Frederico Pinheiro, a CPI e a propaganda

A comissão parlamentar de inquérito à TAP, agora convertida em comissão parlamentar de inquérito ao GalambaGate, é a prova viva de que, ao contrário daquilo que garantem alguns, as nossas instituições funcionam. Não funcionam nordicamente, mas funcionam.

Ficou ontem também provado que António Costa não tem a imprensa no bolso. Se tivesse, os canais noticiosos, na rádio e na TV, não passariam toda a tarde a cobrir, em directo ininterrupto, as audições de Frederico Pinheiro e Eugénia Cabaço. Toda a tarde e pela noite dentro.

A RTP, que é estatal, ainda estava a transmitir quando escrevi isto, já passava da meia-noite. Não me lembro de tal coisa. É, seguramente, uma das audições mais acompanhadas e televisionadas de sempre. Que Costa deve estar a adorar.

E hoje vai bater todos os recordes, quando for a vez de João Galamba.

Dito isto, o que resta do costismo já não é um governo. É uma sitcom. E João Galamba ainda ser ministro uma piada de mau gosto.

Portugal é um milagre.

Tratar o cancro

Ainda todos nos lembramos da discussão sobre as maternidades, que o Prof .Correia de Campos queria fechar e concentrar os meios técnicos e humanos, num menor número de unidades com vista à excelência.

Começou aí a cair um dos homens que mais sabe de Política de Saúde em Portugal, e que toda a vida se preparou para a Gestão da Saúde Pública.

O argumento, contra utilizado até à nausea, é que as crianças passariam a nascer nas ambulâncias por não se chegar a tempo aos hospitais.

O número mínimo de partos para que uma maternidade ofereça serviços de qualidade seria de 1 200/ano. Há muitas unidades que nem chegam a metade e, é óbvio que quando os casos são mesmo sérios acabam nas tais unidades que têm serviços de excelência. Estejam ou não longe!

Agora vamos ver como é que os nossos políticos vão tratar este assunto do tratamento do cancro. As capacidades e especialidades médicas envolvidas são de tal ordem, em termos de quantidade e qualidade, que dificilmente o argumento poderá ser o mesmo. A tentação é seguir as vozes que se vão fazer ouvir das populações e dos profissionais que poderão ser afectados. Mas aqui o que importa é a excelência do tratamento, e não é uma viagem cómoda e tecnicamente acompanhada que fará a diferença.

Não se podem aceitar argumentos de “economicismo” ou “politiqueiros“, ou populistas, o assunto é demasiado sério, nesta doença os argumentos são os que abrem caminho para os doentes, para o seu tratamento ao nível do “estado da arte“, à excelência!

Vamos lá ver se também vamos ter telefonemas em directo nas televisões vindas de dentro das instituições do Ministério…