Pegasus – Espionagem à moda do 007

Aqui por Espanha anda uma valente escandaleira por causa do sistema de espionagem de seu nome “Pegasus”. Resumindo: os telefones de alguns dos dirigentes independentistas da Catalunha, do próprio Pedro Sánchez (Primeiro-ministro de Espanha) e da sua ministra da defesa foram alvo de espionagem, de escutas através deste sistema Pegasus. No caso dos independentistas da Catalunha, o “Catalangate”, a coisa alegadamente foi realizada pelos serviços secretos espanhóis. Já no caso dos membros do governo espanhol, alegadamente, a coisa foi feita pelo governo de Marrocos.

Ora, o sistema de espionagem Pegasus foi criado pela empresa israelita NSO Group e pelo que se vai sabendo, vários governos por esse mundo fora chamam-lhe um figo e toca a usar a coisa. Este sistema permite espiar qualquer pessoa desde que esta tenha um telemóvel e esteja o dito ligado ou desligado conseguem ouvir e ver tudo. Neste LINK pode ver o que é, o que faz e, diz o La Vanguardia, até pode qualquer um dos leitores verificar se este software já está instalado no seu telemóvel.

Será que em Portugal já é utilizado? Fica a pergunta…

PSD, PS e CDS na rota da espionagem russa

Depois do escândalo em Setúbal, que ocupou o espaço mediático e os feeds das redes sociais durante todo o dia de ontem, pouco se falou sobre as exactas mesmas suspeitas em torno das autarquias de Albufeira, Aveiro e Gondomar. O facto de serem governadas por PSD, PSD/CDS e PS, respectivamente, não terá sido motivo de interesse, como se verificou no caso de Setúbal. E isto diz-nos muito sobre a agenda que norteia este debate, que parece ter mais a ver com a necessidade de manter o cerco ao PCP do que com o apuramento daquilo que realmente se passou ou com o perigo que tal representa para os refugiados ucranianos. Business as usual.

Igor Khashin, a ponta de um imenso icebergue de espionagem russa

Ainda não se sabe tudo, mas já se sabe o suficiente para fazer soar todos os alarmes. Aliás, já se sabia há um par de semanas, após uma entrevista de Inna Ohnivets à CNN, que passou algo despercebida: Igor Khashin, o homem do momento, ainda que pelas piores razões, controla a associação EDINSTVO, que está a participar no acolhimento de refugiados ucranianos em Portugal, apesar de ligação directa ao Kremlin, através da embaixada russa em Lisboa.

A serem verdadeiras, as alegações do Expresso – que, até ao momento, não foram desmentidas – Khashin e a esposa, Yulia Khashina, estão a receber famílias ucranianas que pretendem refugiar-se em Portugal, no gabinete da Linha Municipal de Apoio aos Refugiados, pertencente à CM de Setúbal. Acontece que Igor não é funcionário da autarquia, pelo que não se compreende a sua presença no local.

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Se aparecer um catalão desmembrado num saco de plástico, já sabem…

Uma investigação do Citizen Lab, da Universidade de Toronto, garante que pelo menos 65 independentistas catalães foram monitorizados pelo spyware Pegasus, um sistema informático israelita usado para espiar “high profile individuals”, que saltou para a ribalta por ter sido usado por Mohammed Bin Salman para vigiar e controlar todos os passos do jornalista Jamal Khashoggi, até ao brutal assassinato ordenado pelo príncipe-carniceiro de Riade, nosso estimado parceiro e destacado fornecedor de petróleo.

O software israelita tem sido um forte aliado de vários autocratas, da Arábia Saudita ao Qatar, passando pelos Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão, existindo fortes suspeitas da sua utilização por governos europeus, como o polaco, com o mesmo propósito das monarquias absolutas do Golfo: monitorizar, perseguir e intimidar opositores políticos.

