A eleição mais importante de ontem na U.E.


Tal como se previa, para governar a Alemanha, serão necessários 3 partidos. Ou apenas 2, caso o SPD e CDU resolvam entender-se, hipótese que não pode ser descartada, embora nenhum dos grandes partidos a deseje.
A possibilidade do SPD liderar uma coligação à esquerda, com os Verdes e Die Linke está totalmente colocada de parte, não soma o número de deputados suficientes para formar maioria. Já a CDU poderia liderar uma coligação de direita, integrando liberais e extrema-direita. Mas não me parece possível, pelo antagonismo entre liberais e extremistas, além da própria CDU nunca ter considerado a possibilidade de levar a AFD para o governo.
Excluídos o Die Linke e AFD, ambos os partidos, SPD e CDU, podem tentar formar governo, com o apoio de Verdes e Liberais. O problema será sentar no mesmo governo, verdes e liberais. Quem o conseguir, liderará o país mais forte da União Europeia, mas não será previsível uma viragem à esquerda nem à direita, face aos equilíbrios que terão que encontrar pela via negocial, chegando a um compromisso que todas as forças políticas possam considerar minimamente aceitável. Excluídos estarão grandes aumentos de impostos ou regulação excessiva, que apareceriam em agenda caso a matemática permitisse encontrar uma solução com o Die Linke, prescindindo do FDP.
Se os dois maiores partidos resolverem governar coligados, deixarão espaço para o crescimento eleitoral da oposição. Nesta eleição ainda obtiveram metade dos deputados, apesar de não terem chegado à metade dos votos somados, a tendência para coligações a 3 partidos é inegável.
Como escreveu Lampedusa, “de vez em quando é preciso que algo mude, para que tudo fique na mesma”.
Lá para o Natal, dizem os alemães, talvez consigam ter novo governo, até lá, Angela Merkel continuará em funções, sem qualquer limites constitucionais.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Quem paga o resultado também já se sabe quem será, preparem a carteira.

  2. Luís Lavoura says:

    Ficou tudo em águas de bacalhau.
    Ou não se consegue formar governo, ou então consegue-se formar um governo que não conseguirá governar, devido às suas próprias dissensões internas.

    • Paulo Marques says:

      Entendem-se, entendem-se, estão habituados a isso e dão-se bem no extremo centro.

  3. POIS! says:

    Pois, muito importante.

    Até porque temos de saber o que têm a dizer sobre mais uma greve selvagem, ou ainda pior, na Autoeuropa. Os sindicaleiros não param, nem em época de eleições!

    Depois de terem feito coincidir uma com a festa do “Avante”, agora marcaram outra para o fim de semana das eleições! Tudo para libertarem malta para as comemorações da vitória ou, no pior dos casos, da derrota, já que essa malta comemora tudo.

    Mas vão ver! Deixem lá chegar o SPD ao poder e agora é que é definitivo: a linha de montagem que resta vai ser embalada em caixotes e um cargueiro já está á espera no Mar da Palha para a levar para as Filipinas, onde vai passar a produzir o novo modelo “DutertEos”.

    E por cá, bem podem continuar em borgas e greves. Aposto que no Natal vai haver mais uma. Já foi assim no ano passado!