Sobre a normalização do fascista Bolsonaro

É bom recordar que não foi só André Ventura e o CH a alimentar a falsa equivalência entre Lula e Bolsonaro. Também no seio da IL, PSD e CDS ouvimos vozes a normalizar o extremismo. Por muito que agora assobiem para o lado, fica o alerta para o futuro.

Quando o fundamentalismo cristão perde a cabeça e mete Lenine e Salazar no mesmo saco

No Brasil, o incessante dilúvio de chalupice faz as cheias deste fim-de-semana no Porto, e do mês passado em Lisboa, parecerem uma pequena poça de água. À beira desta gente, a IURD parece uma coisa séria. Pessoalmente, gosto de lhes chamar Igreja dos Bolsonaros dos Últimos Dias.

Como esta senhora temos exemplos que nunca mais acabam. São todos “autodidactas” (sim, com C de carago!), anunciam o anticristo e o apocalipse, e têm sempre este aspecto sinistro. Mas a dona Ângela tem a particularidade de meter, no mesmo saco, Marx, Engels, Lenine e… Salazar, que criou “o fascismo inspirado no socialismo”.

Deixo-vos com este episódio muito especial de Black Mirror Brasil. Se rir vai para o Inferno, socialista!

Twilight zone bolsonarista V

Os minions de Bolsonaro continuam a sua saga pela twilight zone, desta vez expandindo o golpe para o espaço sideral. Sim, isto provoca uma certa vergonha alheia. Mas há que admitir que é refrescante ver este exército de alucinados a assumir a sua chalupice. Em código Morse.

O Partido Republicano convertido em agremiação de extremistas

Joe Walsh é um ex-congressista do Partido Republicano. Que nos alerta para a tomada do partido por extremistas como Trump, DeSantis, Marjorie Taylor Green ou Kari Lake. Que nos alerta para os esquemas desta extrema-direita fundamentalista, que usa o seu poder para dificultar o voto em zonas predominantemente democratas, que vai armada para os locais de voto com o intuito de intimidar os seus adversários, que nunca aceita resultados eleitorais, excepto quando estes ditam a sua vitória e que defendem golpes de Estado e intervenções militares em caso de derrota.

Por algum motivo, para mim incompreensível, é nos exigido que tratemos esta gente como moderada. E ai de quem os trate com eles realmente são: uma extrema-direita fundamentalista, autoritária e anti-democrática. Porque o problema não é a segregação eleitoral, a violência armada, a rejeição da democracia ou o apelo ao golpe militar. O problema são as pessoas LGBT, os pronomes, o wokismo, os impostos e ciência. Não admira que celebrem Putin e rejeitem os valores da democracia liberal.

Bolsonaro y sus delincuentes

Em Santa Catarina, agentes policiais destacados para manter a ordem cuspiram no distintivo e colocam-se ao lado dos golpistas que bloqueiam estradas, ameaçam adversários de morte e exigem um golpe de Estado militar. E organizaram os manifestantes para resistir. Não foi a única ocorrência do género. Que sejam exemplarmente punidos.

Já Bolsonaro mantém o silêncio, na esperança de um levantamento popular que não acontece, para lá dos grupos de delinquentes queimadores de pneus, que, em muitos casos, “caíram na real” e começaram a desmobilizar. Cada vez mais isolado, o ainda presidente deverá reagir a qualquer momento. Resta saber se, como Cersei Lannister, escolherá a violência. Boa sorte, Brasil 🇧🇷 🤞

Quando as iranianas eram livres

Nunca esquecer que as mulheres iranianas já foram livres e os fundamentalistas xiitas não comandavam o regime. Foi o golpe de estado orquestrado e financiado pelos EUA contra o democraticamente eleito Mossadegh que pavimentou o caminho para os ayatollahs e para brutal subjugação das mulheres no Irão.

Jair Bolsonaro, o Donald Trump da Wish

Depois da tentativa de golpe de Estado nos EUA, dirigido por Donald Trump e pela sua corte de talibans neofascistas, é Jair Bolsonaro quem agora ensaia o método Bannon, antecipando a derrota eleitoral que todas as sondagens lhe atribuem. As críticas ao mesmo sistema eleitoral que fez Bolsonaro presidente são constantes, e cada vez mais agressivas, e parecem indicar a preparação de uma jogada idêntica à de Trump, baseada na alegação de fraude eleitoral, em caso de derrota. Já vimos este filme e vamos continuar a vê-lo. Estranho seria se um fascista respeitasse a democracia.

