Lido hoje no site da Euronews: na Irlanda, paraíso neoliberal dos baixos impostos, onde todos vivem felizes e se tropeça na prosperidade tecnológica em cada esquina, 60% dos jovens entre os 18 e os 29 anos pensam emigrar.
Mas… que passou-se?
Passou-se inflação galopante e uma crise no sector imobiliário sem precedentes, que faz com que um país em situação próxima do pleno-emprego tenha cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo.
Que o são porque os seus salários não permitem comer e pagar uma casa.
A situação é tão grave que existem hoje mais pessoas que não conseguem pagar uma casa do que durante a Grande Fome do século XIX.
Claro que isto gera ondas de choque, como o declínio da taxa de natalidade, o aumento da criminalidade e das doenças do foro psicológico. E terá outros efeitos no futuro, alavancando o protesto popular a perturbando a paz social no país.
A trickle-down economics funciona muito bem para as elites, mas as migalhas que chegam à maioria são cada vez menos. E quando as migalhas não chegam, a malta fica com fome e mais aberta a soluções que terminam sempre mal.
O Ocidente deve combater a economia do egoísmo e regressar ao modelo que lhe deu prosperidade: a social-democracia.
Antes que seja tarde demais.
Um quinto da população empregada com horário parcial não é pleno emprego. À falta de uma estatística para quem quer trabalho ou mais horas, que, curiosamente, os EUA têm e a Eurolândia não, graças ao completo abandono (para não dizer ferramenta anti-inflação real e, acima de tudo, imaginada) do pleno emprego como meta do banco central, temos informação sobre o número de horários completos ou da população activa para não aceitar a narrativa de que melhor é impossível.
Por muito que, como se vê, não envelheça como leite depois de décadas. E resta a pergunta fundamental, há 100 anos como agora, que oferece a social-democracia quando, a bem das vibes de atrair unicórnios, alia-se sempre aos proto-fascistas para manter o precariado sossegado? A propaganda tem roupagem nova, mas as acções são as mesmas; até já o armamento é solução.
Tretas para esquecer o seguinte:
Qual a evolução da ocupação habitacional por pessoa, em m2?
Qual a média de área não ocupada por habitação construída?
Resumindo: com o aumento do tempo de ócio, com o tarde ou nunca em que se formam famílias e o cedo que se desfazem, com o abandono dos idosos da família, crescem as casas desabitadas ou pouco ocupadas; todo o iniciado profissional ou desgarrado de família se diz no direito a quarto, sala e zona de serviços (desejavelmente com garagem e arrumos) para, ao que se diz, uma mais completa realização da sua pujante e solitária personalidade.
E vens-me com o tempo da grande fome em meados do século XIX.
Treteiro como esquerdalho não há!
Pois!
O que vale é que existem cidadãos conscienciosos, como Vosselência, que prefere viver na sua modesta caverna na Serra de Aire e Candeeiros, a fim de não contribuir para a crise imobiliária.
E que ocupa uns modestos 10 metros, mais redondos que quadrados, e sem luxos, a não ser águas correntes na época da chuva.
Sem gente como Vosselência, como poderia ser possível a vida neste país? Deus seja louvado!
Idoso solitário rejeitado pela família anseia pelo regresso à habitação multi-familiar para que alguém o ature.
OOOHHH !! Desgraçado facholas de merda …
Ainda não viste como está a nossa sociedade !?
Os ricos cada vez mais ricos e os pobres…
PQP.
Querias os ricos cada vez mais pobres?
Não enxergas, idiota, que rico só o é quem pode viver sem gastar todo o seu rendimento?
Pois é uma verdade insofismável, confirmada por esse grande Vulto da Ciência Económica chamado, ironicamente, Menos! (1)
Aliás, acabo de falar com a minha vizinha, que vive só, e que me disse que no mês passado gastou ordenado todo, só lhe sobrou uma nota de 5 euros ao fim do mês.
Resolvi logo acabar ali com a conversa, porque não suporto ricalhaças!
(1) A quem se atribui a Lei da Oferta e da Procura, o que não quer assumir, certamente por modéstia.
Se nem o querido Cavaco nem o querido Salgado conseguiam…
Sobre a situação na Irlanda não sei, mas cá em Portugal não faltam casas, e não faltam casas grandes de mais para quem nelas habita.
Há muita gente que não tem casa mas, em compensação, quem tem casa tem frequentemente (não sempre!) metros quadrados a mais, e em mais do que uma casa.
Aliás, o congelamento das rendas e a não-caducidade dos contratos de arrendamento, tão defendidos pela esquerda, têm frequentemente como consequência o termos casas enormes habitadas por um único velhinho, quando poderiam ser habitadas por uma catrefada de jovens ou por uma família com filhos.
E quantas restam, Luís? Isso foi efeito de uma solução à pressa, e que ficou como parte da compra da classe média e baixa à aceitação das regras do neoliberalismo, tornada agora numa guerra intergeracional. E que mais têm essas pessoas, senão a sua habitação numa qualquer zona gentrificada em que já quase nada nem ninguém conhecem? Qualquer dia, acaba-se a desculpa, expulsando a peste grisalha para a rua ou não, e depois, qual vai ser?
É evidente que a esquerda decidiu mal, como decidiu os bairros sociais, mas fora atirar as pessoas para qualquer lado, não estou a direita a oferecer alguma coisa, excepto arranjar-lhes alvos que não faziam nem as pensões aumentar.
Onde falta habitação? Certamente não será nos concelhos que vão perdendo e perdendo população anualmente para as zonas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Mas a ministra disse que a coesão territorial está a uma linha de comboio da perfeição, portanto está tudo bem.
