Sempre em contato

dahon hitchens

© Christian Witkin/VF (http://vnty.fr/1EdNq4s)

I try to deny myself any illusions or delusions, and I think that this perhaps entitles me to try and deny the same to others, at least as long as they refuse to keep their fantasies to themselves.

Christopher Hitchens

[W]hen the truth becomes inconvenient, the person takes a flight from facts.

Troy Campbell e Justin Friesen

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Efectivamente, com o Acordo Ortográfico de 1990, há quem fuja de factos e aproveite o embalo para evitar contactos e secções — e há quem julgue (e divulgue) que “as novas regras estão a ser aplicadas sem atropelos” e “sem problemas de maior“. Houve mesmo, in illo tempore, referências a matérias muito relevantes para a ortografia portuguesa europeia, como cortes de cabelo e barba.

No entanto, em suma, aquilo que actualmente temos é isto:

O candidato da coligação Mudança, Victor Freitas, esteve em contato com a população de Santa Cruz e do Caniço.

O candidato da coligação Mudança esteve hoje na freguesia de Santo António para contatar a população local.

O candidato da coligação Mudança esteve hoje no bairro da Ajuda para contatar a população local.

A coligação Mudança esteve hoje em Gaula contatando a população.

No âmbito das “Presidências Abertas” no concelho de Machico, o PS-M visitou hoje a freguesia do Porto da Cruz para contatar com a população.

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Contra-semântica, co-adopção e contra-senso

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Mark Rothko, Entrance to Subway [Subway Scene],1938, Collection of Kate Rothko Prizel (http://1.usa.gov/13sD0jg)

I try to deny myself any illusions or delusions, and I think that this perhaps entitles me to try and deny the same to others, at least as long as they refuse to keep their fantasies to themselves.

Christopher Hitchens

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Ao ler “Implementar as ações [sic] necessárias à harmonização gráfica da língua portuguesa e da terminologia técnica, nos termos dos acordos estabelecidos”, na página 59 do documento estratégico orientador Agenda para a Década (Agenda para a Década ou Agenda pára a Década?), fiquei a matutar naquilo: “harmonização gráfica da língua portuguesa”.

“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?

Interceptar?

“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?

Aspectos? Perspectiva? Concepção? Facções? 

“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?

Excepcionais convertido para excecionais? Percepção convertido para perceção? Aspecto  convertido para aspeto? Aspectos convertido para aspetos?  Perspectiva convertido para perspetiva? Perspectivas convertido para perspetivas? Concepção convertido para conceção? Respectivas convertido para respetivas? Respectivos convertido para respetivos? Confecções convertido para confeções? Receptivos convertido para recetivos? Ruptura convertido para rutura? Receptiva convertido para recetiva? Facções convertido para fações? Receptividade convertido para recetividade? Respectivamente convertido para respetivamente? Receptor convertido para recetor? Infecciosas convertido para infeciosas? Excepcional convertido para excecional? Recepção convertido para receção? Rupturas convertido para ruturas?

“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?

“Harmonização gráfica”?

“Da língua portuguesa”?

Depois de lida a Agenda para a Década (Agenda para a Década ou Agenda pára a Década? — a dúvida mantém-se), debrucei-me sobre o texto  [Read more…]

Ponham-se finos: dívidas há muitas, seus palermas

Socorro, chamem o Merdina Carreira, que horror, valha-nos o S. João Duque, um deputado do PS disse o que é óbvio: não pagar é o único caminho para entre outras coisas pagar a dívida que seja mesmo devida. Porque juros de usurário não são para pagar meus senhores. Porque nunca pagaremos, como é evidente, seguindo este caminho nunca teremos crescimento económico que o permita. Pedro Nuno Santos tem razão, quem não a têm é quem agora dá o dito por não dito, incluindo o próprio.

A estupidez da direita portuguesa não é bem estupidez: pagar uma dívida que não sabemos qual é nem que a arranjou (e amanhã espero que se comece a investigar no âmbito da Auditoria Cidadã) é uma boa desculpa para aumentar o desemprego e os horários de trabalho, reduzir os salários e robustecer os lucros e já agora meter os trabalhadores virados para a parede.

Isto é uma evidência, mas uma comunicação social manipuladora transforma a verdade em mentira e a mentira em verdade, tal como o outro não transformou a água em vinho (e adeus, Christopher Hitchens, deus não existe e não é pequeno nem grande).