Uma questão de saia

O Ricardo M. Santos, antigo membro desta casa, deixou na efemeridade do facebook um dito tão genial que consegue abarcar duas áreas ao mesmo tempo: a política e a ortografia (que é, neste país de parolos, uma questão política, quando devia ser apenas científica). Tudo veio a propósito da saia com que o assessor do Livre entrou na nova legislatura.

Escreveu, então, o Ricardo, o seguinte:

“”O assessor do Livre foi de saia para criar um fato político.”

Santana Lopes seria capaz de dizer esta frase, mas a sério. Não é que o Ricardo não seja sério, mas, ao contrário de Santana, sabe que nem o chamado acordo ortográfico (AO90) conseguiu tirar o C de “facto”. Por outro lado, isso também não é exactamente verdade, porque, desde que o AO90 foi imposto, até o Diário da República transforma “factos” em “fatos”. [Read more…]

Os perigos do comunismo

Há razões fortes, a não menosprezar, para rejeitar o comunismo.

Começando pela economia, desde logo a banca seria nacionalizada, trazendo aos cidadãos o ónus de um sistema financeiro ineficiente e corrupto. O sistema produtivo acabaria nas mãos de alguns oligarcas, com decréscimo de competitividade por falta de concorrência e com controlo total sobre o mercado de trabalho. Estas transformações acabariam por criar grandes desigualdades na sociedade, gerando grupos, pequenos, extremamente ricos, ao lado de uma maioria com dificuldades em manter-se acima da subsistência.

Também a liberdade, individual e colectiva, sofreria um forte revés. A comunicação social iria progressivamente ser absorvida por grupos dominantes até que a liberdade de expressão estivesse fortemente condicionada, fosse por via de novas leis ou por condicionamento económico dos jornalistas. A população acabaria num estado de vigilância permanente e sujeita a contínua propaganda, onde uma mentira repetidamente repetida se transformaria em verdade.

Educação, saúde e segurança passariam a ser memórias de outros tempos. A necessidade de alimentar a oligarquia que viveria à sombra do partido levaria ao sucessivo desinvestimento até que o acesso a estes serviços passasse a exigir o recurso a serviços privados, para colmatar a ineficácia do sistema público.

O comunismo traria um cenário caótico ao país. Assim nos têm dito desde que voltámos ao regime democrático.

Agora volte-se a ler este artigo, trocando comunismo por PSD/PS/CDS, que foram os partidos que até agora estiveram nos diversos governos.

Veja-se como os anunciados perigos do comunismo foram, na verdade trazidos pelos partidos de poder. E conclua-se sobre a boa fé destes partidos.

Mas que não haja ilusões. Fossem outros os partidos no governo e os resultados seriam os mesmos, tal como temos verificado em países com realidades políticas diferentes. O problema está nas pessoas. No que estas aceitam e nas escolhas que fazem. A mudança começa em cada um.

Lamento, o conceito de grande desígnio é uma ilusão.