Onde estão os empregos; que não deviam estar todos em meia dúzia de sítios, quase todos à beira mar, é evidente.
Mas isso não faltam culpas, só vibes e financiamento a quem depende da imigração ilegal.
Sim, o centralismo é culpa da alta finança e dos liberocas.
No caso concreto de Lisboa, houvesse uma Linha do Oeste, e a pressão urbanística diminuiria.
Também se podia falar da distribuição dos cursos universitários e das instituições públicas. Fora de Lisboa não dá prestígio, os liberocas não querem um ministério nas berças, tipo Coimbra (interior profundos) ou Faro (all garve).
Ora pois!
E o velhinho que se lixe”! Há muito espaço nos aterros sanitários!
Genial! O Lavoura é um novo Hayek? Sim, mas muito mais à frente!
Ó malta da Impetuosa Liberalesca! Estão à espera de quê para mandar pela janela o Calhau e dar espaço ao Lavoura?
Depois não se venham queixar de trambolhões nas sondagens!
Será que o Lavoura é pseudónimo do Menos? ou vica-versa?
A cambada toda se arreganha se lhe abalam os alicerces dos ódios em que cevam as suas raivas.
Porque será que quem tem dinheiro prefere tê-lo a desvalorizar-se nos bancos a comprar e a alugar casa a melhor rendimento e com imposto a taxa fixa?
Porque os raivosos querem leis com que possam cavalgar sem risco a propriedade alheia!
Pois está claro!
Aliás, arrisco uma conclusão que, modéstia à parte, não admitirá contraditório: um dos maiores problemas da propriedade é o de poder ser alheia.
Sim! Expliquem-me lá por que razão a propriedade não pode ser toda própria?
E digo mais: se a propriedade alheia acabasse, terminaria a grande maioria dos distúrbios sociais!
Qual taxa fixa? Isto é Portugal, com banca portuguesa. E, tendo havido, o que garante que não contassem com os amanhãs que cantam de prosperidade eurófilos, ou que, como tanta outra, a banca não andasse à cata de liquidez?
O que mais gosto é de defensores do capitalismo a não perceberem o circuito do dinheiro. Mas não andavam à menos de um ano a criticar que se comprava a mais e alugava a menos na província?
E, já agora que falo em decisões políticas, porque raio é uma obrigação do estado sustentar o contínuo aumento do preço da propriedade?
“Porque será que quem tem dinheiro prefere tê-lo a desvalorizar-se nos bancos a comprar e a alugar casa a melhor rendimento e com imposto a taxa fixa?”
Porque o dinheiro que tem no banco chega quanto muito para comprar uma garagem? Onde caiba um Mini.
A Taxa fixa, a uma década, é um bom um negócio para aí em 2 anos… se assim não for, bem, está tudo lixado.
O xuxa comuna fascista nu, a querer rir-se do roto ultra neo liberal, o pedinte a fazer pouco dos que lhes dá pão.
Pois cá está!
E entre o roto e o nu está o Camarada Luis Burreiro.
Estará menos nu que o nu mas mais roto que o roto.
Assim, tipo, “rotto ma non troppo”.
O pedinte que se torne mendigo do patrão e da banca, pode ser que deia se não lhe chamarem neoliberalismo.
Que me recorde, a Irlanda era o país que tinha uma lei que proibia estrangeiros de comprar propriedades imobiliárias lá.
(Não sei se essa lei irlandesa ainda existe.)
Pelos vistos essa lei não impede que também lá haja falta de habitação.
A troyka deu cabo de tudo isso.
Foi uma… iniciativa liberal!
“If you plan to buy property in Ireland, it’s good to know you can do so as a foreigner or non-resident. There’s no legal reason why you can’t buy a home in Ireland as an American, whether that’s as an investment, a vacation place or an investment. 20 Jun 2022”
…
“There are no restrictions on foreign nationals buying property in Ireland. This means that both EU/ EEA and non-EU/ non-EEA nationals can purchase property here without limitation. Owning residential property in Ireland does not entitle the owner to a right of residence here.”
Pois, eu creio já ter ouvido dizer que essa antiga lei irlandesa já tinha sido eliminada, por pressão da UE. Obrigado por confirmar.
Creio que agora só resta a Dinamarca, onde ainda continua a ser proibido (creio eu) estrangeiros comprarem casa.
E depois é só esperar que baixem! É desta, carago, só mais uma década perdida!
“O Ocidente deve combater a economia do egoísmo” – já estou convencida de que isso é impossível e que o abismo nos espera. Anda-se a queimar os últimos cartuxos, nada mais.
Havemos de chegar a 2050, já não devo andar por cá,e ainda andaremos a culpar os poucos anos em que as rendas estiveram congeladas pelos desmandos que aí vão. Para quem não sabe,a lei Cristas atirou para o olho da rua muitos dos tais vilipendiados velhos que voviam sem merecer, na perspectiva de alguns imulinados, em zonas nobres de Lisboa. Alguns desses pobres velhos foi-lhes dado como alternativa o despejo em terras do Demo a centenas de quilómetros de Lisboa, onde o Verão parece o do Norte da Líbia. A alternativa ao desterro era engrossar o numero de sem abrigo. No concelho onde trabalho conheço dois casos de pessoas que morreram depressa. Façam um bocadinho de esforço e ponham-se na pele de quem é arramcado da sua casa, de onde sempre viveu, e enfiado num Lar longe de porra nenhuma e ainda acham que lhes estão a fazer um favor. Que o santo portector dos cachalotes nos livre sempre de precisar de “favores” desses. De resto, dispenso as altas considerações dos iluminados e por mim podem ir todos ver se o mar dá choco.