Simples informação

Mera informação aos amigos do Aventar

 Tenho vários livros contendo poemas, mas livros propriamente de poesia tenho dois, ou melhor, quatro, dado que o segundo é um conjunto de três pequenos volumes, com os subtítulos “Poemas do lusco-fusco”, “Poemas de ser e não ser” e “Poemas estoricônticos”. O primeiro livro intitula-se “Esta água que aqui vem dar” e foi editado em 1993, com a prestimosa ajuda do meu amigo Eugénio de Andrade. O segundo tem o título “Nova ponte sobre um velho rio” e é de 2006.

 Estou a preparar um novo livro a que darei o título “Vai o rio no estuário”, com subtítulo “versos de braços abertos”. Neste livro, procurarei dar a poemas novos e a antigos que eu resolver reformular, uma nova forma, em que os versos se abrem e se espraiam como os braços de um estuário, tal como em criança eu abria os braços de par em par, quando chegava ao fim da corrida. Porei de lado o velho conceito de estrofes e a sua classificação quanto ao agrupamento de versos, versos que não submeterei a metrificações, encadeamentos e rimas previamente concebidos em esquemas. Uma espécie de versos livres, versos ao calhas, ao sabor do vento suave que afaga as águas de um estuário.

 Procurarei fazer com que os poemas que doravante o Aventar fará o favor de publicar (deixo aqui lugar a uma ou outra excepção) obedeçam a este princípio. Tudo isto porque há muito me sinto um tanto enjoado com a poesia que por aí se faz e se consome. Talvez porque, embora tarde, comece a ter consciência das margens apertadas do meu rio e a sentir a atracção da liberdade de abrir os braços no fim da corrida.

 Darei aqui um exemplo do que pretendo tentar fazer: [Read more…]

O que hoje é pedofilia ainda ontem era arte

Ganimedes, príncipe troiano, era uma bela criança por quem Zeus se apaixonou. Incendiado de paixão pelo rapazito loiro, Zeus  (que era, no que respeita aos prazeres sensuais, um omnívoro) transformou-se em águia e, descendo dos céus sobre o indefeso Ganimedes, raptou-o e levou-o para o Olimpo, onde consumou a relação que,  aos olhos de hoje, não escaparia a ser classificada como pedófila.

Na Praça da República, no Porto, exactamente em frente ao varonil quartel militar, garante do comportamento ordeiro, há uma bela estátua do escultor Fernandes Sá que representa o rapto de Ganimedes. Se o leitor fizer a experiência de se colocar de frente para a estátua, verá como ela lhe surge emoldurada pelo edifício do quartel, quase se diria protegida sob a alçada militar. [Read more…]