Vuvuzelas, venham elas?

( Ou, Como Proceder Se o Seu Filho, de Repente, Lhe Pedir Uma Vuvuzela )

Se há desprazer que não me vejo dar a alguém, é o de me ouvirem vuvuzelar.

Amanhã, com a entrada em cena de Portugal, prevê-se um aumento exponencial do vuvuzelanço cá no rectângulo. Eu até vuvuzelaria com gosto se, vuvuzelando, fizesse música ou disso me aproximasse.

Mas não. A praga vuvuzeleira, comparo-a a um enxame de gafanhotos -sim, já assisti a pragas de gafanhotos- e eu não gafanhoto, por hábito e educação. Nunca gafanhotei, logo não vuvuzelo. Talvez vuvuzelasse, não fosse o vexame de gafanhotar. Se algum dia vuvuzelarei, ainda que a sós? Duvido, mas não garanto. Quem vuvuzela parece feliz, mesmo se para infelicidade dos outros.

Quem não concorda comigo, é o meu filho: -Não vuvuzelarás, disse-lhe eu alto e bom som quando me pediu uma vuvuzela, ainda por cima verde, vermelha e  amarela. -Não é justo, acusou ele, se todos vuvuzelam porque razão não vuvuzelo eu também? -Porque não, respondi o mais racionalmente possível. -Mas, pai, o meu sonho é ser vuvuzelista numa orquestra vuvuzelária, confessou o puto com o sonho de uma vida a desfazer-se e as lágrimas a rasgarem os olhos.

Felizmente salvou-me a irmã dele, que interveio dizendo: -Eu, se fosse presidente da câmara de Vouzela, já tinha um slogan para aumentar o turismo durante o Mundial – “Vouzela, terra livre de vuvuzelas”. Uma terra onde ninguém vuvuzelasse era um descanso.

-E pode-se ser presidente de uma câmara? perguntou o meu filho. -Claro, disse eu, qualquer um pode. -Ah, então, em vez de vuvuzelista, vou ser presidente da câmara de Lisboa. Ou do Porto.

Inquietei-me. Vuvuzelista ou vuvuzelador, ainda vá, agora presidente de câmara… Por estas e por outras é que esta juventude está perdida. Só querem coisas que dão cabo da paciência aos outros.

Como Se Fora Um Conto – A Srª Maria, o Sr Manuel, e o Orgulho de se Ser Português

A srª Maria e o sr Manuel casaram-se em 2008 entre o Natal e o Ano-Novo. Para ela o primeiro casamento, tardio, pois que quase na casa dos cinquenta anos. Para ele uma repetição.

A srª Maria tem formação em economia e é CEO de um banco, e o sr Manuel foi Ministro das Finanças e é uma pessoa muito importante num partido político, ambos da África do Sul.

A srª Maria é uma das mulheres mais influentes do Mundo, segundo uma revista importante, a Fortune. Diz-se por lá até, que é a nona mulher mais influente do planeta.

Para esta crónica o sr Manuel deixa aqui de ter interesse. Não é Português nem nasceu em Portugal. É uma pessoa que não nos diz nada seja a que título for. As suas relações sanguíneas e familiares com o nosso País, são nulas. Só foi aqui falado pelo peculiar nome, que faria lembrar um qualquer ancestral lusitano, e pelo seu casamento com a srª Maria

Para esta crónica a srª Maria continua a ter interesse. Não é Portuguesa mas nasceu em Portugal, na capital do que um dia foi um Império. [Read more…]