Vai um Outono doce, soalheiro, macio, sereno e lindo. Quem dera que o tempo no Canadá fosse sempre assim, mas não tarda que chegue o severo inverno de muitos graus negativos e gelo que, abusador, se estende até Abril. Foi num Outono assim, há muitos anos, que desabafei com aquele velho emigrante português o desejo de ter esta temperatura todo o ano. E ele, sábio de experiência, disse de sua justiça: “se o tempo no Canadá fosse assim todo o ano, lá em baixo já não havia ninguém… vinham todos para cá”. Capaz disso, porque os políticos andam sempre a varrer pessoas pela fronteira fora. Ia ruminando estes pensamentos enquanto atravessava a rua para me encontrar com a amiga de Tomar com quem ia tomar o pequeno almoço.
Laurie e Lou
«Aos nossos vizinhos: Que belo Outono! Tudo cintilante e dourado e toda esta suave e incrível luz. Água em torno de nós. Lou e eu passámos muito do nosso tempo aqui nos últimos anos, e muito embora sejamos gente da cidade, esta é a nossa casa espiritual. Na semana passada, prometi ao Lou tirá-lo do hospital e regressar a casa em Springs. E conseguimos! Lou era um mestre em tai chi e passou os seus últimos dias aqui a ser feliz deslumbrado pela beleza, o poder e a suavidade da natureza. Ele expirou no Domingo de manhã a olhar para as árvores e fazendo o famoso exercício 21 do tai-chi apenas com as suas mãos de músico movendo-se através do ar. Lou era um príncipe e um guerreiro e eu sei que as suas canções acerca da dor e da beleza no mundo repletarão muitas pessoas com a incrível alegria e o prazer que ele mesmo sentia pela vida. Viva para sempre a beleza que vem sobre, através e para cada um de nós.»
Músicas para o Equinócio de Outono: Ute Lemper
(Obrigado Carlos Ruão, e acrescento: neste blogue só os Carlos são solidários com as festividades do equinócio de Outono. Registo e aguardem…)
Músicas para o Equinócio de Outono: Gilbert Bécaud
a noite igual ao dia
No hemisfério norte começa agora o Outono. Também acaba o verão. Ambas as coisas me são agradáveis.
Termina a excitação que dilata os humanos, estendidos entre grãos de areia e metendo o corpo no mar como quem vai ao chuveiro.
Começa o espalhar das folhas pelo chão, o melhor tapete para os pés, sobretudo em dias de vento.
E a música abandona os tiques de engate veraneantes.
Os velhos deuses acordam no Outono. A celebração do fim de um ciclo é a festa do seu recomeço.
As melhores paixões vivem do Outono, e podem crer, a melancolia é o seu sublime condimento.
publicado em simultâneo
Músicas para o Equinócio de Outono: Edith Piaf
Músicas para o Equinócio de Outono: Antonio Vivaldi
Músicas para o Equinócio de Outono: Lee Hazelwood
Lee Hazelwood – My Autumn’s Done Come (vídeo de Philip Bloom)
Música para o equinócio de Outono: Manic Street Preachers
Manic Street Preachers – Autumn Song
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