A extrema-direita tem sido isto. Desinformação, ameaças, violência e total desrespeito pela democracia e pelas suas instituições. E nem precisamos de ir ao outro lado do Atlântico, quando no seio da UE temos Orbán a fazer discursos abertamente xenófobos e Varsóvia a preparar-se para criminalizar, com penas de prisão, quem se atreva a fazer piadas sobre a Igreja Católica. Já não há armário que segure os Putins europeus.

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Sobre a robusta e consolidadíssima democracia dos EUA

A admissão de culpa que faltava. Nada de novo.

Os rumores e o Alexandre Guerreiro….

Será que é desta que acerta? Já passaram umas valentes horas e a CMTV ainda não disse nada nem colocou a mota em directo. Eu sei que até um relógio parado está certo duas vezes por dia mas….

11 de Setembro: recordar Allende

Salvador Allende, antigo presidente chileno, eleito pela via democrática, deposto por um golpe da extrema-direita.

Há quarenta e oito anos.

Neste dia, em 1973, o presidente chileno democraticamente eleito, Salvador Allende, foi assassinado por membros ligados aos Estados Unidos da América, com o suporte da CIA e das tropas liberal-fascistas comandadas por Augusto Pinochet.

Assassinado aos sessenta e cinco anos, Allende, médico de formação e social-democrata, acreditava no socialismo democrático como base da democracia chilena. Fica para a História por ter sido o primeiro socialista convicto eleito pela via democrática. A nacionalização dos sectores estratégicos, a reforma agrária e a subida dos salários foram, desde logo, as maiores bandeiras de Salvador Allende.

Depois do Golpe de Estado levado a cabo por Pinochet e pelos EUA, mais de trinta mil pessoas foram assassinadas, no Chile. Comunistas, socialistas, social-democratas; homossexuais, jornalistas e/ou mulheres, ninguém escapou ao regime liberal-fascista do ditador chileno, apoiado, mais tarde, por Ronald Reagan e Margaret Thatcher. [Read more…]

Desordem e retrocesso

Entretanto, no Brasil, apoiantes de Bolsonaro invadiram a Esplanada dos Ministérios, derrubaram gradeamentos colocados pela polícia com camiões e receberam o apoio formal de um dos filhos de Bolsonaro, que foi ao local cumprimentar os membros da seita radical do pai, subindo a um dos camiões para ter o seu momento populista. Ordem, progresso e, é preciso dizê-lo, respeito pela autoridade. A extrema-direita brasileira é uma anedota do Fernando Rocha.

Os protestos de Terça-feira – apoiados e incentivados pelo presidente – que, entre outras coisas, defendem a invasão do STF e a execução de juízes e políticos de esquerda, é mais uma cereja no cimo do bolo extremista do bolsonarismo, uma das mais proeminentes expressões da rejeição do modelo ocidental de democracia, em democracia. E eu ainda sou do tempo em que destacadas figuras da direita nacional, como Portas ou Cristas, trataram de normalizar Jair Bolsonaro, porque entre a receita da extrema-direita e o fantasma de Lula, que foi muitas coisas mas nunca representou a mínima ameaça à democracia, a direita dita moderada escolheu Bolsonaro. Não admira que o CDS (e uma parte do PSD) esteja a ser devorado pelo cheerleader português do troglodita sentado no Planalto.

Mais um aniversário de um dos grandes atentados terroristas patrocinados pelos EUA

Foto encontrada no mural do Facebook de Rui Bebiano

Foi há 44 anos que o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, no Chile, foi derrubado por um golpe terrorista, patrocinado pelos maiores fabricantes de golpes militares do mundo, os Estados Unidos da América.

