António Ramos Rosa 1924/2013

Morreu um poeta. Chamado Rosa, Ramos Rosa. António.

 

Viste o cavalo varado a uma varanda?

 

Viste o cavalo varado a uma varanda?

Era verde, azul e negro e sobretudo negro.

Sem assombro, vivo da cor, arco-íris quase.

E o aroma do estábulo penetrando a noite.

Do outro lado da margem ascendia outro astro

como uma lua nua ou como um sol suave

e o cavalo varado abria a noite inteira

ao aroma de Junho, aos cravos e aos dentes.

Uma língua de sabor para ficar na sombra

de todo um verão feliz e de uma sombra de água.

Viste o cavalo varado e toda a noite ouviste

o tambor do silêncio marcar a tua força

e tudo em ti jazia na noite do cavalo.

Comments

  1. A poesia que é poesia nunca morre seja quem for que a tenha desvelado

Trackbacks

  1. […] A. Pedro Correia já deu a notícia aqui, mas quando morre um poeta, é preciso escrever em toda a parte e infinitamente que a poesia não […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading