Conversas Vadias 39

Vadiaram, nesta trigésima nona edição, os aventadores Ana Reis, Orlando Sousa, Fernando Moreira de Sá, Francisco Miguel Valada, António Fernando Nabais, António de Almeida, Carlos Araújo Alves, José Mário Teixeira, e João Mendes. Vadiagem por vadiagem, fomos até ao Douro, com paragens na CCDRN do Norte, nas intervenções do debate televisivo recente, das dificuldades que implicam viver no Douro, o Douro, “história líquida”. Do Douro, fomos à África do Sul, a propósito de Rendeiro e da Justiça que funciona… mal. Depois, o Algarve, onde está, em prisão domiciliária, Manuel Pinho. Ainda a propósito de tribunais, fez-se referência à questão dos tradutores. Dos tradutores, e a propósito de portugueses que não percebem brasileiros, abordaram-se preconceitos que talvez não o sejam.

Sugestões também não faltaram. [Read more…]

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 39
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Como tramar hipócritas, homofóbicos e palermas, por Adolfo Mesquita Nunes

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Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens@JN

À parte do mau estar que a revelação causou entre a ala salazarista e ultraconservadora do CDS-PP, para não falar nos seus aliados naturais como a Igreja Católica ou a Opus Dei, a saída do armário de Adolfo Mesquita Nunes, um dos mais promissores e competentes quadros dos democratas-cristãos, deixou uma série de conhecidos hipócritas, homofóbicos e palermas muito atrapalhados. E isso é sempre bonito de se ver.

Quem se lembra da entrevista da secretária de Estado Graça Fonseca, que em Agosto passado assumiu a sua homossexualidade numa entrevista ao Diário de Notícias? Lembram-se das reacções reaccionárias dos paladinos da moral, dos bons costumes e do conservadorismo labrego? Não? Pesquisem no Google, visitem os blogues e os pseudo-jornais da nossa alt-right ou procurem na sarjeta do neofascismo lusitano e rapidamente encontrarão a resposta. [Read more…]

O mundo segundo Trump

Um atlas para estúpidos.

Medo, preconceito, superstição e fantasia

com a chancela do Abominável César das Neves. Vale sempre a pena ver até onde pode ir uma mente retorcida. Nem o Natal lhe escapa…

A homofobia saloia no IPST

IPST

Segundo o presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), o sexo entre homossexuais implica um risco maior do que o sexo heterossexual em que uma das partes é portadora do vírus HIV, no que a elegibilidade para dar sangue diz respeito. Por esse motivo, homens que têm sexo com outros homens estão excluídos para sempre de participar em dádivas de sangue ao passo que qualquer pessoa que tenha sexo heterossexual com portadores do HIV fica apenas suspenso por um período de 6 meses.

Causa-me estranheza que o critério deste indivíduo assente numa espécie de inevitabilidade do sexo homossexual entre homens ser condição para a existência de DST’s. Que todos os homossexuais trocam de parceiro como quem troca de meias. Que ter comportamentos de risco é inerente à sua condição. E que o preconceito de Hélder Trindade seja tão fanático que lhe permita ignorar o incentivo à manipulação dos questionários de potenciais dadores que representa e que lhe permita vender aos portugueses que o sangue de um homossexual é mais perigoso do que o de um portador do HIV. Prémio Richard Cohen para Hélder Trindade já!

Os pobres

São assim.

Vexame na Eros Porto

Fui, esta tarde, com uma amiga à Eros Porto. Chegadas à bilheteira, pedimos dois bilhetes de casal.

Quem estava a atender, um senhor que falava Espanhol e não Português, sujeitou-nos, logo ali, a diferentes perguntas, todas elas muito invasivas da nossa privacidade. «Viveis na mesma morada?, Sois casadas?, Sois lésbicas? Eu tenho que saber para poder vender o bilhete de casal. Dás-lhe um beijo?»  [Read more…]

Ide todos acordar com uma pérola no cu

evaristo

A não-questão de um fiscal das finanças poder interpelar um cidadão à porta das lojas (o medo, formatado já em paranóia,  anda de tal forma espalhado na sociedade portuguesa que alguns levaram a sério algo que só poderia  convidar o comum cidadão a chamar de imediato a polícia), levantou um problema linguístico que sendo clássico merece tratamento sem pinças, nem pintelhices.

Perante um “tomar no cu” vindo do Francisco José Viegas, porque foi secretário de estado, algumas almas, tão puras  putas como os seus privados vícios, insurgiram-se com o cu. Destaca-se o Público, que eu por vezes penso ser um jornal a sério, mas a coisa espalhou-se.

