- o nosso docente e colega Maori, Sir Raymond Firth, ainda a dar aulas aos seus 90 anos
Pretendíamos comemorar os seus 101, como fizemos com o seu pai, o Maori Wesley Firth, que faleceu aos 104 anos de idade…, mas deixou-nos um mês antes. Comemoramos com um serviço em memória dele.
Retirado do meu livro O grupo doméstico ou a construção conjuntural da reprodução social, 2009, editado por http://repositorio.iscte.pt/ e em http://www.rcaap.pt
Sir Raymond Firth, Primitive Economics of the New Zealand Maori. Routledge and Kegan Paul: Londres, (1939) 1965. Sir William Raymond Firth, CNZM, FBA, (Auckland, 25 de Março de 1901 – Londres, 22 de Fevereiro de 2002) foi um etnólogo da Nova Zelândia. O texto, a sua tese de doutoramento, pode ser lida em língua inglesa, aqui.
Pode ser estranho para quem leia estas páginas, que apareça tanto a religião como confissão e como e como acção. É justamente o que acontece com Raymond Firth, o primeiro discípulo de Malinowski, quem o sobrevivera largamente, com quem tive o prazer de privar. Descendente dos Maori, Sir Raymond Firth, como é anunciado no texto central e na análise feita sobre os Maori em nota anterior, explica a estrutura e organização de este grupo social, estudando as suas formas de parentesco. Todos os autores analisados até esta linha orientam a sua análise por meio do tecido do grupo social familiar e as suas deslocações entre geográficas traçadas por um plano de família. Se alguém merece estar no meio da análise da construção conjuntural do Grupo doméstico, é Raymond Firth. Reitero uma pequena nota de apresentação: Sir Raymond William Firth (Auckland, 25 de Março de 1901 — Londres, 22 de Fevereiro de 2002) foi um etnólogo neozelandês. Um etnólogo que não soube esperar. Íamos comemorar os seus 101 anos – o seu pai tinha atingido, como bom Zelandês, os 104, e um mês antes das festividades para comemorar as suas formas de reproduzir saber, nos deixara. Dizem por ai que a vida é assim… A sua análise era sobre a economia, por se ter graduado em Ciências Económicas na Universidade de Auckland em 1921, e aprofundou os seus estudos durante o ano de 1922, ao cursar um Mestrado em Economia e um Diploma em Ciências Sociais em 1923. Queria aprofundar os seus estudos em Economia, mas, ao se transferir a Universidade de Londres, conhece a Malinowski quem o orienta para combinar a sua pesquisa económica com trabalho de campo no Pacífico. Sítio conhecido para Firth, esta relação com Malinowski resulta num doutoramento sobre a etnia Maori da Nova Zelanda.
Não é estranho que apenas investigue a família, propriedade, acasalamentos e educação, sem analisar para nada a religião Maori, por ser um confesso ateu. Apesar de ser os neozelandeses serem de religião cristã pela actividade das missões entre os Grupos Maori, Firth ignora esse dado e fala, antes, de reciprocidade e de colaboração solidária entre os membros dos clãs Maori. Os Maori tinham as suas próprias divindades para diversas actividades. De facto, os Maori tinham a sua própria divindade, eles mesmos. Sabiam distinguir entre seres humanos e espíritos, que era o que mais temiam. É o motivo para não ter divindades, mas sim, símbolos, diz Firth No entanto, Povoada por deuses e semideuses, a religião maori inspira muitos dos contos e lendas desse povo de guerreiros e pescadores que, durante séculos, viveu em harmonia com a natureza.
O património cultural dos Maori abrange muitas narrativas fantasiosas, transmitidas de geração em geração, normalmente através da oralidade, sobre eventos que mesclam acontecimentos da vida quotidiana com a tradição e com uma extraordinária carga de inventividade. Os contos, dotados de grande originalidade, permitem ao leitor que conheça o universo mítico maori, além dos aspectos fundamentais da sua cultura. Um dos últimos povos do planeta a entrar em contacto com a civilização ocidental, os Maori souberam, em especial no século XX, preservar sua cultura da destruição, ensinando às novas gerações a língua maori – que pertence ao grupo austronésio, do qual também fazem parte as sociedades havaianas e de Samoa. Os contos e lendas dos diversos povos instalados ao redor do planeta possibilitam compreender aspectos específicos das culturas, tais como a organização da vida quotidiana, os sistemas de crenças e ritos que acompanham momentos da vida de uma comunidade. O conhecimento dos relatos maoris permite ao leitor diversificar e enriquecer seu olhar, aprendendo a valorizar a riqueza e a alteridade das diferentes sociedades. Por outras palavras representações da realidade humana, como são explicadas na nota sobre o povo Maori.