A utilização do Pegasus, contudo, parece não ser um exclusivo de monarcas totalitários e autocratas de extrema-direita. Em Espanha, onde o governo em funções é de esquerda, o software está a ser usado para espiar independentistas catalães. Quando chegamos ao patamar em que uma democracia consolidada recorre a ferramentas de espionagem dignas de um Vladimir Putin – que também o deve estar a usar – percebemos o grau de perigosidade dos tempos que vivemos.

É oficial: a Huawei já não está a espiar ninguém

Há coisa de um, dois meses, comprei um Huawei. Comprei por ser um bom telemóvel, segundo o meu guru dos telemóveis, que confirmou ser uma excelente opção pela vantajosa relação qualidade-preço.

Dias depois, o lunático que manda nisto tudo decidiu fazer a folha à Huawei. Alegadamente porque a China estava a usar o gigante tecnológico para espiar os EUA e o Ocidente. E se calhar até está, tanto quanto os EUA espiam o mundo inteiro com um vasto leque de tecnologias desenvolvidas para o efeito.

Desculpas para enganar malta que degusta gelados com a testa à parte, era mais que óbvio que o cerco a Huawei foi apenas mais um capítulo de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos, que nos poderá empurrar a todos para um abismo bem mais profundo que o de 2008. Seja pela possibilidade da China inundar os mercados com dívida americana, da qual é o maior credor, seja pelas sanções contraproducentes, que prejudicam a arraia miúda e às quais os senhores do dinheiro continuam e continuarão imunes, seja pelo potencial para escalar militarmente no Pacífico.

Entretanto, o G-20 reuniu-se e Trump andou por lá a roçar-se em alguns dos ditadores mais canalhas que o planeta pariu, como o talhante saudita ou o oligarca-chefe da mother Russia. E no regresso ainda foi apertar a mão ao Kim da Coreia. Mas antes de bater continência ao senhor absoluto de Pyongyang, Trump reuniu-se com Xi Jinping e levantou as sanções à Huawei. Parece que, afinal, já não estão a espiar ninguém. Ainda não é desta que fico sem acesso às aplicações e o Google pode continuar a espiar-me à vontade e a entregar os meus (nossos) dados à espionagem norte-americana. Tudo está bem quando acaba bem.

O homem que nunca existiu

©Marian

Um amigo recebeu, por motivos pessoais que não vou contar, uma pequena parte da biblioteca de um ilustre bibliófilo. “Pequena” tendo em conta o tamanho total, mas, ainda assim, pouco mais de uma centena de livros. Cheguei a conhecer o bibliófilo, ainda que só de vista. Era um professor aposentado, conhecido pelo humor cáustico, pelo apetite voraz e por jamais sair à rua sem um livro na mão. Troquei com ele pouco mais do que uma saudação fugaz, nos restaurantes do bairro, adiando sempre o dia em que me decidisse a meter conversa. Tanto adiei esse dia que o deixei fugir.

Ajudei o meu amigo a organizar a biblioteca e recebi, em troca, alguns exemplares (não vale a pena esconder o meu oportunismo). Entre as páginas dos livros foram aparecendo consultas de mesa de todos os restaurantes da zona, recortes de jornal sobre os mais diversos temas, algum número de telefone rabiscado, apontamentos nas margens, guardanapos com definições de palavras, escritas com uma letra vagarosa e muito desenhada, postais de viagem. Com tudo isto, foi-se definindo o retrato desse homem que mal conhecíamos, como se pudéssemos recriá-lo a partir destes escassos vestígios da sua passagem pelo mundo.

No final, com os livros ordenados e o montinho de papéis pescados entre as páginas pousados sobre a mesa, achei piada à ideia de que o meu amigo e eu tínhamos feito a operação “Carne Picada” ao contrário. Eu explico. [Read more…]

Jogar às cartas com a CIA

A espionagem norte americana achou que valia a pena vasculhar os computadores dos informáticos e, por isso, construiu uma ferramenta de hacking dirigida a um dos editores mais usados por estes profissionais, o Notepad++. Para isso, construiu um pedaço de software, semelhante ao original e que é carregado pelo Notepad++ quando este começa a correr (detalhes).

