Todas as mulheres do mundo… *

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… são, mais uma menos outra,  perto de três biliões de gente. Pouco menos de metade dos pouco mais de seis biliões de almas que, presentemente, povoam o planeta. Todas estas mulheres partilham características biológicas comuns. Algumas partilham ainda destinos comuns, consequência directa dessa ‘determinação’  biológica. Umas vivem no mundo que, em 1945, proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Outras vivem num mundo outro, sem a garantia de verem cumpridos os direitos básicos. Entre todas as mulheres do mundo há umas que são mais iguais que outras. Porque nem todas as pessoas são iguais à face da Lei como a referida Declaração anuncia e a multiplicação de iniciativas confirma. O que demonstra que, em certos mundos (muitas vezes mesmo do lado de lá da nossa rua), melhor seria ter nascido outro. Ou ter nascido do lado de cá da rua, ou do lado de cá do mundo. Ou, no limite, ter nascido homem. Ter nascido sem o ‘estatuto de menoridade’ que a condição feminina ainda implica em tantos mundos dentro do mundo.

Eu sou uma mulher entre todas as mulheres do mundo. Não represento, no entanto, todas as mulheres do mundo… porque não nasci apenas do lado onde o mundo se apresenta mais forte. Nasci também no lado menos triste da minha rua. Do lado onde a violência nunca existiu. Nem os abusos. Nem os preconceitos. Como todas as mulheres do mundo, bastava um golpe de asa e poderia ter nascido em qualquer parte. Podíamos ser todos de qualquer parte, aliás, mulheres ou homens. [Read more…]

Exactamente: o desastre

O desastre do novo acordo ortográfico“.

Quase…

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Meteu dó a frustração dos jornalistas televisivos quanto à manifestação dos polícias. Criando expectativas, excitando os espectadores, agitando os espíritos, tudo fizeram para que estivéssemos preparados para o suposto clímax do acontecimento, qual seria uma grandiosa cena de pancadaria nas escadas da Assembleia da República. Azar dos Távoras. Não houve nada que se visse.

A repórter da TVI bem berrou, excitadíssima, acontecimentos que as imagens não confirmavam. Alguns repórteres, nestas andanças, fazem lembrar os relatores de futebol de outros tempos, quando, mesmo num jogo infinitamente chato, tinham de criar um espectáculo sonoro que excitasse a malta. Tal só se evidenciou quando a RTP começou a transmitir os jogos e nós pudemos comparar as imagens do que se passa no campo com a ficção do relator.

Ontem, esteve tudo “quase” para acontecer, mas não aconteceu. Com fazer render o peixe no dia seguinte?

E foi o esperado. Já que não havia noticia sumarenta nem escândalo para ruminar, era preciso encontrar sucedâneo. E encontraram? Sim, o “quase”. Assim todos os noticiários de hoje fazem variações sobre o que esteve quuuaaaaase (entoação de Alberta Marques Fernandes, ouvida há segundos) a acontecer mas – tom de reprovação – não aconteceu. Quem se julgam os polícias para desiludirem assim os nossos garbosos jornalistas e a sua honesta morbidez?

“A resistência é a coragem da liberdade”

Uma análise interessante do filósofo Costas Douzinas sobre o presente e o futuro da Grécia e da Europa em tempos de submissão ao neoliberalismo (em castelhano).

O crime compensa (novamente) e de que maneira!

Tribunal suspende por tempo indeterminado demolição da casa de ex-autarca. Podridão absoluta.

Noves fora nada

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Quando aqui se chamou a atenção para a sujeira informativa em que consistia a continuação do programa “prova dos 9” com os actuais participantes – refiro-me, naturalmente, a Paulo Rangel e Francisco Assis -, houve quem discordasse, sobretudo nos termos em que pus a questão, alegando as qualidades de Constança Cunha e Sá e Fernando Rosas.

Amigos houve que não tiveram dúvidas de que o quadro de comentadores iria mudar. Dois episódios passados e não só se confirmam todos os piores prognósticos como as coisas ainda superam as piores expectativas.

Que a questão foi abordada noutras instâncias, não tenho dúvidas. José Alberto Carvalho, director de informação da TVI, na altura em que se congratulava com a nomeação de dois dos seus comentadores para cabeças de lista dos seus partidos, advertiu que “agora temos um problema”. Intuía ele, e bem, que alguma entidade, em nome da democracia ou do mais elementar sentido de decência, iria pôr fim à festa.

Santa inocência. Como era de se esperar, é fartar vilanagem. Hoje a coisa chegou ao ponto do Rangel, agitando a sua mão como uma solha neurótica, ter repreendido uma perplexa Constança, cujo rosto transmitiu bem o que lhe ia na ponta da língua. Fernando Rosas, dir-me-ão, defende os seus pontos de vista, mas continuo a pensar que acaba por ficar ali com um papel puramente instrumental, não sendo capaz de desmontar a tramoia, como seria desejável – mas não expectável, não tenho ilusões. E assim prosseguirá a festa por todos – todos, sem excepção – os canais televisivos, meio por excelência de manipulação de consciências e vontades. Já se viu o tom e a regra:  [Read more…]

Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço

Barack Obama, Vladimir Putin

O império norte-americano, em toda a sua plenitude balofa e tentacular cujas ventosas, agarradas a meio planeta, vão sugando e destruindo tudo o que as suas ainda mais obesas corporações lhe vão exigindo, da América Central à Latina, passando pelo Médio Oriente e pela superioridade hierárquica exercida sobre a Europa, não admite comportamentos similares aos seus. Financiamento de golpes de Estado, treino de milícias terroristas ou violações constantes da soberania de qualquer país onde Tio Sam queira “penetrar” são acções que, pela sua complexidade ética e moral, deverão ser sempre um exclusivo dos norte-americanos, da NATO controlada pelos norte-americanos ou da ONU controlada pelos norte-americanos. Sempre que as elites norte-americanas assim o exigirem.

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