O Index e a nova Inquisição

Quem nunca ouviu aquela boa velha linha, que vai mais ou menos assim: “só dás valor às coisas quando já não as tens”? Eu já ouvi, várias vezes, em vários contextos e por vários motivos. A propósito dela, da boa velha linha, há algo que, em certos países, se está a perder. Um algo ao qual talvez não estejamos a dar o devido valor, e que, suspeito, estamos em risco de perder. E não é um algo qualquer. É o jornalismo, um dos pilares que sustenta o edifício das sociedades democráticas. Mais ou menos independente, a morte do jornalismo profissional é uma tragédia para a democracia. E está a acontecer. Aqui e agora, na União Europeia dos direitos humanos e da liberdade de expressão.

O jornalismo pode morrer de muitas maneiras. A mais comum e eficaz é a morte por autoritarismo. Chame-se o que se lhe quiser chamar: autoritarismo, nacionalismo, democracia iliberal ou totalitarismo. Ou o bolsoliberalismo evangélico, subespécie alternativa e ainda pouco estudada, que destrói o jornalismo ao mesmo tempo que cria páginas no Facebook e no Twitter, com pastores evangélicos que pregam o criacionismo e a teologia da prosperidade, através da qual burlam a ignorância e compram bons helicópteros. Com mais ou menos porrada, mais ou menos exploração, vai tudo dar – literalmente – ao mesmo. [Read more…]