Ao longo dos últimos dias, um pouco por todo o mundo, personalidades de diferentes quadrantes exprimiram a sua revolta. Escreveram-se editoriais, artigos de opinião e milhões de publicações nas várias redes sociais, emocionadas e repletas de indignação. Alguns responsáveis políticos, lideres de organizações internacionais e de instituições de renome juntaram a sua voz ao protesto. E todos, sem excepção, fizeram a mesma pergunta:
- Onde está Peng Shuai?
Ao que tudo indica, Peng Shuai está onde sempre esteve: na China. E aquilo que lhe aconteceu, após denunciar o “alegado” abuso sexual de que foi vítima, por parte do antigo vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli, sendo imediatamente censurada e desaparecendo da vida pública chinesa, é aquilo que se espera de um regime totalitário como o chinês, que monitoriza a sua população como o partido do Grande Irmão monitorizava a Oceania imaginada por Orwell. Chegarmos a esta fase e isto ainda surpreender alguém só torna toda esta situação mais preocupante. Andarão alheados da realidade? Estavam à espera de quê? De um movimento #metoo nas ruas de Pequim?
Qual é a novidade, então, no caso de Peng Shuai? Nenhuma. Apenas a habitual hipocrisia do Ocidente democrático, que não ousa afrontar o Partido Comunista Chinês, para lá de umas quantas declarações de ocasião, sempre muito tímidas, seguramente seguidas de um telefonema para o gabinete de Xi, pedindo desculpas pela necessidade de manter as aparências. Porque o Ocidente, e o modelo económico capitalista que o governa, não sobrevive sem as fábricas chinesas, sem o capital chinês e, de algum tempo a esta parte, sem o consumo chinês, cada vez mais ávido da moda, dos carros, dos gadgets, do turismo e de todas a maravilhas que as democracias liberais têm para oferecer.
Gritar por Peng Shuai é um exercício de hipocrisia que procura, em certa medida, tirar partido do hype feminista e das lutas de género. Ficar-nos-ia muito mal se ficássemos todos calados, como ficamos – refiro-me, obviamente à esmagadora maioria dos governos, OI’s e ONG’s – quando o tema é a repressão em Hong Kong, os campos de concentração e trabalhos forçados a abarrotar de uigures, ou os milhões de chineses monitorizados, presos arbitrariamente, torturados e executados por dissidência ou delito de opinião.
Estamos – é preciso que isto seja dito e repetido até à exaustão – reféns de um regime totalitário, que não ousamos incomodar porque tal iria contra os interesses da oligarquia capitalista, que controla governantes, órgãos de comunicação social, partidos políticos, associações, com um forte ascendente sobre áreas fundamentais como o desporto e as artes, através do mecenato e de contratos publicitários milionários. Tal que não ousamos colocar em causa a presença de capital chinês, necessariamente controlado pelo PCC, em todas as democracias ocidentais, em áreas de importância vital como a energia, a saúde ou as comunicações. Para não falar da transição energética, que nos colocou, uma vez mais, à mercê do totalitarismo chinês. Querer justiça para Peng Shuai é incompatível com o nosso joelho dobrado e submisso ao yuan. A nossa vassalagem valida todo e qualquer abuso perpetrado pelo regime.
No meio de toda esta encenação sonsa, saúda-se a posição WTA, que ameaçou romper todos os contratos com a China, explicando ao futebol e ao comité olímpico internacional como se faz, pese embora a hipocrisia de, até agora, ter colaborado com uma ditadura absoluta. Veremos, quantas democracias boicotarão os Olímpicos de Inverno na China, dos quais Zhang Gaoli é o principal supervisor. Suspeito que nenhuma, até porque isto de ser fraco com os fortes e forte com os fracos está no ADN da oligarquia capitalista. Que o diga Cuba, essa grande ameaça à paz mundial e às nações democráticas, que continua embargada e cercada pelos mesmos que estendem tapetes vermelhos a Xi Jinping. Se somos, de facto, democracias, temos a obrigação de combater o regime chinês. Até lá, não passaremos de colaboracionistas, cada vez mais irrelevantes, não melhores que os traidores do governo de Vichy.
Alto aí!
O capitalismo é que nos priva de meter o PC chinês na ordem.
Se fossemos socialistas o caso mudava de figura?
Provavelmente, criticando o capitalismo da China… e reconduzindo-os à ração de arroz.
Pois eis o reultado obtido por JgMenos neste comentário::
Saída de costas, duplo mortal encarpado à retaguarda com duplo parafuso e aterragem de bruços.
Nota técnica: 9,66; Nota artistica: 6,99 (o juiz chinês não lhe perdoou aquela do arroz. A delegação portuguesa já lavrou um veemente protesto!)
Quem foram os fofinhos que aprovaram a entrada na WTO, quem foram? E quem foram os fofinhos que se borrifaram para a as violações de direitos humanos aliadas às próprias violações da WTO, quem foram?
Bonito cãozinho, defende o dono, defende! É pena o Rangel não lhes poder vender agora, sei lá, as Aguas de Portugal ou a estação de Santa Apolónia, mas haverá mais oportunidades.
João!!
Eu também protesto pelas fodas quem o chinês deu ou queria dar na Peng.
Tanta conversa para não dizeres nada …
Tal & Qual >>>>> merda pela boca fora
O Mundo está perigoso e estórias irresponsáveis como a do “desaparecimento” de Peng Shuai, apenas ajudam a torná-lo ainda mais perigoso. Por favor não acreditem em tudo aquilo que leem na imprensa anlgo-sionista:
https://toranja-mecanica.blogspot.com/2021/12/onde-esta-peng-shuai.html
Pois não é mesmo de acreditar!
E é natural que em Beijing estejam muito zhangados!
Até porque os chineses gostam muito de tenistas chinesas. Até há muitos que as colecionam. Não iam agora fazê-las desaparecer.
Sim, um senhor muito distinto, que até é um elevadíssimo quadro lá do Partido, parece que tem lá uma sala de estar cheia delas.
E estejam atentos que vão aparecer mais videos da Peng a desmentir o seu desaparecimento:
“Peng a comer uma sandes de cavalo marinho”;
“Peng a dar de comer a um panda”;
“Peng a assar-se com um lenço vermelho enfeitado com estrelas”;
“Peng a mostrar o morcego de estimação a apanhar as bolas perdidas nos treinos”;
“Peng a cantar a conhecida canção “Minha vida é bater bolas, bati numa grande demais”, mas em chinês”