Finalmente, uma boa notícia!

Neste desastre em curso que vivemos, algo positivo aconteceu: a inflação desceu pelo segundo mês consecutivo, para o valor mais baixo desde Outubro 2021. Melhor que um pontapé nas costas.

A mão invisível

É conhecida a teoria liberal, de que o mercado se regula por si mesmo.

No fundo, tudo se resume à ideia de que numa economia livre, o mercado regula-se por uma espécie de mão invisível que vai acertando, entre a oferta e a procura, o preço dos bens, sem necessidade de intervenção de terceiros – seja o Estado ou qualquer outra entidade.

Quem quiser perceber melhor a ideia, é ler “A riqueza das nações” e a “Teoria dos sentimentos morais”, de Adam Smith. E, depois, aconselho a apreciarem os resultados obtidos sempre que se optou por dar rédea solta aos mercados e abdicar-se da regulação. Uma dica: comecem pelo mercado financeiro.

Mas, adiante.

Olhando para o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo para 2024 (numa sessão digna de entrega de Óscares), detecta-se que houve uma adaptação da lógica da mão invisível.

Neste caso, o que o Governo pretende fazer é recuperar com a mão invisível dos impostos sobre o consumo, a propriedade e outros, o que estará a dar (ou a não tirar tanto) com a alteração dos escalões do IRS.

Na verdade, não está bem a recuperar: está superar. Pois que, na prática, e pelas contas apresentadas por diversos economistas, aquilo que o Governo espera arrecadar com a mão invisível, supera aquilo que anuncia dar (ou não tirar tanto dos bolsos) aos contribuintes na tributação sobre os rendimentos singulares.

No fundo, é tirar aos ricos para dar aos pobres, numa versão cínica de Robin dos Bosques, pois que os ricos e os pobres são exactamente os mesmos: a classe média. [Read more…]

Uma sociedade instalada

Ao fim de mais de 19 meses de guerra, Putin nunca esteve tão perto da vitória como agora. Não no terreno porque aí não tem qualquer hipótese, a heroicidade dos Ucranianos e de Zelensky nunca poderá ser derrotada, mas no denominado Ocidente. No farol da liberdade e dos direitos humanos.

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Obsessões criminosas

EPA/RONALD WITTEK Lusa

Registo de parcialidade: não gosto dela nem um bocadinho.

Desde logo pelo género de pessoa que demonstra ser. Há dois tipos de líderes políticos: aqueles que se distinguem independentemente da autoridade que o cargo que ocupam lhes possa dar e aqueles que utilizam a sua posição institucional para reforçar exponencial e ilimitadamente a autoridade que pessoalmente lhes falha. Lagarde pertence, nitidamente, a este último grupo.

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Trickle Down Irlandonomics

Lido hoje no site da Euronews: na Irlanda, paraíso neoliberal dos baixos impostos, onde todos vivem felizes e se tropeça na prosperidade tecnológica em cada esquina, 60% dos jovens entre os 18 e os 29 anos pensam emigrar.

Mas… que passou-se?

Passou-se inflação galopante e uma crise no sector imobiliário sem precedentes, que faz com que um país em situação próxima do pleno-emprego tenha cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo.

Que o são porque os seus salários não permitem comer e pagar uma casa.

A situação é tão grave que existem hoje mais pessoas que não conseguem pagar uma casa do que durante a Grande Fome do século XIX. [Read more…]

Salários, produtividade e a voz do dono

BCE: a culpa da subida dos juros é dos aumentos dos salários dos trabalhadores.

CIP: o aumento dos salários deve assentar no aumento da produtividade e não pode ser feito sem essa contrapartida.

Ricardo Reis (economista liberal): os salários acompanham a produtividade. Para os salários subirem, temos que aumentar a produtividade.

 

Palavra da salvação.
Glória a vós, Senhor (do Monopólio)!

Lagarde e a fascinante liberdade dos mercados

Christine Lagarde é uma tecnocrata nascida na política. Foi ministra de Villepin e Fillon, durante as presidências de Chirac e Sarkozy, e daí subiu à primeira, contratada para jogar a CEO no miolo do FMI. Seguiu-se o BCE, onde se encontra hoje a mandar nas finanças dos europeus, sem que 99,9999% dos europeus tivesse uma palavra a dizer sobre isso.

Esta semana esteve em Sintra, poderosa, para nos dizer que os juros são para continuar a subir. Para culpar os trabalhadores e os seus parcos aumentos salariais pelo aumento da inflação. Para avisar os governos que os apoios extraordinários relacionados com a covid e a guerra são para reduzir até desaparecer. Para nos dizer a todos, sem excepção, que temos que empobrecer. E tê-lo feito em Portugal tem um simbolismo que dispensa explicações. [Read more…]

Medina Zero

O estranho caso do IVA zero tem tudo para dar em nada.

Em Espanha correu mal. Teve, tal como a própria taxa de IVA, impacto zero na vida do cidadão comum.

Aqui tudo parecia encaminhado para não se cometer o mesmo erro. Fernando Medina, não há muito tempo, achava que o caminho não era por aí:

Já me pronunciei mais do que uma vez, nós não a consideramos como uma medida prioritária elas consequências que já foram visíveis nos países que a aplicaram.

Isto foi há três semanas.

Três semanas. [Read more…]

Ganância, o motor da inflação

Ficou claro que a expansão do lucro tem desempenhado um papel maior na história da inflação europeia nos últimos seis meses.

A frase é de Paul Donovan, CEO da UBS Global Wealth Management.

E deixa igualmente claro aquilo que já todos sabíamos: o principal motor da inflação é o aumento do lucro de certas empresas, que compensam as suas perdas explorando os consumidores.

Os senhores feudais do BCE, reunidos em retiro numa pequena povoação finlandesa, parecem ter chegado à mesma conclusão. Dizem as más línguas que, entre uma sessão de meditação e o chá das cinco, alguém terá apresentado um PowerPoint que revelava um aumento dos lucros de algumas empresas, de certos sectores, quando o expectável seria uma diminuição. [Read more…]

O passado bolivariano de Aníbal Cavaco Silva

O ano é 1980.

Aníbal Cavaco Silva é o jovem Ministro das Finanças de Sá Carneiro.

Entre outras medidas, de um pacote destinado a combater a inflação, conta-se esta:

Fixação dos preços dos bens essenciais

O nosso Aníbal já era bolivariano ainda o Chávez era uma criança.

Já a direita chalupa está onde sempre esteve: a alucinar com comunismos que não existem. Fazia-lhes bem, ficar sem os meios de produção durante uma semana ou duas.

Cavaco Silva, o comunista

fixou o preços dos bens essenciais, em 1980, para combater a inflação. O nosso Aníbal já era bolivariano ainda o Chávez era uma criança.

Um ano de guerra e no fim ganha a China

Em dois dias, Putin revogou o decreto que reconhece a soberania da Moldávia e saiu do acordo para redução do armamento nuclear. Um ano depois do início da invasão, caminhamos em direcção ao abismo. Ainda assim, por algum motivo que me ultrapassa, há quem acredite que estamos – o Ocidente – a ganhar a guerra. Apesar do impasse no terreno, da inflação galopante, da polarização, das sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes e permitem que empresas como a Leroy Merlin apoiem o esforço de guerra russo, e da erosão da democracia, que o próprio Putin passou duas décadas a financiar, com relativo sucesso. Um ano depois, o mundo é um lugar mais perigoso. E no fim ganha a China.

Conversas Vadias – Segunda temporada, episódio 2

Neste segundo episódio da segunda temporada, vadiaram José Mário Teixeira, Fernando Moreira de Sá, Francisco Miguel Valada e António Fernando Nabais. As conversas vadiaram pela Super Bowl, pelo Sporting-Porto, pela crise da habitação, pela luta dos professores, pelas claques de futebol e por sugestões das boas: [Read more…]

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias - Segunda temporada, episódio 2







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Solstício de Inverno

Imagem gerada pelo  DALL·E / OpenAI

Já que não serão os salários, algo que começa a aumentar amanhã, sem serem os preços inflacionados.