O que espera a CIA encontrar no computador de um programador? Possivelmente, fotografias de miúdas, ou não fosse essa a forma como o Facebook começou. A parte perturbante em todo este processo é, um dia, estamos a jogar Solitaire e descobrirmos que, afinal, não estamos sozinhos. Your turn, Dude – ouviu-se em timbre metálico no altifalante do computador.

Uma boa notícia contra a devassa da vida privada

Spy-Phone-Tracking

TC chumba possibilidade de secretas acederem a metadados das comunicações.

7 votos contra e 1 a favor não deixam dúvidas quanto ao teor da ilegalidade. Era um vergonhoso diploma que contou com a aprovação do bloco central (PSD, CDS e PS).

O novo regime aprovado há cerca de um mês alargava o poder dos diferentes serviços de informações, através do acesso aos chamados metadados, nomeadamente, informação bancária, fiscal, tráfego e localização de mensagens e chamadas. O acesso previsto na alteração focava-se em situações de suspeita de actos terroristas e criminalidade organizada transnacional.

As intenções são sempre boas. Delas está cheio o inferno.

O PS havia aceite votar a favor da proposta do Governo depois da maioria ter limitado o acesso das secretas aos metadados a situações suspeitas de terrorismo, tráficos transnacionais e de ameaça à segurança do Estado.

Ou seja, os supostos liberais queriam que o estado tivesse ainda mais poder. Ai Frei Tomás, Frei Tomás, tantos seguidores reuniste. Se tivesses Facebook na altura, eras um sucesso de partilhas.

Espiando os espiões

Serviços secretos americanos e britânicos espiaram discussões de responsáveis alemães sobre a crise grega. Fonte: Wikileaks.

O princípio do fim da privacidade dos portugueses

Privacidade

Quando valores mais altos se levantam, o bloco central diz presente e coloca de lado as suas diferenças de fachada, à semelhança daquilo que aconteceu há uns meses quando se juntaram para tentar controlar o trabalho da comunicação social durante as campanhas eleitorais através de uma espécie de visto prévio estilo lápis azul. Como se o “ascendente” que têm sobre a imprensa não fosse já suficiente.

Foi ontem levada ao Parlamento uma proposta da maioria para reforçar o poder das secretas portuguesas cuja aprovação, segundo me foi possível apurar (não encontro informação que me esclareça para além da notícia do Expresso Diário de Terça-feira), terá contado com o apoio do PS. A proposta permitirá, entre outras coisas, que os espiões acedam às listas de chamadas de qualquer cidadão (Jorge Silva Carvalho, antigo chefe do SIED que trabalhou para a Ongoing mas que afirma nunca ter disponibilizado informações à empresa, começará a ser julgado dentro de dois meses por aceder ilegalmente à lista de chamadas do jornalista Nuno Simas), dados de comunicações online, informação bancária e dados fiscais, bastando para isso uma aprovação de uma comissão composta por três magistrados do Supremo Tribunal de Justiça. Contudo, a proposta do bloco central é vaga sobre os critérios subjacentes à tal aprovação, não implicando sequer a existência de indícios fortes do investigado ter cometido qualquer crime.

Sobre o último ponto, a Comissão Nacional de Protecção de Dados emitiu um parecer que critica violentamente a proposta, afirmando que representa “uma agressão grosseira aos direitos à privacidade e à protecção de dados pessoais e, em consequência, ao direito à liberdade“. Um Patriot Act ao virar da esquina. Sejam bem-vindos ao princípio do fim da vossa privacidade.

Angela Merkel baralha e torna a dar

Stupid Merkel

Depois do Presidente da República alemão se mostrar favorável à discussão de uma possível indemnização à Grécia, decorrente de reparações pendentes por empréstimos forçados e danos provocados pelo regime nazi, Angela Merkel surpreende ao afirmar:

Não se deve traçar um risco por cima da História. Nós podemos ver isso no debate que existe na Grécia e noutros países europeus. Nós, os alemães, temos a responsabilidade acrescida de estar alerta, sensíveis e conscientes do que fizemos durante a era nazi e dos danos causados a outros países. Tenho uma tremenda simpatia por isso

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Alguém disse Edward Snowden?

