores das plataformas on-line, de um sistema que permita aos seus utilizadores assinalar informações falsas e vincula esses operadores a aplicar medidas adicionais que podem incluir a transparência dos algoritmos ou a luta contra as contas que promovam a divulgação massiva de informações falsas.
Vista com estas reservas, parece ser uma lei equilibrada e necessária para fazer frente à intoxicação da opinião pública que a extrema-direita vem desenvolvendo de forma metódica e sistemática, na Eu ro pa, nos Estados Unidos e no resto do mundo, cavalgando sem escrúpulos o descontentamento das populações com os vícios dos sistemas políticos e a tibieza das políticas públicas.
Filhadaputice é isto
Venham daí as luminárias dissertar sobre as virtudes de um número, 3%, escrito nas costas de um guardanapo, para tapar a boca dos opositores, e sobre o desígnio da austeridade saudável. E recorde-se a chantagem do défice, qual guilhotina pronta a cortar a credibilidade financeira, tão presente como arma de arremesso quando a geringonça se estava a constituir com alternativa ao governo daquele se sentou em Salazar.
Não é a primeira vez; regista-se mais esta iteração da história dos porcos que são mais animais do que os outros.
“Sério”, diz o farsola. Façam-se, depois, machetes sobre o inacreditável crescimento dos populistas.
Coletes amarelos: o povo saiu à rua
A batalha de Paris, que ontem levou a cena o seu quinto acto, não é uma versão moderna da tomada da Bastilha. É a entrada em cena, no núcleo duro da velha Europa ocidental, de uma forma muito particular de terrorismo, que há meses se manifesta ideologicamente em blogues e redes sociais, onde se formou um pequeno exército de indignados que, a meu ver inadvertidamente, serviu de cobertura para que um grupo de profissionais do distúrbio pusessem em marcha uma agenda de destabilização, focada no objectivo final de abater a Democracia como a conhecemos. E de colocar Marine Le Pen no poder.
Mas esse pequeno exército, que nem é tão pequeno como parece, nem se resume aos revolucionários gauleses que tomaram as ruas da capital e das grandes cidades francesas, é muito mais do que um grupo de delinquentes que professa ideologias extremistas. É a manifestação de um povo, cada vez mais consciente da sua condição de financiador das mais fabulosas fortunas do planeta, que assiste, indignado, à galopante precarização das suas condições de vida, perante a indiferença e escárnio da elite que os comanda. [Read more…]
Quando a carga fiscal se torna excessiva – II
Em boa hora o governo francês cedeu à pressão da sociedade e recuou na intenção de subir impostos sobre combustíveis. O primeiro-ministro já veio dizer que se as pessoas querem diminuir a receita fiscal, terão que repensar a despesa pública. Vale a pena recordar que nos últimos 10 anos a carga fiscal tem vindo a subir, rondando os 48% para um inacreditável nível de despesa pública perto dos 57%. Ou seja, boa parte dos franceses trabalha mais para alimentar o Estado do que a si próprios, o que além de imoral, é um atentado à Liberdade. Os governos nunca limitam gastos, mas os bolsos do contribuinte não são infinitos, algum dia o esbulho terá que parar… [Read more…]
Quando a carga fiscal se torna excessiva…
Não escondo que simpatizei com Emmanuel Macron, tendo considerado a sua eleição uma lufada de ar fresco na bafienta U.E., porque derrotou os partidos há muito instalados no sistema e prometia diminuir o peso do Estado na economia, reduzindo impostos. Mas como sempre acontece, perdeu a inocência e acabou sucumbindo às corporações e interesses múltiplos, aumentando os impostos sobre combustíveis. [Read more…]
Em nome da Coerência
Há dois dias, o ministro do Ambiente francês demitiu-se lapidarmente: “Não quero continuar a mentir-me a mim próprio. Não quero dar a ilusão de que a minha presença no Governo significa que estamos à altura dos desafios (ambientais) e, por isso, decidi demitir-me”, anunciou Nicolas Hulot. E foi-se.
Macron, que fez da luta contra as mudanças climáticas uma das suas bandeiras, tinha prometido durante a campanha eleitoral objectivos ambientais ambiciosos, como a proibição do glifosato ou a redução para metade da produção de energia nuclear em França até 2025.
O balanço de Hulot, ao fim de pouco mais de um ano em funções, é explícito: “Já começámos a reduzir o uso de pesticidas? A resposta é não. Já começámos a fazer alguma coisa contra a perda da biodiversidade? A resposta é não. Já começámos a fazer algo para a preservação dos nossos solos? A resposta é não.” [Read more…]
Imigrante ilegal, negro, islâmico e herói nacional
Mamadou Gassama é um dos milhares de imigrantes que, todos os dias, arrisca a vida para escapar de um qualquer inferno na Terra, a bordo de uma embarcação frágil e sobrelotada. No caso de Mamadou, foi o Mali, um dos países mais pobres do planeta, apesar de dono da terceira maior reserva africana de ouro.
O Mali é um estado secular, de maioria muçulmana. Ainda assim, existem algumas zonas no norte do país onde a sharia se substitui à lei, o que equivale a dizer que um conjunto de fanáticos interpreta o Corão como lhe apetece e aplica amputações, apedrejamentos até à morte e outras formas de tortura e extermínio. Não sei se Mamadou vivia no norte do país, mas eu nem no sul queria estar, com malucos daqueles à solta. Fugia dali, como o maliano fez. [Read more…]
Ditadores sofisticados
Bashar al-Assad devolveu a condecoração que lhe foi atribuída pelo estado francês em 2001. Sim, é verdade: os nossos moralíssimos lideres ocidentais têm esse estranho vício de condecorar qualquer merda que lhes apareça à frente, democrata ou ditador, desde que sirva, ainda que momentaneamente, os seus interesses políticos e pessoais. Ou os interesses económicos de quem lhes paga as campanhas e lhes garante as reformas douradas.
Daí não admirar que Kadhafi tenha financiado a campanha de 2007 de Sarkozy, que os EUA armem a Arábia Saudita até aos dentes ou que o polidos britânicos sejam os banqueiros preferenciais dos oligarcas russos, com a sua City repleta de lavandarias de Vladimir Putin. Porque, por trás do falso moralismo e da preocupação fingida com a democracia e com o bem-estar da humanidade, estão quase sempre prostitutas políticas sem escrúpulos. Ditadores mais sofisticados, portanto.
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