Por outras palavras representações da realidade humana, como são explicadas na nota sobre o povo Maori.
Te Puni, um chefe maori do século XIX
Os espíritos não tinham nome. O mais usado como ritual no povo Maori é uma tatuagem muito impressionante que é a facial: a tatuagem moko. Para muitas culturas a mão, o rosto e o pescoço estão fora da pintura corporal. Para os maoris, o homem cobre todo o rosto quanto mais nobre ele é. A tatuagem tinha uma coisa distintiva de status dentro da tribo, ou do clã. A posição social é dada pela tatuagem também. Quando eles entravam em guerra, cortavam a cabeça do inimigo e colocavam-na em urnas sagradas. No século 19, as cabeças tatuadas dos guerreiros maoris se tornaram objectos cobiçados por coleccionadores europeus. Começou, então, o tráfico dessas cabeças, os próprios maoris passaram as trocar por armas de fogo. Era uma história assustadora e triste, pois eles tatuavam para matar e vender.
O que interessa para a reprodução, é saber as formas de trabalho. Narrada antes, apenas acrescento que a divisão do trabalho é por sexo. Todo o que diz respeito a plantações hortícolas, é trabalho de homem, tal como o é construir casa, fabricar canoas, instrumentos de trabalho, instrumentos musicais, preservar cabeças humanas. É sabido que os Maori são um povo canibal, como diz a página 134 do livro que me orienta: Primitive Economics of the New Zealand Maori, George Routledge & Sons. Ltd, Londres, 1929,1ª Edição, que pode ser lida na entrada internet citada ao começo deste parágrafo. Costumam preservar com óleo as cabeças dos seus inimigos. Toca as mulheres cuidar a casa, o preparar as comidas, os trabalhos no mar, como retirar algas e pescar. Como foi relatado antes, os fundamentos das famílias é exogámico: a mulher contratada, que deve pertencer a outro clã, sai das suas terras, onde mai tarde irão trabalhar os seus filhos que casam com as suas primas. A mulher não perde a herança por sair do seu Hapu, mas a recupera por meio do acasalamento da descendência. Narrado antes, narrado fica. Comentários em: http://en.wikipedia.org/wiki/Raymond_Firth , com referências em todas as entradas Internet da página web:
As ideias sobre reprodução social dos grupos domésticos, foram-se acrescentando com o tempo. Um dos campeões do desenvolvimento humano e a reprodução, era o Professor do meu orientador e chefe, o Catedrático (Professor), Sir Jack Goody, também o meu docente, esse o meu antigo amigo, Meyer Fortes, que já não esta connosco e que soube juntar duas ideias para entender o Catedrático, Jack Goody. O factor tempo não tinha sido introduzido na análise do desenvolvimento de uma etnia da antiga Costa de Ouro, hoje Ghana, que estudava com o seu discípulo, o meu antigo seres humanos indivíduos, apenas nos grupos sociais. São as palavras com que começa o texto que cito. Avalia o trabalho de Radcliffe-Brown, em honra de quem tinha sido escrito o livro. O primeiro que comenta é que o Professor louvado, não tinha reparado que o tempo corre não apenas para uma etnia, mas também dentro do grupo doméstico. O grupo não é apenas uma estrutura que existe na realidade concreta ou conjunto de relações domésticas, em um momento dado de um tempo e as formas gerais ou normativas ou estruturadas e abstraídas de um momento determinado do tempo. O que Meyer Fortes acrescenta é que é correcto dizer que a estrutura das relações parentais se mantêm ao longo do tempo, mas que, e é o seu acréscimo, dentro de essa estrutura não apenas variam os seres humanos como as suas formas de comportar-se para cada um deles. Durante um momento da sua vida, um ser humano é descendente, para, mais tarde, passar a ser ascendente, como Meyer diz nas páginas 1 a 67 do livro citado. A reprodução social é uma dinâmica ao longo da história, especialmente entre povos como os Ashante, que ele estudara, de descendência unilinear. Na página 33, diz que há nomes diferentes para os sítios que ocupa cada indivíduo no seu desenvolvimento através do tempo. Pode existir para a mesma pessoa o nome de criança, irmão/irmã, tio/tia e outros, até se atingir o grau de avó na estrutura social. Ideias que definimos ao longo do tempo da vida de um indivíduo, enquanto a estrutura se mantêm igual.
pai e fundador da antropologia? a pera lá vai!!