Novo escândalo de espionagem e pirataria ao bom velho estilo da NSA in association with GCHQ.

Info

O governo americano elogiou a prontidão, quantidade e qualidade dos dados e informações com que os fiéis e veneradores governantes portugueses têm prestimosamente obsequiado os serviços secretos dos EUA. É isto. Com este governo, até os elogios metem nojo.

Zita Embaraça PCP

Não percebo os exegetas políticos do PCP. Não seria mais prudente amplificar menos as revelações de Zita Seabra, tendo em conta anos de cavalar sabotagem político-económica em Portugal?! Apesar de ser ainda novo, lembro-me perfeitamente que o PCP desses anos evocados era muitíssimo diferente do actual, na linguagem e nos métodos. Sim, valia tudo. Nesse contexto, onde os sonhos hegemonistas e fidelistas ao vaticano-Kremlin tudo autorizavam, putativas escutas acopladas a aparelhos de ar condicionado seriam até pecados menores.

Adenda: Leio, entretanto, este post no A Terceira Noite, e percebo mais a fundo a fonte de todo este folhetim. Fico, e comigo certamente milhares de consumidores domésticos de informação, à espera que Zita Seabra contradite ou confirme a insinuação abusiva de Mário Crespo. De uma forma ou de outra, dormiremos sempre bem com isto.

O caso Relvas, resumo da matéria dada

O caso Relvas não é um problema de pressão de ministro sobre jornalista: isso é rotina.

O caso Relvas não passa pela correspondência com a maior anedota da espionagem portuguesa, a anedota tem barbas.

O caso Relvas resume-se a isto: na Assembleia da República um ministro, sob juramento, mentiu. Não vou dizer que é original, mas foi o primeiro a ser apanhado.

Secou, escusam de regar. Demora muito a demitir-se?

Fotografia Portocovense

Os bólides Estatais e a espionagem

Acelerar muito acima dos 50 kms/hora a que sou obrigado por causa dos radares, dá-me o direito de perguntar a que título é que os pópós do Estado são de grande cilindrada. Para andarem a 180/kms/h nas autoestradas ? Não é preciso serem carros de 150 000 euros. Acelerarem para não chegarem atrasados à tomada de posse do Governadores Civis? Não faziam lá falta nenhuma, não é razão para descerem a Avenida da Liberdade a 200kms/hora.

 

Não sei se já foram alguma vez a uma destas cerimónias de Estado. Aparecem lá as altas figuras, que aparecem em todas as cerimónias, fazem plateia, cumprimentam-se muito, mostram-se, grandes abraços ou então muito circunspectos, de grande cerimónia.

 

Estive nuns quantos mas nunca percebi bem ao que ía, bem, quando era o ministro ou o secretário de Estado aí, tudo bem, percebia, era como ir acompanhar a nossa equipa de futebol, mas quando aterrava numa cerimónia onde não conhecia ninguem é que cismava, "isto deve ter um objectivo". E tem!

 

Se está o chefe todo o pessoal tem que se perfilar, ai de quem falta, e então é uma correria, as cadeiras da frente, não chegar atrasado para os cumprimentos, não chegar depois do chefe, fazem a festa deitam foguetes, tudo acaba, com os bólides na rua a impressionar que há ali grandes segredos e grandes cabeças.

 

Ora como quem ía a acelerar eram os chefes dos espiões palpita-me que ou havia espionagem, ou está demonstrado que os espiões obedecem ao chefe !

 

E no meio de milhares de carros civis os dois bólides estatais têm que bater um no outro? Ou isto foi uma manobra digna de espiões para impedir que alguem chegasse a tempo de se mostrar?

 

Está bem, está…