Acha que o país está preparado para a mudança?

Mais uma polémica barata, em plena crise económico-financeira cara.

O Governo resolveu criar uma nova  figura no instituto jurídico das Adopções: o Apadrinhamento Civil. Até aqui muito bem, não fora o facto de  se ter escrito que a “candidatura de casais homossexuais de crianças institucionalizadas não é factor de exclusão, mas de ponderação”. Todas as adoções ou apadrinhamentos devem merecer ponderação, mas não em função da Orientação Sexual, senão a Lei corre o risco de ser inconstitucional.
Foi o fim do mundo para os zelosos seguidores das diversas ortodoxias. A Isilda Pegado, conhecida protagonista da Plataforma contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pegou logo na cruz e na espada e recomeçou a sua cruzada eucarística para salvar o mundo da mudança e pôr “Portugal nos eixos” de há 50 anos.
Luís Villas Boas, major de tropa, director de um conhecido asilo de crianças, correu  aflito, aos gritos, desde o  Algarve, porque assim começam-se  a mudar paulatinamente as coisas e lá vai ele perder poder e clientela . É que deste modo os meninos, em vez de  irem para instituições onde não têm família, mas com subsídios vários, muitos estatais, vão parar a casas de padrinhos homossexuais que os podem amar e acarinhar , onde não custam nada ao Estado, o que é, para ele, nitidamente uma “perversão”.  
De resto, ambos têm provas “cientificas” de que só o cheiro da aproximação de homossexuais às crianças é muito perigoso e pode inverter-lhes, totalmente, a personalidade, por ausência  da figura do Pai. Como é que então eles podem ser padrinhos?!!!!
Nos vários países da Europa, exemplo Espanha e EUA, onde  estas adopções são um lugar comum, como se sabe, isso tem-lhes trazido convulsões catastróficas, vulcões a lançarem lava incandescente sobre as cidades, tsunamis a invadirem as costas, tremores de terra terríveis, mudanças climáticas e as famílias a caírem nas ruas aos bocadinhos, desfeitas.
Não falam das mulheres abandonadas pelos maridos, dos divórcios em crescendo, das famílias monoparentais com dificuldades cada vez maiores, das mulheres batidas e espancadas pelos cônjuges, das mães sobrecarregadas com trabalho dos filhos e dos filhos abandonados, mas onde a imagem do Pai, essa sim, é forte e deixa  marca indelével!
A nova legislação tenta ir ao encontro desta nova realidade social, que se agrava em tempo de crise e ajudar a resolver  os problemas destas crianças. Mas as Isildas e os Villas Boas o que querem, o que os preocupa, é que se afastem  as criancinhas dos gays, mesmo que passem por isso fome.
Pelo que  me toca, acho esta lei uma boa ideia. Ir resolvendo os problemas prementes das crianças, com  a permissão dos progenitores, indo preparando as pessoas para a abertura da adopção  aos casais do mesmo sexo.
Este governo  tem sido o que mais tem protegido os direitos dos LGBT.
Agora, abre uma nova via aos gays, mas caiu lhe logo em cima uma tempestade reaccionária.
Até outras ONG’s  desta mesma área parece que ficaram assustadas com a proposta. Sabe-se lá porquê! Por não ser a sua agenda? Por a ideia não ser sua?
Enfim, vivemos num período de grandes fundamentalismos e de tentativas de imposição, por várias bandas de discursos únicos. Mas a vida  real é outra coisa e plasma- se, não de acordo com as nossas teorias, mas de acordo com a realidade do dia-a-dia.
Sem dúvida, este país tem de  mudar, tem de estar aberto à mudança, omeçando pelos discursos dos activistas sociais.
Até quando vamos ouvir sempre a  mesma pergunta: “Acha que o país está preparado?”

Comments

  1. Nightwish says:

    Não o percebo. Então não é muito melhor que as crianças fiquem atoladas na Casa Pia do que serem adoptadas por um par de bichonas?
    Esta gente…

  2. Pois é natural que não perceba.Escrevo para gente com coeficiente de inteligência normal.Por isso não percebe nada do que aqui se escreve.
    Eu,pelo contrario, não preciso de fazer nenhum esforço para o perceber. É tão primário!:)

  3. A. Pedro says:

    António,
    Não sou advogado de defesa do Nightwish (nem faço ideia de quem seja) mas parece-me que ele usou de ironia para o comentário, adivinhando eu que concorda com o post.
    Mas não é isso que motiva o meu comentário: Ontem li algumas posições de candidatos do tea-party americano – e que pelos vistos, estes a que me refiro, gozam de amplo apoio popular nos seus estados – que me deixaram francamente estupefacto. Uma das posições que colhia maior apoio era a proibição de homossexuais e mães-solteiras (curiosamente não vi referência a pais-solteiros) serem professores primários. Tenebroso, sem dúvida.

    PS: Retiro o que disse sobre o primeiro parágrafo. Reparei agora no:)

  4. muito bem.

  5. Nightwish says:

    Então você acha que tem alguma lógica aquilo que eu disse anteriormente?

    Com tanta família “normal” disfuncional que há por aí, parece-me que o facto de serem ou não homosexuais é o que menos interessa. E antes isso que fiquem desterrados numa instituição qualquer que não quer e/ou não pode fazer muito.

  6. Ricardo Santos Pinto says:

    Como já terás percebido, António, o Nightwish estava a ironizar. Quanto à minha opinião, como já te disse noutro sítio, parece-me que estamos em presença de uma discriminação intolerável. Então será factor de ponderação só se for um casal de homossexuais? Se forem heterossexuais, a lei já não fala em ponderações?

  7. Nightwish says:

    Aliás, a seguir aos políticos corruptos (quase todos), as isildas são as pessoas que mais detesto no mundo.

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