Pegasus – Espionagem à moda do 007

Aqui por Espanha anda uma valente escandaleira por causa do sistema de espionagem de seu nome “Pegasus”. Resumindo: os telefones de alguns dos dirigentes independentistas da Catalunha, do próprio Pedro Sánchez (Primeiro-ministro de Espanha) e da sua ministra da defesa foram alvo de espionagem, de escutas através deste sistema Pegasus. No caso dos independentistas da Catalunha, o “Catalangate”, a coisa alegadamente foi realizada pelos serviços secretos espanhóis. Já no caso dos membros do governo espanhol, alegadamente, a coisa foi feita pelo governo de Marrocos.

Ora, o sistema de espionagem Pegasus foi criado pela empresa israelita NSO Group e pelo que se vai sabendo, vários governos por esse mundo fora chamam-lhe um figo e toca a usar a coisa. Este sistema permite espiar qualquer pessoa desde que esta tenha um telemóvel e esteja o dito ligado ou desligado conseguem ouvir e ver tudo. Neste LINK pode ver o que é, o que faz e, diz o La Vanguardia, até pode qualquer um dos leitores verificar se este software já está instalado no seu telemóvel.

Será que em Portugal já é utilizado? Fica a pergunta…

Se aparecer um catalão desmembrado num saco de plástico, já sabem…

Uma investigação do Citizen Lab, da Universidade de Toronto, garante que pelo menos 65 independentistas catalães foram monitorizados pelo spyware Pegasus, um sistema informático israelita usado para espiar “high profile individuals”, que saltou para a ribalta por ter sido usado por Mohammed Bin Salman para vigiar e controlar todos os passos do jornalista Jamal Khashoggi, até ao brutal assassinato ordenado pelo príncipe-carniceiro de Riade, nosso estimado parceiro e destacado fornecedor de petróleo.

O software israelita tem sido um forte aliado de vários autocratas, da Arábia Saudita ao Qatar, passando pelos Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão, existindo fortes suspeitas da sua utilização por governos europeus, como o polaco, com o mesmo propósito das monarquias absolutas do Golfo: monitorizar, perseguir e intimidar opositores políticos.

A utilização do Pegasus, contudo, parece não ser um exclusivo de monarcas totalitários e autocratas de extrema-direita. Em Espanha, onde o governo em funções é de esquerda, o software está a ser usado para espiar independentistas catalães. Quando chegamos ao patamar em que uma democracia consolidada recorre a ferramentas de espionagem dignas de um Vladimir Putin – que também o deve estar a usar – percebemos o grau de perigosidade dos tempos que vivemos.