A propósito de inflação, vimos os preços dos combustíveis dispararem por causa da guerra na Ucrânia, assim nos foi explicado. Idem para outros produtos, de repente a porcaria que os russos andam a fazer é explicação para todos os aumentos.

Mas devo andar distraído. O preço dos combustíveis tem estado em queda, pelo que a guerra deve ter acabado. Só pode. Especulação é que nunca seria.

Preços excessivos: Pomar Coutinho vs Continente

Muito se tem falado sobre os lucros ditos excessivos que algumas das maiores empresas, em Portugal e lá fora, têm acumulado ao longo dos últimos anos, primeiro durante a pandemia, agora com a invasão da Ucrânia e a inflação que daí resultou.

Já aqui escrevi sobre a decisão de vários governos europeus, à esquerda e à direita, de aplicar taxas sobre a fatia dos lucros considerados excessivos. E sobre a resistência deste governo de eSqUeRda em seguir o mesmo caminho. Não sei o que esperavam de um governo que se chegou à frente para pagar o aumento do salário mínimo nessas empresas, mas eu não esperava nem espero nada. O único governo de esquerda que este país conheceu foi o XXI, este e os restantes são o business as usual de sempre.

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Inflação, direita radical e extrema-capitalista

Tax the rich. Now.

As clientelas de António Costa

Espanha, Itália, Grécia, Roménia, UK e Bélgica foram alguns dos nossos parceiros europeus a anunciar a implementação de windfall taxes sobre os lucros extraordinários das energéticas, decorrentes da actual escalada de preços que resultou da invasão da Ucrânia. A Hungria foi mais longe e visou ainda as instituições financeiras. Da esquerda à extrema-direita, vários são os governos que estão a aplicar este imposto, o que nos diz tudo o que precisamos de saber sobre a inexistência de um critério ideológico na sua aplicação.

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Iniciativa Liberal critica medidas do Partido Social-Liberal

Nunca percebo quando alguém que defende políticas capitalistas, sendo que é o capitalismo que gera as crises, se vem queixar das políticas capitalistas.

Bons e maus exemplos

Estão a ver quando os liberais usam a República Checa, a Estónia, a Letónia, a Lituânia ou a Polónia como exemplos?

Pois é. Espreitem a inflação nesses exemplos de liberalismo andante no quadro acima.

Crise, inflação, capitalismo

A Estónia, supremo unicórnio liberal, lidera agora o ranking da inflação dos 27, que naquele país ronda os 22%. A situação não difere muito do restante Báltico ou dos países que fazem fronteira com a Federação Russa, e a causa é demasiadamente evidente, pelo que não perderei tempo a elaborar.

Contudo, importa recordar muitos dos que agora acenam, e bem, com a guerra da Ucrânia, e respectivas ondas de choque, como causas primárias para este aumento da inflação no El Dorado do crescimento económico a leste, são mais ou menos os mesmos que se recusaram a aceitar o impacto da crise de 2008 na hecatombe portuguesa que se seguiu. A culpa era do Sócrates, apenas e só do Sócrates, e de mais ninguém para lá do Sócrates.

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Mónica Quintela e a pressinha

Em primeiro lugar, peço desculpa por usar palavrões no título de um texto. Efectivamente, “Mónica Quintela” é revelador da minha falta de educação. Espero que não volte a acontecer-me. Se repetir, lavarei a língua com sabão, que é para aprender numa pressinha.

O João Mendes resumiu, e muito bem, o significado deste discurso, chamando, ainda, a atenção para os aplausos dos restantes deputados do mesmo partido da senhora cujo nome não irei repetir, porque quero poupar sabão. São os aplausos de gentinha que acredita no mito passista (já conta como meio palavrão) de que vivemos (nós? mas nós quem?) acima das nossas (nossas?) possibilidades e que era preciso ir além da troika. 