O dia 11 de Setembro de 1973 é o culminar de uma série de manobras norte-americanas, orquestradas pela CIA, que incluíram assassinatos selectivos, suborno de grevistas ligados à extrema-direita, financiamento e treino de grupos paramilitares fascistas, bloqueios económicos e pressão sobre outros países para que seguissem a mesma via, sob ameaça de represálias, entre outros esquemas que habitualmente vêm nas cartilhas terroristas do Tio Sam, sempre que se põe em prática um dos muitos planos, quase sempre bem-sucedidos, de derrubar governos democraticamente eleitos que, por algum motivo, não agradam a Washington. Ou, dito por outras palavras, governos que se recusam a ser vassalos à força do Estado mais violento do planeta. [Read more…]

Os esforços dos EUA para compreender Mossadegh

O Departamento de Estado publicou a história oficial do golpe da CIA no Irão. Veja também este artigo.

Às portas da União

Erdogan

Golpe de Estado ou encenação, o poder de Erdogan sai reforçado e a União Europeia fragiliza-se perante um estado a quem entregou 3000 milhões de euros para controlar os fluxos migratórios de refugiados sírios, acompanhados de promessas de um novo impulso nas negociações para a adesão da Turquia. A mesma Turquia que pretende agora reinstituir a pena de morte, cenário incompatível com a adesão mas apreciado por ditadores locais como Viktor Orbán. E enquanto a fronteira leste da Europa se radicaliza de forma aterradora, os donos da União brincam à austeridade, castigando exemplarmente as ovelhas tresmalhadas do sul. Entretanto, em Ancara, a purga de Erdogan soma e segue. E, segundo o comissário europeu Johannes Hahn, o regime turco já tinha em sua posse a lista de alegados golpistas, mesmo antes do caos se instalar. Mas isso não interessa para nada, pois não?

Esquerdalhada, eurocépticos, referendos e golpes de Estado

DNMRK

A Dinamarca integra o restrito grupo das nações mais desenvolvidas do planeta, goza de uma situação económica robusta e é considerada uma das melhores localizações do mundo para fazer negócios. Líder isolado da lista dos países com a distribuição mais igualitária de rendimentos, a Dinamarca conta com um Estado Social altamente funcional, que garante a todos os cidadãos educação gratuita, do pré-escolar ao ensino superior, acesso a um sistema de saúde público e gratuito, e dispõe ainda de uma rede de acção social bem montada e eficiente, motivos que levaram vários estudos científicos a considerar a Dinamarca como o país mais feliz do mundo, como este produzido em 2007 pela Universidade de Leicester. Esquerdalhada do pior portanto. [Read more…]

O iminente golpe de Estado

Golpe Estado

A direita radical tem feito referências constantes a um golpe de Estado em curso. E se há uns dias parecia paleio de fundamentalista, a verdade é que o perigo parece ser real. A concentração de tanques que podemos ver na imagem não deixa margem para dúvidas. Devemos ter medo, muito medo, trancar bem as portas e enviar todas as crianças para fora do país que os comunas vão levá-las todas para o pequeno-almoço. Abençoado Cavaco Silva que não olha a meios para proteger a democracia do perigo esquerdista. Cavaco e os democratas que conhecem o valor da tradição e que se sublevaram contra o ultraje que foi a eleição de Ferro Rodrigues, que acha que pode ser eleito só porque teve a maioria absoluta dos votos dos deputados eleitos. Maioria? Qual maioria qual quê? Respeitem mas é a tradição seus norte-coreanos!

In Memorian (II)

allende
Dedicado a todos os seres humanos que perderam a vida às mãos de bárbaros terroristas num dia infame.

O patriota

José Miguel Júdice oferece hoje um importante contributo para a empreitada de refundação da língua portuguesa actualmente em curso. Propõe o magnata da advocacia nacional que “revolução”, “golpe de estado” e “ruptura” passem a ser lidas como sinónimos de implantação de um regime presidencialista, convenientemente chefiado por banqueiros como Artur Santos Silva (se para tanto se achar “com pachorra”) e “homens moderados”, como António Pires de Lima, e que possa enfim providenciar o clima favorável ao “business as usual ” de que a pátria tanto precisa. [Read more…]

Hoje dá na net: The Revolution Will Not Be Televised

The Revolution Will Not Be Televised, documentário com a história do golpe de estado de 2002 na Venezuela. Página no IMDB. Página na Wikipédia. O programa está legendado em português.

