Maria Helena Loureiro
Iam sentadas à minha frente. As quatro muito direitas a agarrar as carteiras e os sacos. As quatro acima dos 60.
Uma delas usava perfume que se misturava com uma sugestão de lixívia. Falavam baixinho.
“Nunca vi uma casa com tanta janela!”, “E agora deu-lhe para querer uma limpeza geral ao sótão…”, “Se ela educasse a malcriada da filha em vez de me andar a moer o juízo…”, “Aquilo deve andar pelas ruas da amargura… fui dar com uma travesseira no sofá…”, “Ele entra mudo e sai calado!”, “Eu qualquer dia dou um pontapé no sacana do cão!”…
Patroas da R. Carlos Seixas e Bairro Norton de Matos, Uni-vos!
E, no entretanto, tranquem as portas.
100% sopeiral, como se diz na minha terra 🙂
LOL
ó Helena, tu sabes do que falas?
Então a burguesia coimbricense habita no Bairro?
Nas sombras do que foi Coimbra.
Hoje em dia mete dó ver esta cidade.
O 7, é um verdadeiro laboratório de onde emana, depois das cinco, um cheiro a hipoclorito de sódio, em contrate com as fragrâncias que exalamos do Delce Vita ou no Atrium Solum.
São umas labutadoras.
Parabéns pelo texto.
Um retrato certeiro a uma cidade que viu desaparecer a pouca indústria que tinha e onde os hipermercados e centros comerciais mataram quase todo o comércio tradicional.
Resta a “cidade de serviços”, e o post mostra os que mais têm florescido nas últimas décadas, os serviços domésticos e o respectivo exército de empregadas que diariamente afluem dos concelhos limítrofes para exercer a função…