I try to deny myself any illusions or delusions, and I think that this perhaps entitles me to try and deny the same to others, at least as long as they refuse to keep their fantasies to themselves.
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Ao ler “Implementar as ações [sic] necessárias à harmonização gráfica da língua portuguesa e da terminologia técnica, nos termos dos acordos estabelecidos”, na página 59 do documento estratégico orientador Agenda para a Década (Agenda para a Década ou Agenda pára a Década?), fiquei a matutar naquilo: “harmonização gráfica da língua portuguesa”.
“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?
“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?
Aspectos? Perspectiva? Concepção? Facções?
“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?
“Harmonização gráfica da língua portuguesa”?
“Harmonização gráfica”?
“Da língua portuguesa”?
Depois de lida a Agenda para a Década (Agenda para a Década ou Agenda pára a Década? — a dúvida mantém-se), debrucei-me sobre o texto de Isabel Moreira É assim como fazer um exame de teologia para exercer sexologia e dei por mim a reflectir acerca de mais este exemplo de alguém que deixou de adoptar o Acordo Ortográfico de 1990 e que muito provavelmente ainda não sabe.
Nem me refiro ao excelente ‘Outubro’ que surge no texto. Aquilo que grafemicamente mais me agrada, por diversos motivos, é a omnipresença do “Contra-semântica”, no título da coluna de Isabel Moreira, no Expresso — muito naturalmente, regressei ao episódio da *co-adoção e creio que estaremos todos efectivamente em condições de detectar um padrão estável: há quem simultaneamente consiga adoptar e não adoptar o AO90.
Recordando que o Acordo Ortográfico de 1990 é um documento com 21 bases (sim, 21 bases), isto é, não se restringe à base IV e à supressão de consoantes a torto e a direito (grafar ‘subjetivo’, ‘proteção’ e ‘lecionar’ não chega), lembro igualmente a existência da obscura e aparentemente críptica base XVI — já para não referir a base XIX.
Relembrando que Isabel Moreira participou e interveio na Audição Parlamentar N.º 122-CECC-XII e que insistiu (*)
o Acordo Ortográfico incide apenas sobre a ortografia, visando tão-somente regular qual a grafia de uso oficial e estabelecida como padrão para efeitos de harmonização da escrita do Português, mantendo-se a pronúncia e o uso das palavras inalteráveis, bem como a plena liberdade individual de utilização da grafia que pretender por parte de cada cidadão,
arrisco aventar (excelente verbo) que a Autora porventura preferiria uma correcção no final do parágrafo que citou: onde se lê “plena liberdade individual de utilização da grafia que pretender”, dever-se-ia ler “plena liberdade individual de utilização das grafias que pretender”.
Exactamente.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
(*) Parecer sobre a Petição n.º 259/XII/2.ª, p. 6.
Assim se vai elevando a qualidade do Aventar