48 anos de liberdade

Faz este ano tantos anos que estamos em democracia como existiram de Estado Novo. Faz sentido refletir sobre a celebração do 25 de Abril – qual o sentido de celebrar e qual o sentido da Direita o celebrar?

A liberdade é o que inspira a política. O dia em que reconhecemos ao outro o direito a lutar por si, pelo seu projeto de vida, pela sua felicidade, para viver como quer, dizendo o que quer, amar quem quer, ser quem quiser. O dia em que nós afirmamos em plenos pulmões que nenhum dirigente do Estado nos pode proibir de pensar, de rir, obrigar a dizer, nem nos pode fazer sentir que só podemos celebrar a liberdade se formos de um partido de esquerda. É o dia em que deixamos bem claro que as ditaduras não nos servem – e que não são exclusivas de tiranos de direita. O problema são os totalitarismos, e esses não tem ideologia.

A Direita das liberdades que é a minha, de pessoas que não estão frustradas com o mundo, que não arranjam desculpas para jusitificar a censura, é uma Direita livre e que adere ao debate entre ideias diferentes. A liberdade é isto e é tudo. É a possibilidade de cada um encontrar o seu caminho, de o tentar, de o fazer com quem queremos, percorrendo rumo ao futuro.

Para quem acha que a liberdade é uma noção egoísta e individual, pelo contrário, é até uma noção até bastante cristã – há uns anos, o Papa Bento XVI disse que haviam 7 mil milhões de caminhos possíveis para chegar até Deus. Esta frase tem um sentido e valor político muito importante. O que deve um governo fazer quando no seu território coexistem milhões de pessoas diferentes? A resposta não pode ser outra que não através da liberdade. Só essa nos permite em igualdade sermos realizados, respeitando todos e dando a todos o espaço para encontrar o seu caminho. É esse o valor que esta data celebra.

Há muitos herdeiros que se dizem donos da revolução. A revolução só teve sucesso porque a esses autores se juntaram milhares de pessoas que nos permitem hoje festejar aquilo que há 48 anos foi o começo de algo novo. Todas essas milhares de pessoas representavam sonhos, ideias, projetos, aspirações que tornaram possível a revolução. É por isso que ela não é de ninguém, é de todos. E ninguém tem o direito de se apropriar dela. Se há quem queira fazer o papel de dono da revolução, que o faça e se exponha ao absurdo.

E que sirva para nos dar força para gritar “NOSSA” liberdade e recusar essa tutela.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Não pode senão celebrar o fazer de conta que, depois de várias décadas de vitória e sendo altura em que é preciso pagar o preço, que continua a não haver melhor caminho que cada um por si, a ver se continuam a ser recompensados.
    Hoje, como sempre, faz todo o sentido, porque o revisionismo está a pleno vapor para sacudir a água do capote.

  2. JgMenos says:

    A liberdade é essencial para que se possa lutar contra as acções dos que se julgam donos ou pastores de humanos.
    Essa é a conquista de Abril.
    Quanto ao demais, no quadro dos valores, entre perdas e ganhos o saldo é miserável.

    • António Fernando Nabais says:

      A referência ao saldo é autobiográfica, não é, pidezinho dos pobres?

  3. Amora de Bruegas says:

    Efectivamente 48 anos de liberdade em ser governado por cleptocratas e incompetentes, de empobrecer estupidamente e sem pre em liberdade, viver de euro-esmolas, de mão estendida para Berlim. De facto, nunca houve tanta liberdade para a estultice nem tanto acéfalo!
    Vamos ver se há liberdade para a manutenção deste comentário.

    • António Fernando Nabais says:

      Ó Amora, vamos partir do princípio de que nada corrreu bem nos últimos 48 anos. Ainda assim, pergunto: preferes uma ditadura cheia de gente competente ou uma democracia carregada de incompetentes? É só para confirmar o teu fascínio pelo fascismo e o teu parentesco próximo com o “troll” menos.
      E o teu comentário já foi apagado, calimerozinho? Não foi, pois não? Se vivêssemos no teu regime preferido, o Aventar não poderia existir e tu poderias exercer o ofício de pidezinho ou de bufo.

    • Paulo Marques says:

      É melhor que fazer o mesmo só sabendo pelo que os burros não conseguem passar a lápis azul. Ao menos há a possibilidade de mandar os eurocornos dar uma volta juntamente com a elite que nos indocrina que Berlim nos dá algo que não roube em maior quantidade.

  4. JgMenos says:

    A constante referência à PIDE por estes gloriosos lutadores anti- fascistas, traduz o fascínio que o condicionamento da expressão do pensamento de adversários sempre exerce sobre quem , a um tempo, se sabe imbecil e se crê senhor da verdade.

    No seu pequeno mundo, não cabe admitir que o Portugal pré-25A era um império territorial que em permanência tinha por adversários os poderes de soviéticos, chineses e americanos.

    • POIS! says:

      Pois é!

      Resta saber qual dos impérios lhe espoliou a caminha de rede atada aos coqueiros onde Vosselência exercia a sua colonialesca atividade nativo-contemplativa.

      Só de pensar nisso, um gajo…

    • António Fernando Nabais says:

      menos, asno do meu coração, para minha sorte, eu não pude lutar contra o fascismo, porque tinha 9 anos no dia 25 de Abril, mas conheço pessoalmente muita gente que sofreu literalmente na pele a guerra, a miséria ou a tortura, graças a homúnculos da tua espécie, que elogiavam a seriedade dos pobrezinhos de pé descalço, dos que passaram fronteiras a salto, do que morreram em nome de um império territorial, algo que só pode orgulhar broncos como tu. Até tu, que não mereces o 25 de Abril, tens direito a ele. Por outro lado, ó atrasado, se estás mal, muda-te – este é o melhor Portugal de sempre, por muitos defeitos que tenha, e não é graças às bestas que andaram quase 50 anos a atrasá-lo. Caso sejas pai, espero que os teus filhos consigam fugir a tempo, coitados.

    • Paulo Marques says:

      Era um império tão poderoso que cedeu meia ilha sem um tiro!

  5. Joao M says:

    Quem não opta pela liberdade em oposição à falta dela? Ainda assim, parece-me um valor frágil no tempo quer numa perspetiva humana, ideológica ou de mercado. É movida pelo conflito permanente, numa lógica darwinista. A liberdade tal como é aceite hoje irá, se sobreviver, adensar-se de restrições à semelhança dos regimes a que se opõe. A questão: qual o nível de densidade de restrições a partir do qual a liberdade deixa de existir?
    Beijinho R….l 🙂