CPI à TAP: uma procissão que nem no adro vai

Foto: Miguel A. Lopes/Lusa

Nunca, como na semana passada, assisti a tantas horas de audições de uma comissão parlamentar de inquérito. Ao todo, entre Frederico Pinheiro, Eugénia Correia e João Galamba, vi, seguramente, para cima de 10 horas de declarações, perguntas, respostas, provocações e alguma grunhisse também.

A primeira conclusão a que cheguei é a de que fiquei a saber muito pouco sobre o que se passou. E menos ainda sobre o que estas 3 audições acrescentaram ao propósito da CPI, que é o de investigar a tutela política da gestão da TAP. Reduzir as manobras por detrás de uma empresa que recebeu uma injecção de milhares de milhões de euros do erário público ao episódio do computador parece-me mais uma cortina de fumo do que outra coisa qualquer.

Fiquei igualmente com a convicção de que estão todos a mentir. Mas julgo que ainda é cedo para termos todas as respostas, se é que as vamos ter. De uma coisa tenho a certeza: quando um grupo parlamentar se reúne de forma secreta com a CEO de uma empresa que é alvo de uma CPI, para se prepararem para a audição dessa mesma CEO, algo de muito errado se passa com a república portuguesa. E o facto de Galamba garantir que estas reuniões são normais e recorrentes só agrava ainda mais o problema. Esta opacidade e o grau de manipulação que encerra são a negação de uma democracia aberta, decente e transparente. [Read more…]

Não nos TAPem os olhos

O governo fechou-se sobre si e recusa entregar os pareceres jurídicos que estiveram na base do despedimento de Christine Ourmières-Widener à Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso TAP. Há quem prefira napalm, mas eu aprecio muito o cheiro a arrogância autoritária pela manhã. E nunca me canso de agradecer àqueles que contribuíram para uma maioria absoluta do Partido Socialista.

Mas a pergunta que importa fazer é esta: porque é que o governo está a vedar o acesso a esta documentação, exigida pelos representantes do povo português que se sentam no hemiciclo? O que esconde? Que nova tramoia estará ali oculta? São perguntas que, nesta fase, não se limitam a revelar desconfiança. Revelam uma certa habituação aos casos, casinhos e casões que são o quotidiano deste governo. Sobretudo os casões que custaram milhões, como foi e é o caso da TAP. [Read more…]

O mérito dos CEO

Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins. Fotografia retirada do Jornal Económico.

Noticia o jornal Expresso:

“(…) presidentes executivos já ganham 36 vezes mais do que os trabalhadores.” 

Só se pode concluir uma coisa: continuam as campanhas anti-patrões e, agora, até o jornal Expresso já faz parte da entente socialista-comunista-vuvuzela-Cuba-do-Alentejo.

Faltará pouco para que vejamos Pinto Balsemão de boina e colete numa qualquer Festa do Avante, se este ódio aos grandes patrões continuar.

Mas alguém, no seu perfeito juízo, nos vem dizer que os CEOs das grandes empresas não trabalham trinta e seis vezes mais do que os plebeus que estão sentados nas caixas do hiper-mercado ou dos que lá fazem reposições? Balelas! Vão-me dizer que é mais fácil estar sentado no escritório 4h/dia a ver papéis e a beber um whiskey com gelo e, no resto do dia, frequentar os rooftops enquanto se fazem business e se criam networks de gin na mão a ver o sunset?! Seus invejosos!

Notícias como esta são um ataque directo ao direito que estes desgraçados têm de viver com dignidade nos seus palacetes de milhões. A verdade é que toda a gente tem inveja do sucesso inquestionável destes nunca pobres, mas coitados homens de bem.

Ps. Noutra notícia, na mesma senda: Pedro Soares dos Santos, da Jerónimo Martins, ganha cento e oitenta e seis (186!!!) vezes mais do que os trabalhadores do grupo. Em dez anos a remuneração dos gestores das grandes empresas subiu 47%, enquanto os salários dos seus trabalhadores caiu 0,7%. Já dizia o “outro”: não há almoços grátis.

TAPar os olhos, TAPar os ouvidos, abrir a boca

Com tanta crítica do PS ao PS, qualquer dia descobrimos que, afinal, o PS não teve culpa nenhuma nisto da TAP.

O CEO do Santander os portugueses que vivem acima das suas possibilidades entram num restaurante…

Em 20 anos, os portugueses foram coagidos a despejar 22 mil milhões de euros na banca corrupta e incompetente deste país, que sempre viveu muito acima das suas possibilidades, mas volta e meia têm que levar com estes moralistas porque ainda ousam jantar fora. E continuam a dar créditos para tudo e mais alguma coisa, mesmo quando é evidente que o risco de incumprimento é real. Que grandes imbecis.