Esta gentinha que aplaude o que escarrou a senhora deputada está muito bem integrada numa minoria parlamentar que cultiva, de modo populista, o ódio aos funcionários públicos, fazendo de conta que estes é que são o problema, quando, com todos os seus defeitos, são um pilar da sociedade, são aqueles que aguentam o sucessivo e frequente servilismo do poder executivo que trabalha para vender o Estado às postas, tornando difícil e frequentemente milagroso o trabalho da administração pública.

A deputada que quer dar lições aos funcionários públicos tem ela própria muitas dificuldades de aprendizagem: para além de ainda não ter percebido que o partido que integra contribuiu para a maioria absoluta do principal adversário, não aprendeu que é feio ganhar eleições à custa de promessas que depois não se cumprem. Era uma pressinha, senhora deputada, era uma pressinha.

 

 

 

Sim, temos de estar dispostos a pagar este preço

Sahra Wagenknecht, a figura mais proeminente do partido alemão “die Linke“ (digamos, o BE alemão), convidada frequente em talk shows, afirma e repete que “a guerra económica contra a Rússia prejudica-nos sobretudo a nós próprios”.

E continua: “O Instituto Federal de Estatística calcula uma taxa de inflação de 7,6% para Março – a mais alta dos últimos 40 anos. Isto significa que os alimentos, o combustível e a energia estão a tornar-se cada vez mais caros para muitas pessoas. Especialmente as famílias com rendimentos baixos e médios estão assim a enfrentar graves problemas existenciais. Muitas famílias são empurradas para a pobreza devido ao aumento dos preços. A lei socialmente desequilibrada e completamente inadequada de alívio energético da “coligação semáforo” pouco fará para alterar esta situação.

Actualmente, 43% dos alemães assumem que a sua situação económica pessoal será pior em cinco anos do que é hoje. (…) [Read more…]

Da série ai aguenta, aguenta (17)

Aumento nas portagens, energia e telecomunicações ultrapassa inflação em 2013

Mário Soares sabe do que fala

Quem cá trouxe o FMI por duas vezes sabe do que fala. E, de facto, desvalorizado a moeda, que é a consequência de se imprimir mais moeda, todos ficaríamos mais pobres e, assim, o odiado ajustamento cairia a todos por igual. E é aqui que reside a grande diferença entre as duas anteriores intervenções e esta. Agora, são, sobretudo, os que trabalham por conta de outrem (com os funcionários públicos à cabeça mas não sozinhos) quem está a pagar a factura. Nas anteriores intervenções, simplesmente todos passaram a ter a comida e os bens importados mais caros, as poupanças de todos passaram a valer menos, o poder de compra de cada um diminuiu.

Soares, com esta afirmação, demonstra que corrigir os erros que aqui nos trouxeram não é a solução dele. Pelo contrário, advoga o empobrecimento colectivo pela desvalorização da moeda. Saiba-se por isso que,  depois deste empobrecimento, o terceiro em 30 anos, mais um virá daqui a 10 anos.

Rostos da Pobreza em Portugal

Em Portugal – um site cada vez mais fixe para passar férias – há muita gente mal paga! Por exemplo, António Mexia, CEO da EDP. Não obstante ter levado um prémio de 3 milhões de euros (coisa menos coisa, 6,315 Salários Mínimos Nacionais) em 2009.

A pensar nessa injustiça, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos deliberou que aquela empresa (que já foi de todos os portugueses) pode aumentar, em 2011, as tarifas 3,8%, sensivelmente três vezes acima da inflação do ano anterior. Se não for suficiente, nós, papalvos, cá estaremos para, em 2012, sofrer outro e outro e outro aumento!…

Quanto Mais Me Batem…

O Jornal de Notícias diz que Portugal terminou 2010 com uma inflação de 1,4%, perante uma média da zona euro de 1,6%.

A EDP vai aumentar a electricidade 3,8% em 2011 e António Mexia “alerta para fim do crescimento baseado na energia barata“.

Isso, energia barata! – com um aumento de preço “legal” quase três vezes acima da inflação e num ano em que os salários vão baixar abruptamente. Energia cada vez mais barata…! Sinto-me um pouco baralhado. Ou isso ou estão a fazer de mim burro… que os carregue.