É o português educadinho, das aparências, gravata, salamaleque e muita irritação contra o malcriado dos palavrões. Sim. ele há palavras, palavrinhas e palavrões, para os mesmos mentecaptos que  distinguem calão de gíria e pensam ser a língua sua propriedade erudita, grávida de normas, padrões, etimologias e outros absurdos que um mínimo de História da Língua arrasa em instantes, eles que ainda falariam latim com um pouco de grego à mistura não fosse o português propriedade colectiva e a lei do menor esforço o primeiro artigo da sua constituição.

Parentes de direita dos que à esquerda não gostaram de um “escurinho” na boca de Arménio Carlos, trata-se basicamente de caralhetes que confundem significado com aparência, elegância com o linguajar abichanado da burguesia, língua portuguesa com preconceitos sociais de classe. Sim de classe, que elas existem, destilam ideologia e lutam entre si, discretamente num enrabanço não desejado por quem o toma, apanha ou mesmo leva, no cu e na vida (aqui entraria na pseudo existência de brasileirismos onde há uma única língua transoceânica, mas essa variante nacionalista do mesmo fascismo e seus anti-acordismos xenófobos e  primários fica para outra ocasião, que infelizmente há muitas). [Read more…]

História à moda de Hollywood.

“Na última semana beatificámos um Papa,
casámos um príncipe,
fizemos uma cruzada e matámos um mouro.
Bem vindos à Idade Média.”

Chegou-me esta “pérola” de humor cínico, via um fórum de discussão de História (!), concebida, certamente, pelo mesmo género de pessoa que me me enche a caixa de correio electrónico de power-points musicais com aforismos sobre a arte de viver.

O melhor sentido de humor é o que demonstra mais inteligência. Por isso pouca gente gostará de Monty Python e a maioria prefira a vulgaridade de um Fernando Rocha. E no que toca a História, em que todos têm opinião, sempre é preferível o chavão à verdade, um José Hermano Saraiva a um José Mattoso. Aquela arenga sobre um Papa, um príncipe, a Cruzada e o mouro é uma sucessão de preconceitos ideológicos. O pior deles, que a Idade Média é a época das trevas, do atraso social e mental. O que dirão, disto, os meus amigos medievalistas?

Basta olhar para o século XX, para perceber que a Idade Média, com os seus papas prepotentes, os seus monarcas autoritários e as Cruzadas empalidecem perante os actos de Hitler, de Estaline ou do Império Britânico e que a História não se divide em períodos nem em indivíduos bons e maus. Isso é para Hollywood. A principal função da História é pedagógica. Se isso não está a funcionar, como se depreende pelo anónimo discurso citado, então talvez devêssemos ter mais historiadores e menos engenheiros. Porque de mentirosos está o mundo cheio.

Escola de Fitares continua a discriminar. Não inclui, não educa para a Diversidade

Na Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos de Fitares, a homofobia e  bullling prosseguem, mesmo depois da morte do professor de música Luis do Carmo.
Desta vez , é  um docente da área das Expressões a queixar-se-nos de ser vítima de assédio moral  e  de bullying, pelo que está de baixa psicologica e já pediu mudança de turmas ou de escola, pois deseja trabalhar. Já apresentou queixa ao Provedor do Cidadão.
O clima de hostilidade a que o professor vem sendo sujeito de forma crescente  por parte de alunos contará com a aparente cumplicidade de alguns  pares, mas sobretudo  da Direcção, sob a forma de silêncio e desinteresse  em tomar medidas correctas .
Os alunos agressores recorrem  ao recurso a insultos em crioulo nos corredores, a que se somam insinuações na própria aula e mesmo comentários anónimos, escritos.
Tudo isto decorre no rescaldo das denúncias que levaram à notícia do suicídio de Luís do Carmo, que desagradou à direcção.
A discriminação que atinge o professor  é sintoma revelador de preconceitos sociais que reinam ainda no meio escolar sem haver tentativa de os extirpar. A vítima tem sempre, nestes casos, dificuldade em provar objectivamente que a sua honra e dignidade foram violentadas.
O desgaste psicológico gera  um terreno assaz fértil para que se instale o próprio processo homofóbico.
O professor declarou-nos: “A escola  homofóbica é causa e consequência do fenómeno de desestruturação da sociedade. Resolveu, legitimamente, que não tem de falar de si como pretendem provocatoriamente os alunos.  Os professores não estão na escola para falar de si”, mas para formar cidadãos republicanos, laicos, respeitadores  da Diversidade  e do seu semelhante, por isso solidarizo-me  com este docente que se vê perseguido desta forma insidiosa no seu local de trabalho, como está a ser habito agora. Veja-se o caso da professora de Mirandela.

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