Um defensor do AO90 contra a simplificação da ortografia

Marcos Bagno é um linguista brasileiro e defende o acordo ortográfico (AO90) com a mesma frontalidade com que critica o “preconceito linguístico”. Acrescente-se que é um homem de esquerda, preocupado, portanto, com os mais desfavorecidos, que o são, também, por serem desfavorecidos em termos educativos.

Continuo a só encontrar defeitos no AO90 e sinto algum desconforto diante de algumas opiniões do autor brasileiro no que se refere à questão do preconceito linguístico. Esse desconforto é consequência de uma reacção, uma vez que o meu conhecimento dos textos de Bagno resulta de leituras dispersas e superficiais; um dia, poderei ter uma opinião sobre o assunto.

No que se refere ao campo ideológico, teremos, provavelmente, muito em comum.

Em Portugal, alguma esquerda tem defendido o AO90, argumentando que “a simplificação das regras de escrita [resultantes, depreende-se, do AO90] constitui (…) uma forma de democratização da língua portuguesa.” No Brasil, o Movimento Acordar Melhor defende que a simplificação ortográfica deve ir mais longe, sempre com o objectivo de facilitar a aprendizagem.

Confesso que, tendo em conta as minhas leituras superficiais sobre Marcos Bagno, esperaria dele uma opinião semelhante. Foi, portanto, uma agradável surpresa ter descoberto, no Facebook, que defende precisamente o contrário, com argumentação inatacável. O texto foi originalmente publicado na revista Caros Amigos e o autor resolveu disponibilizá-lo nas redes sociais. A seguir ao corte, está a transcrição. [Read more…]