O ciclismo, a W52-FCPorto e o Doping

Em miúdo gostava de ciclismo. Não perdia uma Volta a França ou a Portugal na televisão e achava o esforço que os ciclistas faziam uma coisa de outro mundo. Até um dia. O dia em que se descobriu que o enorme Lance Armstrong, o ciclista que me fazia vibrar, afinal corria dopado. Para mim foi o ponto final na credibilidade do ciclismo.

Nos últimos anos, fruto da minha paixão pelo FC Porto, voltei a olhar para o ciclismo mas sempre desconfiado. Não fosse o diabo tecê-las. Até que, na semana passada, mais coisa menos coisa, dou de caras com as notícias sobre doping na W52 Quintanilha – FC Porto. Envergonhado, encolhi os ombros e pensei: não vale a pena, o ciclismo morreu de “morte macaca” há uns anos e não volta mais. Confesso, nem duvidei da notícia até pelo envolvimento da Polícia Judiciária na coisa. Até que….

Esta semana sou surpreendido com a notícia de que as análises ao sangue e urina dos ciclistas da W52-FCPorto foram enviadas para um laboratório em Barcelona, um dos mais prestigiados do mundo e o resultado foi: tudo e todos absolutamente limpos! Até o passaporte biológico! Diz quem sabe que a coisa foi fruto de uma denúncia. Certamente, anónima. Ora, no ciclismo e com o historial dos últimos anos na modalidade, não é difícil acreditar em tais denúncias. Eu, perante as notícias, nem hesitei em acreditar. Como as grandes dores são mudas, nem piei.

A questão agora é outra. O nome da W52 Quintanilha e o nome do FC Porto foram manchados. Por uma precipitação das autoridades. Será que a coisa não podia ter sido feita com o recato devido e depois, só depois, perante os resultados reagir? É que as parangonas de ontem passaram, salvo raras excepções, a meras notas de rodapé hoje. Como e quem vai reparar o bom nome dos atingidos? Como é costume em tudo quando toca ao FC Porto, primeiro atiram e só depois perguntam. E no final, pelo menos neste caso, o FC Porto e a W52 Quintanilha por tabela ainda tiveram sorte: as análises foram enviadas para um dos melhores laboratórios do mundo. Uma sorte não ter sido num qualquer local esconso….

Quais os limites?

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O rocambolesco caso de Oscar Pistorius e a parafernália de drogas encontradas em sua casa prometem dar ainda muito de que falar. A menos que o cenário de comprometimento assassino do detective Hilton Botha, entretanto avançado, possa lançar uma cortina de fumo sobre a investigação.

Num momento em que os ídolos do desporto têm mostrado (e confessado) que a alta competição está minada pela mentira, que os grandes resultados pressupõem consumos de substâncias proibidas que explodem os limites humanos, num momento em que começamos a perder as nossas referências nesta área e a questionar onde começa e acaba a verdade desportiva, onde começa e acaba a batota, fenómenos como Oscar Pistorius devem fazer-nos pensar.

A robotização do ser humano, como arma apontada aos recordes sobre-humanos, valerá de facto a pena? Valerá a pena estarmos a fabricar monstros que, depois, não poderemos controlar, tornando-nos vítimas dos demónios que criámos?

Quais são então os limites entre o que se pode e se deve fazer? Quais as balizas da ética vs. ambição? Onde começa e acaba o crime?

Se está provado que até as drogas mais suaves, e permitidas, podem provocar demência, o que esperar de manipulações químicas mais ousadas, sofisticadas e, quiçá, mais mortais?

E a quem pedir contas?

Desistir de lutar não pode ser a saída

Confesso que não esperava a desistência do Lance.

Foram muitas as horas que passei em frente à televisão a ver este mágico no Tour. Tudo o que se tinha como certo em relação ao ciclismo e ao Tour era alterado por Lance Armstrong. Queria aqui encontrar um termo de comparação, mas no desporto, não estou a ver ninguém que tenha sido tão esmagador.

Eu quero continuar a acreditar que foi ele que venceu as 7 voltas a França, sem batotice, mas o texto por ele publicado no site oficial deixa-me muitas dúvidas.

Nani com doping?


É uma das explicações que corre para o afastamento de Nani do Mundial da Africa do Sul. Baseiam-se os autores dessa explicação no excelente momento de forma que o jogador atravessava, no abandono da Selecção dias antes do controle anti-doping que foi realizado e em todos os acontecimentos que rodearam a alegada lesão.
Como é lógico, não sei se isto tem o mínimo fundamento, mas sei que é tudo muito estranho: o jogador lesiona-se num treino em Portugal, mas ninguém repara a não ser na Africa do Sul; o jogador regressa a Portugal a carregar bagagens cujo peso é incompatível com uma lesão grave no ombro; e para cúmulo, diz que daqui a uma semana já estará bom.
Ora, se daqui a uma semana está bom, já podia jogar com o Brasil e até com a Coreia do Norte. No fundo, só falhava o primeiro jogo.
Alguém que explique cabalmente o que se está a passar por favor.

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