A (in)diferença entre indisciplina e violência

O espaço mediático continua a ter referências mais ou menos explícitas a questões de indisciplina e / ou violência.
E permitam-me que possa reflectir sobre esta temática procurando ilustrar esta questão sob duas perspectivas: a de Pai e a de Professor.

Num post anterior procurei mostrar o que pode ser o dia-a-dia numa escola. A indisciplina é algo que faz parte das relações entre poderes divergentes – entre pais e filhos, netos e avós, alunos mais velhos e alunos mais novos, jogadores e treinadores…
A formação inicial dos professores não permite uma grande aprendizagem nas metodologias que permitem gerir esta realidade – é a experiência e o contacto real, em contexto de escola, com os alunos que permite ir realizando uma profissionalização que vai ajudando a construir as competências necessárias.
E, boa parte desta realidade surge porque na sociedade a instituição responsável pela Educação, não EDUCA – a família, seja lá o que isso for.
As pressões que hoje TODOS exercem sobre as famílias levam as pessoas a:
a) trabalhar de sol a sol, com tempo para os filhos ao fim-de-semana e apenas no Centro-comercial;
b)viver dos rendimentos sociais e, sendo tudo dado, nada é preciso fazer, só exigem.
Os “putos” chegam-nos às mãos convencidos que podem tudo e não têm regras: ir à casa de banho é quando querem, material, que tragam os profs… Calados, só se estiverem “motivados”… Enfim, como antes escrevi, para onde vais Escola Pública, onde todos nos enganamos? Uns a fazer de conta que ensinam e outros a fazer de conta que aprendem…

Erros da escola e dos seus profissionais

No tripé que apresentei, os professores têm particular responsabilidade na escola, quer ao nível do seu funcionamento, quer ao nível da sua organização. São por isso parte crucial na solução deste TREMENDO problema que se transformou nos últimos anos, no pai de todos os Problemas. É por ele que os seniores estão a deixar a escola reformando-se com penalizações de 20, 30, 40 %…
Não podemos é deixar de considerar que TEMOS, professores uma imensa culpa nesta dimensão. Aceito trocar a palavra culpa por responsabilidade.

Responsabilidade porque enquanto colectivo de 150 mil profissionais nunca conseguimos colocar no centro das nossas acções a aprendizagem dos alunos, a verdadeira essência da Escola Pública – temos sido mais eficazes a falar sobre a profissão e as suas condições. Esta dialéctica favorece que do outro lado se coloque o aluno e aí ficamos a perder: parece que há alunos de um lado (com os pais e o país) e do outro os professores. Se, o centro fossem as aprendizagens e o exercício do ensino, não haveria outro lado.
Por outro lado, os Professores e a sua organização – a FENPROF – sempre defenderam um discurso em torno da autonomia, mas a verdade é que, penso eu, ninguém sabe muito bem o que isso é: estou cada vez mais convencido que, realmente, os professores não a querem e a FENPROF também não. O modelo que hoje temos, criou uma cadeia de comando imensa, um polvo com muitos braços: ME, Direcções Gerais, Direcções Regionais, Equipas de apoio… Todas estas organizações fazer sair leis, despachos, circulares, normas, recomendações e recados… Pedem relatórios, memorandos, grelhas e grelhinhas. Introduzem práticas sem sentido e que só prejudicam os alunos e o processo de ensino. Já nem falo do processo de aprendizagem.
E o que fazem os professores perante a imbecilidade do poder – cumprem! Fazem! Deixam de ensinar para fazer o que lhes mandam.
Qual é a chave para resolver isto?
A autonomia e a gestão das escolas… (voltarei)

Não há acordo possível

Com uma proposta que é pior que o pesadelo Maria de Lurdes.

Aroncilhe na Imagem (SEMPRE na frente!)

Aroncilhe na Imagem (SEMPRE na frente!)

O low profile de Isabel parace ter adormecido as coisas, mas com essa capacidade não consegue disfarçar outra – a de que o ME está transformada na maior secção do Ministério das Finanças.
Uma coisa há de positivo – deixaram-se das tangas da qualidade da educação, de que isto tudo é para melhor, etc…
Assumem que é tudo uma questão financeira.
Muito bem. Vamos então à guerra no terreno onde ela tem que ser feita – o da política pura e dura.
A pergunta que todos podemos fazer: a educação custa muito dinheiro? Mas… já não se lembram do que ainda estamos a pagar pela ignorância do Salazar?

Quero com isto avançar um primeiro argumento para justificar o que me parece MUITO evidente – a Educação e a qualificação das pessoas têm que ser a nossa prioridade número um porque é a única coisa que nos pode valorizar quando comparados com outros povos.
Mas, apesar de parecer o Sócrates a falar, quero com estas palavras significar uma mudança TOTAL na realidade presente – na escola quase tudo tem que mudar, nomeadamente os currículos e a sua centralidade: temos, enquanto sociedade, que responder à pergunta:
– o que é que se aprende nas escolas públicas?
Pois… eu nem vos dou a resposta… CEF, EFA… Novas Oportunidades… zero reprovações…
Voltaremos em breve a esta discussão.