A histeria da direita sobre a habitação

Mas, mas… afinal não é a direita que condena, desdenha e tem asco ao que chama histeria? Não eram os betinhos que eram os das boas maneiras, da souplesse, do estilo, da nonchalance, da superioridade???

Afinal não. São aos montes os artigos e opiniões com reacções histéricas à proposta do governo “Mais Habitação”. Afinal também gritam, quando lhes dói, o que, como é óbvio, só mesmo muito raramente acontece. Foi desta e logo se ouve a chinfrineira: ai o PREC! ai o socialismo! ai os direitos individuais!

É como diz Leonor Caldeira, basta um toque e saltam das tocas os “activistas das casas vazias”. Só não sairão à rua, como fazem os activistas contra os fósseis, porque têm instrumentos de lobby bem mais poderosos e subtis. E ao contrário dos primeiros, é certo e sabido que vão alcançar os seus objectivos, de conluio com os media que têm no bolso.

O artigo de Carmo Afonso é absolutamente certeiro quanto ao que está em jogo:
Costumava caracterizar-se um homem bom como aquele que é capaz de dar a própria camisa. Para um liberal um homem bom é aquele que defende a sua própria camisa e mesmo que não esteja a usá-la.

Nem mais, trata-se de princípios, trata-se de valores (de ética e não da bolsa).

Porém esta cambada dominante de neoliberais a única coisa que respeita e idolatra é o homo economicus, darwinista, predador, egoísta e insaciável. Ao verem um faminto ainda defendem o seu próprio direito individual a não lhe darem de comer. O maior gozo obtêm em fazer finca pé de que venceram a competição.

Vão destruir o mundo, é mais que certo.

É tempo de acabar com o Tratado de Carta da Energia

Os pretextos e as pretensas justificações que os governos invocam para servir o capital e as grandes multinacionais são, a maioria das vezes, meras alegações desprovidas de fundamento, que são repetidas à exaustão e reduzidas a fórmulas bem-sonantes que, só por isso, adquirem suposta legitimidade e validade.

Os exemplos são incontáveis, a começar pela patranha que constitui o PIB (a soma de todos os bens e serviços produzidos numa economia), esse indicador Todo-Poderoso dos apóstolos da ordem neoliberal. O crescimento do BIP, em si, nada diz sobre a situação real das pessoas num país e em nada tem em conta os aspectos ambientais. Duas coisas que são, na visão dos seus apologistas, irrelevantes. Enquanto em Portugal se continua a encher a boca de PIBs, o ministério alemão da economia e da protecção climática começou a introduzir outros indicadores, mais abrangentes. [Read more…]

Discutir o golpe de estado

Chega de cantigas: este governo não quer reformar coisa alguma, quer derrubar o regime constitucional. Direitalhos golpistas, rendidos à impossibilidade de uma alteração constitucional por via democrática e sabedores que historicamente a sua ideologia neoliberal só consegue os seus desígnios oitocentistas em ditadura, tendo fracassado todas as experiências de a implantar onde haja um mínimo de democracia, andam a cultivar o pavor que permita aplicar a doutrina do choque.

O que sucedeu ontem na conferência Pensar o futuro – um Golpe de Estado para arrasar a sociedade com uma santanete a dar tiros nos pés do Moedas e o Moedas a disparar sobre os pés da santanete tem uma explicação muito simples: sabem perfeitamente que entre os seus pode, na excitação da conversa, fugir a boquinha para a verdade, como por vezes ocorre escrevendo a insurgentes e blasfemos, por exemplo. E como toda a gente sabe os golpes de estado que se anunciam não se concretizam.

O resto é conversa, e uma agência de comunicação aos saltinhos atrás do prejuízo. A música da Chatham House  deve ser para surdos, porque uma regra assim (tradução oficial):

Quando uma reunião (ou uma parte da reunião), é governada pela a regra da Chatham House, os participantes são livres de usar a informação recebida, mas não podem divulgar a identidade e a afiliação dos oradores e dos participantes.

não tem absolutamente nada que ver com isto. Inventem mentiras novas.

Hoje dá na net: Catastroika

O novo documentário da equipa responsável por Dividocracia chama-se Castastroika e faz um relato avassalador sobre o impacte da privatização massiva de bens públicos e sobre toda a ideologia neoliberal que está por detrás. Catastroika denuncia exemplos concretos na Rússia, Chile, Inglaterra, França, Estados Unidos e, obviamente, na Grécia, em sectores como os transportes, a água ou a energia. Produzido através de contribuições do público, conta com o testemunho de nomes como Slavoj Žižek, Naomi Klein, Luis Sepúlveda, Ken Loach, Dean Baker e Aditya Chakrabortyy.
(…)
Se a Grécia é o melhor exemplo da relação entre a dividocracia e a catastroika, ela é também, nestes dias, a prova de que as pessoas não abdicaram da responsabilidade de exigir um futuro. Cá e lá, é importante saber o que está em jogo — e Catastroika rompe com o discurso hegemónico omnipresente nos media convencionais, tornando bem claro que o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie.

Legendado em português. Ficha IMDB.