Discutir o golpe de estado

Chega de cantigas: este governo não quer reformar coisa alguma, quer derrubar o regime constitucional. Direitalhos golpistas, rendidos à impossibilidade de uma alteração constitucional por via democrática e sabedores que historicamente a sua ideologia neoliberal só consegue os seus desígnios oitocentistas em ditadura, tendo fracassado todas as experiências de a implantar onde haja um mínimo de democracia, andam a cultivar o pavor que permita aplicar a doutrina do choque.

O que sucedeu ontem na conferência Pensar o futuro – um Golpe de Estado para arrasar a sociedade com uma santanete a dar tiros nos pés do Moedas e o Moedas a disparar sobre os pés da santanete tem uma explicação muito simples: sabem perfeitamente que entre os seus pode, na excitação da conversa, fugir a boquinha para a verdade, como por vezes ocorre escrevendo a insurgentes e blasfemos, por exemplo. E como toda a gente sabe os golpes de estado que se anunciam não se concretizam.

O resto é conversa, e uma agência de comunicação aos saltinhos atrás do prejuízo. A música da Chatham House  deve ser para surdos, porque uma regra assim (tradução oficial):

Quando uma reunião (ou uma parte da reunião), é governada pela a regra da Chatham House, os participantes são livres de usar a informação recebida, mas não podem divulgar a identidade e a afiliação dos oradores e dos participantes.

não tem absolutamente nada que ver com isto. Inventem mentiras novas.

Saiam lá do armário

Porque o presidente do Tribunal Constitucional disse o óbvio (se é para pagar que se divida o esforço entre o trabalho e o capital) a direita bufa, histérica, contra a Constituição. Compreende-se, cada um defende o que eu seu, e os blogues andam cheios de gente que queria ver a pimenta a arder apenas no orifício alheio.

Têm duas soluções: a primeira é fácil, arranjam uma maioria de dois terços no parlamento e mudam a Constituição.

A segunda é mais complicada: fazem um golpe de estado, instalam uma ditadura, e queimam a Constituição.

Acredito que esta gentinha podre e gananciosa prefere a segunda.

Mas… afinal existe?


Já vai a caminho da Guiné-Bissau, uma das tais fragatas milagrosamente construída nos anos 80. Portugal “não precisa de navios de defesa, a não ser alguns patrulhas, um navio-hidrográfico e umas lanchas pesca-náufragos”. A NATO e os espanhóis tratam do resto”.
Em resumo, aqui está a teoria dos inteligentes da nação que quando precisam, recorrem aos parcos efectivos das Forças Armadas para satisfazer as suas políticas. Este é mais um caso e embora ainda não se perceba bem o que está a acontecer em Bissau – lutas pelo controlo do tráfico de droga, tribalismos vários, ódios e ambições políticas ou outros interesses que envolvem dinheiro -, a verdade é que há quem avise acerca da soberania guineense sobre o seu território e orla costeira. Uma novidade neste nosso país onde as sumidades mandantes nos enchem os ouvidos com “desígnios”, Zonas Económicas “Exclusivas” e outros recursos oratórios de enfarda-chouriços.
Mas existe outro aspecto a ponderar: afinal, após trinta e sete anos de independência, a Guiné-Bissau existe? Ou aquelas fronteiras delimitavam um espaço mantido uno por uma certa nefanda presença que de vez em quando ainda intervém? A uns dias do 25 de Abril, pensem no caso.

Conversa do chácha

Há trinta e sete anos, o que este país andou a ouvir acerca de colonialismos, ocupações e outras conversas então na moda! As Forças Armadas “jamais” deixariam o rectângulo europeu e apenas serviriam para a segurança da população e da independência nacional.
Viu-se, vê-se! Intervenções regulares no antigo Ultramar, desta vez sob as mais diversas formas de encapotamento daquela realidade que todos conhecemos: após décadas de independência e única e exclusivamente apenas excluirmos Cabo Verde, temos uma plêiade de Estados falhados, entregues a quem bem conhecemos. Nos maiores territórios, os mais básicos indicadores de desenvolvimento regrediram ao início da década de 50 do século passado e nem sequer valerá a pena voltarmos a contabilizar as montanhas de mortos sobre os quais os regimes se alicerçam. Em suma, já não cola o argumento do dedo apontado ao colonialismo que tudo justificou. Passaram mais de duas gerações. No caso da Guiné, ao vergonhoso fuzilamento sumário de dezenas de milhar de antigos soldados que serviram o Exército Português – “não temos nada com isso, eram pretos”… -, soma-se o descalabro social e económico, a constância da chacina dos tittulares do poder em Bissau, o total abandono das populações ao livre arbítrio e para cúmulo, a transformação do país numa placa giratória do narcotráfico internacional. Em suma, uma espécie de escondida Somália atlântica.
Agora, Portugal prepara mais uma intervenção militar na Guiné. A desculpa é clássica, com o recurso à defesa dos corpos e talvez das almas dos residentes portugueses no território. Pois…

