Maria Helena Loureiro
Iam sentadas à minha frente. As quatro muito direitas a agarrar as carteiras e os sacos. As quatro acima dos 60.
Uma delas usava perfume que se misturava com uma sugestão de lixívia. Falavam baixinho.
“Nunca vi uma casa com tanta janela!”, “E agora deu-lhe para querer uma limpeza geral ao sótão…”, “Se ela educasse a malcriada da filha em vez de me andar a moer o juízo…”, “Aquilo deve andar pelas ruas da amargura… fui dar com uma travesseira no sofá…”, “Ele entra mudo e sai calado!”, “Eu qualquer dia dou um pontapé no sacana do cão!”…
Patroas da R. Carlos Seixas e Bairro Norton de Matos, Uni-vos!
E, no entretanto, tranquem as portas.
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