A justificação apresentada pelo PCP, para não participar na sessão parlamentar onde hoje discursou Zelenskyy foi, para mim, um completo absurdo. Dizer que a sessão parlamentar foi “concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra” não faz qualquer sentido, não só porque não existe uma guerra, mas uma potência agressora que invadiu um Estado soberano, e um povo que resiste como pode, mas também porque dar a palavra a um líder democraticamente eleito, gostemos ou não dele, não instiga coisa nenhuma, porque não é a vinda de Zelensky à Assembleia da República que fará aumentar a intensidade do conflito. Quem o iniciou e decide se a sua intensidade aumenta ou diminui é Moscovo, não Kiev.
De igual forma, a sessão parlamentar onde Zelensky marcou presença não é “contrária à construção do caminho para a paz”. Contrário à construção da paz é a invasão russa, o massacre de civis, as cidades arrasadas e a recusa de Putin em recuar e parar a carnificina. Não sei como pretende o PCP que se construa a paz, quando estamos perante uma invasão deste grau de brutalidade, dirigida por um carniceiro que pretende esmagar e anexar um Estado soberano, mas a única saída possível para esta agressão é a retirada completa das tropas russas, Donbass e Crimeia incluídas. O que pretende o PCP? Que a Ucrânia se renda e entregue as chaves de Kiev a Putin? Se não é, parece, porque é exactamente isso que acontecerá caso os ucranianos deixem de se poder defender. E sim, eles precisam mesmo de armas. Putin não quer saber de palavras ou diplomacia.
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