Rabo de Perdição

Usando da concisão e da elegância do costume, o Francisco Miguel Valada já fez referência ao estranho caso do autarca que toma decisões com base numa petição assinada por 37 cidadãos.

Entretanto, os argumentos apresentados no texto da petição e as declarações de alguns dos peticionários são tristemente divertidos e merecem um ou outro comentário.

Apesar do extenso currículo amoroso do escritor, podemos aceitar que «o grande amor de Camilo foi Ana Plácido», como consta da petição. O que já parece mais difícil de engolir é que a mulher a que se agarra o Camilo esculpido seja «um exemplar mais ou menos pornográfico». Como quero poupar o leitor a imagens mais fortes, deixo aqui uma ligação para um texto de Fernando Esquio, um trovador do século XIII, que se estaria a rir de quem confunde nudez com pornografia.

Entretanto, Ilda Figueiredo, um dos peticionários, critica a estátua como sendo uma afronta à figura feminina, tendo em conta a desigualdade: deveriam estar ambos vestidos ou ambos nus. Em alternativa à remoção da estátua, presume-se, o escultor deverá vestir a rapariga ou será obrigado a despir Camilo. Aguarda-se a posição dos restantes peticionários e a decisão de Rui Moreira.

Mário Cláudio, outro peticionário, considera que a figura feminina representa Ana Plácido, sendo de opinião que uma mulher «notável, talentosa e corajosíssima» não pode ser reduzida a um «corpo desnudo», o que acentuaria o pecado da «objectificação da mulher». Muito me espanta a ideia de que a nudez seja indigna ou a ilusão de que uma mulher vestida não possa ser objectificada.

Em suma, ainda há quem perca a cabeça por causa de um rabo: uns deixam escapar piropos de mau gosto, outros assinam petições.

Manual de instruções para rebentar com o mundo instantaneamente

Use-se uma imagem de uma senhora árabe, desnudada de burcas e afins, para ilustrar o Facebook de um americano que esteja a escolher paio de Arganil em Jerusalém. Esta simples combinação,  catalisada pelo horror americano à nudez, desencadeará um efeito de borboleta tão imparável quanto uma cólica no sistema digestivo dos mísseis norte-coreanos.

Isto deve fazer tanto sentido quanto os apelos do Facebook à bufaria vitoriana.

As mamas da princesa

Confesso que ainda não as vi. Só mesmo neste mundo, serem tão notícia quando há tanta coisa importante para discutir.
São boas, ao menos?