Um cavalo de Tróia chamado TTIP

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Foto: Björn Kietzmann@Demotix

Passaram em branco na imprensa nacional as manifestações que se realizaram ontem em 22 países europeus contra o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (Transatlantic Trade and Investiment Partnership – TTIP). Apenas o jornal comunista Avante e o bloquista Esquerda.net fizeram referência à ocorrência.

A Euronews refere cerca de 200 manifestações um pouco por toda a Alemanha, com milhares nas ruas de Berlim, Estugarda, Frankfurt ou Munique, mas também em Bruxelas, Viena, Madrid ou Helsínquia. Refere também uma sondagem feita na Alemanha pelo YouGov que revela que 43% dos inquiridos acredita que o TTIP terá um impacto negativo no país contra 26% que vêm o acordo como um avanço positivo.

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O semi-deus norte-coreano

Aprendeu a andar às 3 semanas, a falar às 8, a conduzir aos 3 anos, ganhou uma competição naval aos 9 e escreveu cerca de 1500 livros em 3 anos. Não satisfeito, Kim Jong-un acaba de escalar o monte mais alto do seu reino. Uau!

Contos para crianças II: o crescimento económico

Segundo o Expresso, que cita dados do “professor” FMI, Portugal será a sétima economia mais lenta do mundo no período 2011-20. O Fundo prevê que Portugal seja ultrapassado pela Grécia em termos de PIB per capita até 2020.

Os maus observadores

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Escreve o Filipe Tourais no Facebook:

A malta que se diz “de esquerda” farta-se de partilhar por aqui artigos do Observador, que lhes agradece a publicidade ao seu pasquim trauliteiro-liberal, a malta de direita nunca partilha artigos do esquerda.net ou do Avante, boicotam as fontes de informação “perigosas”.

É isto mesmo. O Observador cumpre duas funções: arranjar um emprego aos blogueiros da direita (coitada da Helena Matos, por exemplo, que viu terminado o contrato da sua empresa com a rádio pública) e avançar no velho projecto do Compromisso Portugal, defendendo este governo e exigindo-lhe que vá ainda mais longe. Haver quem se disponha a, por exemplo, discutir com seriedade um projecto encapotado de regresso à constituição de 1933, só por masoquismo.

O mais longe não é um projecto democrático, como só não percebeu nestes quatro anos que anda com os olhos tapados. Eles matam, seja por falta de assistência médica, seja pela fome e miséria, e uma ideologia que tem como objectivo a desgraça do seu próprio povo só se consegue estabelecer por imposição estrangeira (já temos), domínio quase absoluto da comunicação social (aqui o Observador é uma mera vanguarda) ou golpe militar (falta-lhes, felizmente, a tropa). O neoliberalismo é incompatível com a democracia política, ponto final.

É verdade que se a esquerda não tem patronato que ofereça 3 milhões a fundo perdido para um projecto que já os deve ter esbanjado, não é por isso que não temos, nem online, um jornal assumidamente das esquerdas, e que a direita se entretivesse a boicotar. Nós esbanjamos o bom senso, a capacidade de suprir divergências e de nos unirmos no essencial. E vamos pagar caro por isso, ai se vamos.

A irrevogável lata de Paulo Portas

Portas Careca

A propósito da anunciada greve dos pilotos da TAP, Paulo Portas vestiu o habitual disfarce de falso moralista e, em tom de profunda e fabricada consternação, afirmou que o protesto de 10 dias não é “razoável” e que não é “aceitável” que um grupo de pessoas “capture” uma empresa inteira, apelando de seguida ao “patriotismo” contra a decisão dos pilotos da transportadora portuguesa. E bem vistas as coisas, esta greve parece revelar uma tentativa do sindicato dos pilotos de conseguir para os seus associados uma fatia da empresa e não tanto uma preocupação genuína com o futuro da mesma.

Mas as palavras do profissional da pandeireta remetem-me para um passado não muito distante em que um destacado governante português tomou uma decisão pouco “razoável” e muito menos “aceitável” perante o contexto do momento em si, que resultou na apresentação da sua célebre e irrevogável demissão e que “capturou” não uma empresa mas um país inteiro, que como consequência dessa decisão assistiu a uma subida violenta dos juros da dívida pública. Será que alguém tentou apelar ao “patriotismo” desse governante? É possível. Mas ele estava mais focado nos seus objectivos pessoais, que como sabemos culminaram na sua promoção a vice-primeiro-ministro. Que autoridade tem agora esse sujeito para criticar a escolha dos pilotos da TAP que, tal como Portas fez, estão a olhar pela sua vida? Nenhuma. Mas lata tem de sobra.

Uma noite nos noticiários

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É espantosa a lata de alguns comentadores e jornalistas. Garantem que a questão das presidenciais é prematura, mas deleitam-se em especulações, por vezes, delirantes, sobre o tema. A apresentação de Sampaio da Nóvoa, sobretudo, parece provocar-lhes uma certa urticária mental. Por uma lado, não se calam com o facto do candidato ser desconhecido. Por outro, acusam-no de apresentar a candidatura prematuramente com o objectivo – natural, digo eu – de se dar a conhecer a si e às suas propostas. Em que ficamos?
E já agora: não têm nada a dizer sobre umas eleições legislativas que por aí vêm? Ou estão felizes com a forma absolutamente canalha com que todos – sublinho: todos! – os canais de televisão e jornais vão, com a vossa ajuda, embalando os vossos concidadãos? Talvez seja muito esforço para as vossas cabeças – por receio de cansá-las ou, até, perdê-las – confrontar as muitas iniciativas e propostas que os vários partidos vão apresentando; e quando falo em vários partidos, gostava de sublinhar aqueles que existem para além dos do governo (conhecem?), com ideias muito diferentes, imaginem, daquela verborreia entre o imbecil e o terrorista com que os governopatas nos vai brindando (em que o esbulho de seiscentos milhões aos pensionistas, anunciado pela Maria Luís, é compensado com o patriótico orgulho de, quiçá por decisão governamental, termos a onda mais alta do mundo surfada por, ao que parece, Paulo Portas)?
Segundo li, a ciência mostra que – desculpem a dureza do exemplo – se colocarmos certos animais – uma rã, por exemplo – em água a ferver, o animal reage e faz uma tentativa desesperada para sair da armadilha. Mas se colocarmos o animal em água fria e aquecermos a água lentamente, o infeliz nela permanecerá, placidamente, até morrer.
Então, prezados concidadãos? Não estais a sentir-vos ligeiramente cozidos?
(foto de Uma Noite na Ópera, dos irmãos Marx)