Não ser social-democrata, mas ser o Partido Social-Democrata

Em 1989, o realizador João César Monteiro lança “Recordações da Casa Amarela”, o primeiro filme de uma trilogia, em que o autor interpreta um seu alter-ego. Hoje, Rui Rio exaltou em mim, a propósito do debate com Catarina Martins, várias recordações da casa laranja. Lembrou-me, também, de que demagogia é feito o PSD: um partido chamado “social-democrata” sem um único social-democrata nas suas fileiras.

Recordemos um outro alter-ego.

 

Conversas vadias 19

Especialidades do dia: Campeonato Europeu de Futebol, eliminação de Portugal, o presidente-da-república-comentador-de-futebol, Fernando Santos, adultério, ministro da saúde inglês, cinema, Mel Brooks, gases intestinais, João César Monteiro, Seinfeld, Larry David, televisão sobre nada, atropelamento, COVID e muito mais. Para sobremesa, sugestões de livros, filmes e vídeos. Calorias em barda.

No final, após as sugestões habituais, um registo muito especial de João César Monteiro a não perder, in memoriam.

Ementa idealizada e concebida pelos chefs Orlando Sousa, António de Almeida, Francisco Miguel Valada, José Mário Teixeira, Carlos Araújo Alves e António Fernando Nabais. Hoje, com a ausência especial do João Mendes e do Fernando Moreira de Sá.

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas vadias 19
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Levante-se o réu

Num bizarro acórdão recente (de 11.10.2017) do Tribunal da Relação do Porto, lavrado por um presumível juiz denominado Neto de Moura, a pena ligeira aplicada num caso grave de violência doméstica foi justificada com um patético conjunto de argumentos, ora bíblicos, ora literalmente lapidares, uns mais trogloditas do que outros, mas todos eles inconcebíveis à luz da civilização e da mais elementar formação cívica.

O caso daria para muitos considerandos sobre o carácter frequentemente insano e disfuncional da justiça portuguesa. Como não tenho tempo, nem as criaturas me merecem tanto latim, lembro apenas que, ao contrário do poder político, do poder militar e até do poder económico, o poder judicial nunca teve o seu 25 de Abril. Os detentores deste (enorme) poder são, ainda assim, equiparados a órgão de soberania – tendo porém um sindicato e direito a fazer greve, outra bizarria do sistema democrático lusitano – embora não sejam eleitos nem escrutinados por ninguém, a não ser por eles próprios. [Read more…]