Escola de Fitares continua a discriminar. Não inclui, não educa para a Diversidade

Na Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos de Fitares, a homofobia e  bullling prosseguem, mesmo depois da morte do professor de música Luis do Carmo.
Desta vez , é  um docente da área das Expressões a queixar-se-nos de ser vítima de assédio moral  e  de bullying, pelo que está de baixa psicologica e já pediu mudança de turmas ou de escola, pois deseja trabalhar. Já apresentou queixa ao Provedor do Cidadão.
O clima de hostilidade a que o professor vem sendo sujeito de forma crescente  por parte de alunos contará com a aparente cumplicidade de alguns  pares, mas sobretudo  da Direcção, sob a forma de silêncio e desinteresse  em tomar medidas correctas .
Os alunos agressores recorrem  ao recurso a insultos em crioulo nos corredores, a que se somam insinuações na própria aula e mesmo comentários anónimos, escritos.
Tudo isto decorre no rescaldo das denúncias que levaram à notícia do suicídio de Luís do Carmo, que desagradou à direcção.
A discriminação que atinge o professor  é sintoma revelador de preconceitos sociais que reinam ainda no meio escolar sem haver tentativa de os extirpar. A vítima tem sempre, nestes casos, dificuldade em provar objectivamente que a sua honra e dignidade foram violentadas.
O desgaste psicológico gera  um terreno assaz fértil para que se instale o próprio processo homofóbico.
O professor declarou-nos: “A escola  homofóbica é causa e consequência do fenómeno de desestruturação da sociedade. Resolveu, legitimamente, que não tem de falar de si como pretendem provocatoriamente os alunos.  Os professores não estão na escola para falar de si”, mas para formar cidadãos republicanos, laicos, respeitadores  da Diversidade  e do seu semelhante, por isso solidarizo-me  com este docente que se vê perseguido desta forma insidiosa no seu local de trabalho, como está a ser habito agora. Veja-se o caso da professora de Mirandela.

Os alunos mataram o professor de Música. Coitadinhos dos alunos

As declarações do Director-Regional da Educação de Lisboa à saída da Escola de Fitares são o retrato ideal das razões do estado actual da educação em Portugal: o professor era frágil emocionalmente, tinha problemas, mas os alunos, que até são bons alunos, têm de ser protegidos, coitadinhos, que é para não se sentirem culpados. De resto, já estão psicólogos a tratar do assunto. Quanto ao professor, parece que no seu estado actual não precisará muito de psicólogos.
Deu nisto a política educativa de Maria de Lurdes Rodrigues, que neste momento tem as mãos sujas de sangue. Não devia conseguir dormir de noite até ao fim dos seus dias. Um conjunto de medidas e de discursos, ao longo dos anos, que só tiveram como objectivo denegrir a classe dos professores junto da opinião pública e retirar-lhe prestígio e credibilidade.
As alterações ao Estatuto do Aluno, conjugadas com o novo regime de Gestão Escolar, fizeram o resto. Hoje em dia, a escola não tem poder para castigar de imediato um aluno indisciplinado, quando antes, de acordo com o Estatuto promulgado pelo ministro David Justino, o Presidente do Conselho Executivo podia suspender imediatamente um aluno até 5 dias. Hoje em dia, o Conselho de Turma pode nem sequer ser ouvido.
Para além disso, o Director da escola está hoje nas mãos dos Encarregados de Educação, que estão sempre em maioria no Conselho Geral, mesmo que não o estejam em teoria. A qualquer momento, os Encarregados de Educação podem dar cabo da vida de um Director e é por isso que mandam nas escolas. E como a maior parte dos nossos Directores não tem a fibra suficiente para pôr os pais no seu devido lugar, recebe 1, 2, 3, 7 queixas de um professor e acaba sempre por dar razão aos alunos. Ou não faz nada, o que vai dar ao mesmo.
Sei do que estou a falar.
«É da idade», dizia um dos alunos do 9.º B com mais participações disciplinares. Aos meus meninos de 9.º ano, eu explico-lhes gentilmente, logo na primeira aula, o que acontece a quem tem problemas de comportamento provocados pela idade. O professor de Música não foi capaz disso? Não é justificação para que pareça ser o culpado por ter morrido.
Não, não foi ele o culpado, mas sim um bando de 25 energúmenos que, por não terem recebido em casa a educação suficiente, cresceram com um sentimento de impunidade e de irresponsibilidade. E aí, a culpa já não é deles.