Quem vê futebois não vê opressões

A comunicação social já está de olhos postos no Portugal X Turquia de amanhã. Como sempre, mesmo em tempos de guerra, nada como o futebol para interferir com a grelha informativa, há um mês obcecada, como nunca, por uma das muitas guerras que decorrem no planeta Terra.

O jogo é a primeira etapa dos playoffs que poderão levar Portugal ao Mundial do Qatar. Um Mundial marcado desde cedo por suspeitas de corrupção na escolha do anfitrião. Um Mundial que acontece numa monarquia absoluta, com níveis de opressão não muito diferentes dos da Federação Russa, que também organizou, recentemente, um Campeonato do Mundo de Futebol. Um Mundial ensombrado pelas denúncias internacionais de abuso de direitos humanos, com trabalho escravo na construção dos estádios e infraestruturas, sem condições dignas, que de resto levou à morte de mais de 6500 trabalhadores. Ou escravos, como preferirem, até porque, em muitos casos, os “trabalhadores” podem legalmente ser sujeitos ao trabalho escravo, não podendo sequer ausentar-se do país sem autorização do patrão. Ou, se preferirem, do oligarca lá do sítio.

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PSG, Messi e o autoritarismo que toleramos em nome do futebol

O Paris Saint-Germain, um dos maiores clubes de França, detentor do mesmo número de campeonatos que o Saint-Etienne (9), menos um que o Marselha e um percurso mediano nas competições europeias, é hoje o ícone maior do lamaçal em que chafurda o futebol moderno. Bilionariamente financiado por um fundo controlado pelo monarca absoluto do Qatar, Tamin bin Hamad Al Thani, o PSG é o exemplo acabado, mas não o único, de como a Europa se deixou colonizar pelo dinheiro mais sujo e corrupto que circula no planeta. A mesma Europa do futebol patrocinado pela Gazprom e por outras empresas controladas por ditaduras, onde qualquer oligarca russo, chinês ou saudita adquire um clube, lava a imagem e o dinheiro manchado de sangue. Não admira que Messi lá tenha ido parar. Mais barril de petróleo, menos barril de petróleo, mais mulher lapidada, menos mulher lapidada, tudo se compra, pelo preço certo em euros, na Europa da liberdade e da democracia, onde tantos vêm uma ameaça nos desgraçados dos migrantes que dão à costa na Grécia, e tão poucos se preocupam com os tapetes vermelhos que se estendem para personagens sinistras como o Emir do Qatar.