A direita a galope no golpe de estado de Otelo

Li  num quiosque em corpo grande “A igreja tem de travar este liberalismo”, na capa de um pasquim inominável, até porque blasfemo, sobretudo falando de igrejas. Estas declarações do franciscano Melícias, juntamente com outras de responsáveis católicos na reforma ou no activo, não sei se violam “o artigo 326º do Código Penal, que reza assim:

“Quem publicamente incitar habitantes do território português ou forças militares, militarizadas ou de segurança ao serviço de Portugal à guerra civil ou à prática da conduta referida no artigo anterior [referente à alteração violenta do Estado de Direito] é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.”

Não sou jurista mas, pensando no último passatempo da nossa direita, liberal ou nem por isso, é capaz de também violar.

É que golpes de estado, não é bem coisa a que se apele, fazem-se em segredo. Quando alguém apela é porque não os vai fazer. Quem percebe de golpes de estado, e Otelo Saraiva de Carvalho é na matéria o nosso maior especialista vivo, se apela, e nem foi o caso, é para não fazer. Até eu que nunca fiz um golpe de estado já tinha reparado nisso.

Declaração de desinteresse: fiz a primeira campanha eleitoral de Ramalho Eanes, na rua, coisa que não assistiu a muito direitóide que hoje ostenta no currículo ter resistido à otolice  dita revolucionária. Já nem falo do José Manuel Fernandes que fez a do Otelo. A nossa direita, de resto, é de uma cobardia espantosa. Agora, com um teclado na mão, ui, são terríveis.

Somos todos constitucionalistas…

Constituição Portuguesa de 23 de setembro de 1822

Em nome da Santíssima e indivisível Trindade

A Constituição impede o desenvolvimento do país! Mexer na Constituição é um golpe de estado!

E todos leram a Constituição, e todos arregimentam argumentos mil vezes repetidos, desde 1982 que vem aí um golpe de estado, está para chegar, se é que ainda não chegou…

Eu, que da Constituição só sei o que vou lendo por aí, fico pasmado com a opinião de certos políticos que mudaram de opinião como quem muda de camisa( são especialistas…) de constitucionalistas que não mudam de opinião como se a Constituição não tenha que se moldar aos novos tempos, (uns são pais, outros são mães, acham-na tão perfeitinha que não deve ser mexida…) e a maioria está à espera de ouvir a opinião oficial do partido!

A mudança que mais atemoriza é a do “despedimento”, choca-me, eu que andei nas empresas e tive que despedir centenas de pessoas, para salvar os postos de trabalho de outras centenas, se não fosse assim fechava-se a porta e andou, que os accionistas até eram dos States, fico estarrecido quando há pessoas que acham que é a constituição que impede o despedimento arbitrário, que eu nunca fiz, mas que é feito todos os dias.

Há os contratos a termo certo, por tarefa, por recibos verdes, tudo com esta constituição, não muda nada para os trabalhadores, para os sindicalistas talvez, mas para quem trabalha a garantia que passa a ter é a mesma que já tem. Trabalhar numa empresa viável e cumprir! Acho que se devia avançar com a “flexisegurança” que tão bons resultados tem dado noutros países bem melhores e com melhores empregos e com mais  garantias.

Mas pronto isso sou eu que tive essa experiência várias vezes e que se calhar durmo mal com ela (embora seja um acto de gestão como outro qualquer) mas a verdade é que o país não pode ficar agarrado a um tempo que já não é este. Ainda hoje vi a notícia de vários investimentos ( tudo hóteis e campos de golfe) com o estado a “entrar” com 50% do investimento, estamos a pagar a constituição que temos, porque assim, o investimento bom não vem para cá, e os hóteis são uma prova disso, fábricas não há…