Serviço público

Portugal abateu, oficialmente, o seu primeiro avião. Não com laser, não com drones, não com maravilhas tecnológicas pós-modernas, mas com críticas e uns telefonemas que os portugueses não fizeram. Não criticaram a elegância de uma putativa auto-candidata a diva, apenas não subscreveram os pneus da dita. É bom que se escreva!

Claro que passar a informação é – e será sempre – serviço público. E entendo que o Aventar não poderia deixar de “blogar” a notícia, vindo ela de quem vem, a preclara Flash Vidas, do CM, jornal que me diz muito, ou não fosse um dos mais carismáticos próceres do lobby anti-FC Porto. Logo, tudo o que o CM escreve, até na Flash Vidas, é redentor. Sobretudo para uns tais 6 milhões, número mágico em que, no entanto, não me revejo. Ele há gajos para tudo, até rir-se de 6 milhões de bacanos que, todos os dias, rezam ao senhor Jesus da Luz, de apelido Vieira.

Mas vamos aos factos: Katia Aveiro, ela inteira e volumosa, participou num programa de dança da TVI, apresentado pela sonora e estrondosa Cristina Ferreira, figura maior até das letras e do cruzar de pernas. Durou pouco a sua (da Katia) participação, mas os ecos do seu abate, colectivo, por uma geração de agentes profissionais dos votos televisivos com taxas de valor acrescentado, continuam e continuarão, muito por obra e graça do mediatismo da pessoa, ou não fosse irmã do sacrossanto rei dos golos em Espanha, autor confesso da primeira – recente – manita da sua história; história, aliás, já imortalizada em estátua madeirense.

Segundo a distintíssima publicação – ela, também, um hino ao serviço público – a madeirense não gostou de alguns comentários à estrutura carnal do seu ego bíblico, e, vai daí, não poupou nos adereços estilísticos: “Já viu algum avião sem pneus? Sou um avião“.

Está dito, está dito!

Para além de garantir que não se preocupa com o que os outros dizem, “Sinto-me bem assim”, a inefável Katia asseverou que gosta de “comida de panela”. Uma ternura, convenhamos! E profundamente esclarecedor.

E, porque garante que engorda, “só de cheirar”, lá vai tonificando o corpinho (eufemismo, eu sei, se fosse um corpinho, seria uma avioneta, não um avião…), e aproveita para passar, assim, alguns conselhos aos portugueses: metam-se na vossa vidinha, que com o meu peso posso eu, o meu partenaire, não tanto; votem em mim, que represento toda a casta de aviões made in Portugal (Madeira dixit); tonifiquem os corpos, que isto de engordar não dá com nada, mas eu gosto de mim assim; homens do meu país, fiquem a saber que, “Gosto de mim como sou. Se fosse um homem, mulheres muito magras e escanzeladas não me chamariam à atenção”.

Ora aí está, a criticar o mano… E isso, Katia, não se faz. Mulheres magras e escanzeladas (que termo lindo e exuberante para uma auto-candidata a diva) também têm direito a fazer parte do séquito de um homem especializado em artes variadas, até de prestedigitação, manita pois claro! Manita, aí está, no diminutivo, que mãos, que gostam de estar cheias, só com pneus a estibordo ou a bombordo, para agarrar, que diabo!

Ora digam lá se escrever sobre isto não é serviço público?!

Obrigado, Flash Vidas, o que seria da sociedade portuguesa sem as tuas paradigmáticas notícias sobre as nossas, quiçá ousadas,  estrelas, nubladas ou não, com e sem pneu; o que seria de nós sem estas entrevistas ao que de melhor existe em Portugal (Madeira dixit) no que à cultura diz respeito. Cultura? Sure, of course! Então a Katia não tem um blogue?! E não é filha da escritora Dolores?!

Invejosos!

E, sim, ontem nasceu o filho de Justin Timberlake, Silas Randall Timberlake. Que lindo final…

(Para que não restem dúvidas sobre a arquitectura do avião que os portugueses abateram por telefone (ou antes, por não telefonarem), as mil palavras de uma imagem vêm já a seguir. Roubada à Flash Vidas, assumo. O mérito, a quem o tem.)

ronalda

Comments

  1. Podia ser uma qualquer says:

    Enfim…

  2. antonio oliveira says:

    Com papas e bolos se enganam os tolos…

  3. Rui Silva says:

    Este tipo de programa contêm um serviço muito importante.

    Faz com que a classe média se sinta bem consigo mesma.
    Pois face a estas personagens mediáticas e muitos vezes bastante endinheiradas a dita classe média vai buscar o seu equilíbrio emocional face ás suas frustrações. Pois sentem-se muitas vezes injustiçados, pelo facto de apesar de terem um curso superior ( ainda muito sobre valorizado) não conseguem obter um nível de reconhecimento material/social idêntico a estas figuras.
    Ora estes programas oferece-lhes a possibilidade de racionalizar o problema, como este post disso é demonstrativo, e que se pode resumir no típico raciocínio resumido:
    … estes indivíduos são ricos, são estrelas da tv, mas não são cultos como eu, são gordos, não sabem falar etc. Apenas tiveram sorte de saber “dar pontapés na bola / cantar musica pimba / etc etc”. Este sistema é que não dá o valor a quem o tem “realmente”.

    cumps
    Rui Slva

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