Há pouco tempo, três funcionários da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim encontraram um envelope com 4407 euros e devolveram-no. O gesto dos três profissionais tem sido amplamente louvado.
Há quem diga que quem faz a sua obrigação não merece ser elogiado, mas a verdade é que vivemos num país em que há demasiadas pessoas que prosperam por não cumprir os seus deveres.
Cavaco Silva recebeu os três lixeiros em Belém e aplaudiu a sua conduta, lembrando que o dinheiro encontrado corresponde a quase dez salários de cada um dos funcionários municipais.
Provavelmente, a situação dos homenageados poderá ter feito com que Cavaco relembrasse a sua periclitante situação financeira de aposentado sem posses para fazer face às suas despesas.
Para além disso, talvez Cavaco tenha experimentado um sentimento que mistura inveja e admiração, algo que todos sentimos diante de proezas que seríamos incapazes de realizar. A verdade é que o ainda Presidente da República, mesmo podendo fazê-lo, não contribui para a devolução do dinheiro que muitos trabalhadores têm perdido, num período que, curiosamente, teve início desde que chegou a Belém.
É claro que Cavaco não está sozinho, já que Passos Coelho não lhe fica atrás: na realidade, mal chegou ao governo, pegou nos envelopes que continham ordenados, retirou dinheiro em que tinha prometido não mexer e tem estado a entregá-lo aos seus donos. Seus, dele, Passos.
Em resumo, Cavaco e Passos não reúnem condições para trabalhar na recolha do lixo da Póvoa de Varzim. Percebe-se porquê: os governantes são políticos; os lixeiros da Póvoa sabem o que o dinheiro custa a ganhar.
Comentários Recentes