Sara Cista*
Proponho-me engolir uma webcam- pode ser daquelas que se usam para andar de bicicleta – e registar as imagens e o som da sua viagem pelo interior do meu corpo, até ao recto. Uma vez aí chegada, proponho-me provocar a sua imobilidade com um fármaco sugerido pelo INFARMED, que prenda as fezes e os movimentos peristálticos, assim para que fique sem cagar durante uns quinze dias.
Ao fim desse período, sempre a gravar, farei uma viagem de ambulância a um hospital do SNS, – pode ser o de Guimarães ou o de Penafiel – onde pedirei, de joelhos, depois de ter no pulso durante sete horas uma anilha verde, um potente laxante que me faça cagar em rajada e espalhar merda, e a webcam, pelas paredes dos corredores da urgência.
Depois de ser operada a uma perna, por engano, enviarei o filme da aventura ao cuidado da Dra. Isabel Oneto, Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, fã da vídeovigilância, para que ela possa vir a ser condecorada por serviços heróicos prestados à segurança da Pátria e, mais do que isso, durma satisfeita e descansada.
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