Quem não tem confiança nos outros não lhes pode exigir confiança

Lavagem de roupa encardida, acusações de traição e portas trancadas para a votação: assim está a ser convenção para eleger o novo CEO liberal.

Já sabem: quando a IL chegar ao governo, nada de ir lanchar ou mijar no horário da votação. Esta gente não confia nela mesma, devemos confiar neles?

O que é preciso é ter saúde

Não conheço bem Fernando Araújo, nem sei o que poderá acrescentar politicamente. E confesso que a terminologia de CEO, num serviço público, me faz alguma confusão.

No entanto, do pouco que conheço das ideias do antigo Secretário de Estado-Adjunto da Saúde, se conseguir, como pretende, alargar o SNS ao serviço da saúde oral (e se alargasse essa sua ideia à psicologia, ganharia mais pontos) e contratar mais profissionais (se fosse em exclusividade – facultativa, como alguns partidos propõem -, tanto melhor), já dará alguns passos para que a rota lamacenta por onde os sucessivos governos PS/PSD/CDS conduziram o serviço público de saúde (e para onde as novas forças radicais de direita, o CH e a IL, as querem levar à força) seja transviado.

Mas, com a denominação de CEO, temo que se abram, ainda mais, as portas aos privados, entregando, como já acontece, quase metade do Orçamento de Estado destinado à saúde ao negócio da saúde privada. Se Manuel Pizarro não oferece garantias neste parâmetro, a bem que as ofereça Fernando Araújo, que terá, diz-se, autonomia na gestão.

Esperemos que não se confirme a destruição do SNS e que Fernando Araújo consiga distanciar-se dos lobbies que assolam, hoje, o Estado português, do qual as forças neo-liberais são capatazes. Desconfio que não conseguirá, mas dar-lhe-ei o benefício da dúvida.

Fernando Araújo. Fotografia: Nelson Garrido.

Reformas em nome de alguma coisa

antonio-mexia-edpAfortunado país é este dotado de tantos Antónios tão clarividentes, sendo eu, pobre de mim, a triste excepção, modesto verme da blogosfera indigno de usar o mesmo nome de outros génios portugueses! Depois do santo que pôs peixes a ouvi-lo, depois do festim dos sermões de António Vieira, eis que o verbo de António Mexia nos elucida sobre as reformas que o governo está a realizar. Estais preparados? Ficai, então, a saber que as “reformas estão a ser feitas em nome de alguma coisa.”

Já se sabia que António Mexia é tão bom que não é gestor, é CEO. A partir de hoje, sabe-se que é muito mais do que isso: com Mexia, a língua portuguesa recupera o esplendor, a frase resplandece com tão grande intensidade que se torna difícil olhá-la de frente e, no fundo, faz sentido um homem que vende luz proferir ditos tão brilhantes.

Ainda assim, tentarei, humildemente aprender com Mexia. Experimentarei, por exemplo, dizer em voz alta proposições inundadas de inteligência. Aqui vai uma:

– Os factos são consequências das respectivas causas.

É escusado. Escrito ou dito por mim, parece estúpido.  Desisto.

Como Se Fora Um Conto – A Srª Maria, o Sr Manuel, e o Orgulho de se Ser Português

A srª Maria e o sr Manuel casaram-se em 2008 entre o Natal e o Ano-Novo. Para ela o primeiro casamento, tardio, pois que quase na casa dos cinquenta anos. Para ele uma repetição.

A srª Maria tem formação em economia e é CEO de um banco, e o sr Manuel foi Ministro das Finanças e é uma pessoa muito importante num partido político, ambos da África do Sul.

A srª Maria é uma das mulheres mais influentes do Mundo, segundo uma revista importante, a Fortune. Diz-se por lá até, que é a nona mulher mais influente do planeta.

Para esta crónica o sr Manuel deixa aqui de ter interesse. Não é Português nem nasceu em Portugal. É uma pessoa que não nos diz nada seja a que título for. As suas relações sanguíneas e familiares com o nosso País, são nulas. Só foi aqui falado pelo peculiar nome, que faria lembrar um qualquer ancestral lusitano, e pelo seu casamento com a srª Maria

Para esta crónica a srª Maria continua a ter interesse. Não é Portuguesa mas nasceu em Portugal, na capital do que um dia foi um Império. [Read more…]

"Cortar as pernas" a Mexia o melhor CEO

A Assembleia Geral da EDP não aceitou a proposta do governo de redução do vencimento do Presidente da empresa, o que se reveste de enorme prejuízo para o próprio porque tem em carteira convites muito melhor pagos .

Entretanto, um parecer do Dr. Rui Pena, distinto advogado da praça, fez saber que o Estado não tem competência para propor o quer quer seja em termos de vencimentos e bónus, porque isso é matéria da competência da Comissão de Remuneração!

E assim se estraga a vida profissional e a conta bancária do melhor CEO da Europa nas telecomunicações.