Estabilidade, responsabilidade e sentido de Estado: a lição de Paulo Portas, cinco anos depois

Na passada Segunda-feira, dia 2 de Julho, assinalaram-se cinco anos desde que Paulo Portas anunciou a sua famosa e irrevogável demissão, que como sabemos durou até que Passos Coelho aceitou ceder mais poder a Portas e ao CDS-PP, entregando-lhe um novo ministério e fazendo dele vice-primeiro-ministro.

Poderia alongar-me sobre o oportunismo desta decisão, que, bem vistas as coisas, nos foi apresentada como uma divergência insanável, gerada pela substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, na sequência da demissão do primeiro, mas que na verdade não passou de um assalto ao poder.

Poderia debruçar-me sobre as consequências do golpe de Portas, que imediatamente se transformou numa crise política, e que, em pleno pico da tortura que foi a intervenção da Troika, fez disparar os juros da dívida para níveis altíssimos, custo esse que a ambição pessoal de Portas imputou aos contribuintes portugueses.

Prefiro, porém, focar-me num outro aspecto, o da estabilidade. Já toda a gente sabe que a jogada de Portas e respectivos súbditos foi uma jogada oportunista, desonesta e irresponsável, que colocou a economia e os portugueses numa posição delicada, com custos para todos. Mas num momento em que a estabilidade da Geringonça parece ameaçada, é bom não esquecer que, até ao momento, nem BE, nem PCP, apesar das diferenças que não hesitam em deixar absolutamente claras, fez com o governo minoritário de António Costa aquilo que Portas e o CDS-PP fizeram com o governo de Passos Coelho, do qual faziam parte. Uma lição de responsabilidade e de sentido de Estado que nunca deverá ser esquecida.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    até ao momento, nem BE, nem PCP, fez com o governo minoritário de António Costa aquilo que Portas e o CDS-PP fizeram com o governo de Passos Coelho, do qual faziam parte

    Pois, mas a questão é precisamente que BE e PCP não fazem parte do governo minoritário de Costa, por isso não podem fazer aquilo que o CDS fez ao governo de Coelho, mesmo que o quisessem fazer!

    As situações não são idênticas, num caso tínhamos Portas como ministro do governo, atualmente não temos nem a Catarina nem o Jerónimo como ministros!

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