“A grande invasão”

– eis como chamam os partidos políticos alemães à entrada maciça de refugiados, sírios e outros (estima-se que sejam mais de 800 000, os que entraram na Alemanha apenas em 2015), que procuram uma oportunidade de vida na Europa. É um jornalista alemão que o escreve, explicando o consenso que há entre os partidos alemães relativamente à tragédia humanitária que tem aportado nos territórios europeus.

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(c) REUTERS | Ognen Teofilovski | Migrantes na fronteira da Grécia com a Macedónia

«Raramente os responsáveis políticos estiveram assim de acordo. Seja a extrema-direita, a direita, os social-democratas, os verdes ou o Die Linke, toda a gente usa a mesma palavra para designar o afluxo de refugiados – «grande invasão», «Völkerwanderung», em Alemão. (…) A expressão estimulará uma vez mais o ódio e a violência dos que não compreendem que os fluxos migratórios não emanam de Deus, antes são o resultado de más políticas, levadas a cabo durante séculos.»

Segundo a mesma fonte, «a única que ainda não usou a expressão é Angela Merkel. (…) Fiel aos seus hábitos, prefere esperar para ver como se comporta a «vox populi» antes de tomar uma decisão. Uma estratégia de uma ineficácia política absoluta, mas que a faz ganhar eleições. (…)» [Read more…]

Carta do Canadá: Pelos valores é que vamos

Há dias, uma entrevista encheu-me de alegria: aquela que deu à RTP a actriz Maria Rueff. A talentosa moçambicana afirmou que educa a sua filha em valores como a gratidão e a bondade. Se juntarmos a esta decisão a coragem e a modéstia da mãe, temos que aquela menina tem para cumprir um belo programa de vida. De sublinhar que, apesar de ter chegado a Portugal com três anos de idade, com os pais e cinco irmãos, portanto todos “ultramados”, que devia ser o nome exacto em vez de retornados, Maria Rueff cresceu sem ódio e sem ganância. Bem ao contrário doutros que, nem sequer tendo nascido em África, foram desde a descolonização (nada exemplar) postos a cozer em despeito e ressabiamento, no lento lume da vingança futura, como todos hoje sabemos e sentimos na pele porque, finalmente, o vilão teve a vara na mão. Maria Rueff saíu da prova sem aleijões de carácter. E transmite à sua filha essa nobreza. [Read more…]